sexta-feira, 2 de outubro de 2020

TEXTOS PUBLICADOS NO FACEBOOK EM MAIO

 



PARA MEMÓRIA FUTURA   



A HERDADE

A Herdade, filme de Tiago Guedes, que tão badalado foi desde que iniciou a sua apresentação, seja em festivais, seja nos circuitos comerciais de distribuição, decepcionou-me, com muita pena minha. Creio que é a primeira vez que me atrevo a fazer publicamente um comentário sobre um filme. E para que não haja mal entendidos quero que desde já fique claro que isto não é nem poderia ser uma crítica cinematográfica. Falta-me a competência para tanto. Não obstante, é necessário começar por dizer que acho a fotografia excelente, acho a interpretação da maior parte dos actores muitíssimo boa como muitíssimo boa é a sua direcção. Não é nada disso nem outras questões de natureza técnica o que está em causa na minha apreciação.

O que está em causa é a frustração que não pode deixar de sentir-se durante a exibição do terceiro e quarto episódios (o filme foi apresentado em episódios na RTP) à medida que nos vamos apercebendo que entre a primeira parte do filme (primeiro e segundo episódios) e a segunda não há a continuidade que se esperava e que a primeira parte amplamente justificava, qualquer que ela fosse na visão do realizador. O que não faz, a meu ver, sentido é transformar a segunda parte do filme no desenvolvimento praticamente exclusivo de algo episodicamente aflorado no seu começo.

Se o realizador tinha em vista, como parece que teve, dar uma ideia da história recente de Portugal (entre 1946 e 1991 ou eventualmente até aos nossos dias), seguindo as vicissitudes de uma família, latifundiária alentejana, com as suas específicas características não necessariamente generalizáveis, deveria na segunda parte fazer idêntico enquadramento da realidade política e socioeconómica que contextualiza a vida das pessoas, sem deixar de ter em conta o facto que infelizmente, bastante a despropósito, acaba por dominar toda a segunda parte do filme com completo desprezo pelos tais factores contextualizantes fundamentais à compreensão da vida das pessoas e à sorte dos seus empreendimentos.

Na primeira parte, o realizador dá-nos uma imagem de um latifundiário muito peculiar, marialva mas não desprovido de outros valores, independente, altivo mas com capacidade para compreender outros interesses além dos seus, não obstante desde cedo se ter percebido que a sua herdade (herdada do pai) é uma espécie de território independente, uma “zona franca” como lhe chamam os caudatários do regime, que lhe permite exibir com orgulho a sua independência e altivez perante o próprio regime fascista.

Casado com a filha do director da PIDE, um “filho da puta” como ele lhe chama, vê-se na necessidade de a ele recorrer para conseguir a libertação de um seu trabalhador, mecânico de máquinas agrícolas, filiado no Partido Comunista, tendo para tanto que pagar o tributo que desde há muito lhe vinha sendo exigido pelos altos dignitários do regime – um apoio explícito à guerra colonial, travada, como ele também costumava sublinhar, contra os “independentistas africanos”. Contra os “turras”, corrigem os fascistas.

Não se pense contudo que o João Fernandes – assim se chamava o protagonista – era um militante antifascista ou um simples militante oposicionista. O seu mundo era a sua herdade e a sua política era a sua independência e com uma e outra a possibilidade de emitir as opiniões e levar a cabo as acções que julgava adequadas a cada situação.

Não obstante este enquadramento inicial e o que subsequentemente resulta do 25 de Abril, com tudo o que ele representou para as regiões do país abrangidas pela Reforma Agrária, cujos primeiros embates, tanto quanto se depreende, ele consegue aguentar, com independência mas também com compreensão pelas inevitáveis mudanças, recorrendo ao diálogo e não desprezando o apoio dos seus próprios trabalhadores, num contexto em que a família está sempre presente, como pano de fundo, numa visão mais institucional do que afectiva; porém, na segunda parte, o realizador passa a dedicar a sua quase exclusiva atenção ao incesto que resulta de o filho da mulher do “maioral” se ter apaixonado pela filha do latifundiário, que, afinal, é sua irmã. Embora se saiba praticamente desde o início do filme que é do patrão o filho da empregada da casa – quando a mulher do latifundiário corrige o ministro do interior, referindo-se à criança: “Esse não é meu, é da Rosa” – isso não assume nenhum especial relevo na primeira parte do filme – a mulher sabe, como também sabe que ele andou com a sua irmã, antes do casamento – sendo esse apenas um dos múltiplos factores que caracterizam a personalidade do protagonista, sem contudo o representarem por inteiro.

Na segunda parte, numa cena fugaz percebe-se que a herdade tem os bancos “à perna”, os negócios não correm bem (mas porquê?), o protagonista embora guarde algumas das suas características mais marcantes, vai perdendo o brilho de quem perde o poder e já não depende de si para continuar a ser o que no passado tinha sido, e a “história” do filme passa a ser dominada pelo tal namoro entre os irmãos, cuja parentesco desconhecem, caminhando a decadência da herdade a par e ao lado da dramatização da situação das famílias envolvidas.

Sem herdeiro em quem confie, um filho droga-se, o outro (o da Rosa) abandona a herdade, sem dinheiro para pagar as dívidas, com a mulher desinteressada na continuação do casamento, João Fernandes fica só e vai ter um triste fim.

Numa palavra: falta contexto ao filme ou, como outros dirão: falta-lhe enredo…

20/05/02

A IGREJA

A Igreja que se cale e não se proponha disseminar a peste que foi o que historicamente sempre fez em circunstâncias análogas.

20/05/03

GUINÉ

Faz hoje 46 anos que regressei da Guiné onde cumpri, na Marinha, uma comissão de serviço militar de 24 meses.

O ambiente que encontrei na Guiné foi muito bom. Quer com os guineenses com quem tive a oportunidade de me relacionar, quer com os camaradas militares, principalmente os milicianos, mas também com muitos oficiais do quadro permanente de que fiquei amigo para a vida.

Escusado será dizer que durante aqueles 24 meses a política esteve permanentemente presente. À medida que o tempo passava e a situação militar se agravava, percebia-se que o regime estava num beco sem saída, embora não fosse nada seguro o que poderia vir a seguir. A extrema-direita já tinha dado sinais suficientes de que estava activa. Faltava saber se teria força suficiente para concretizar a ameaça. Rivalizando com esta, projectava-se a sombra de Spínola, nomeadamente depois do seu regresso a Lisboa. E Spínola era para nós uma tentativa de continuar por outras vias o mesmo objectivo

Com o desfecho do 16 de Março reavivaram-se medos antigos e consolidava-se a convicção de que as tentativas de derrube do regime pela via militar estavam condenadas ao fracasso.

Até que, dias depois, chegou a Bissau, vinda do Alfeite, uma fragata (ou corveta...) que trazia a bordo o primeiro-tenente Judas (irmão do José Luis Judas) que nos contou "direitinho" o que tinha acontecido e o que, dentro de pouco tempo, iria acontecer. O que tinha acontecido foi bem explicado e bem compreendido, mas já quanto ao que iria acontecer, a forte convicção do narrador não foi suficiente para nos incutir idêntico optimismo.

Os factos encarregaram-se porém de falar por si...

20/05/04

AINDA SOBRE O 1.º DE MAIO

Tendo em conta as reacções que continuam a vir a público sobre as comemorações do 1.º de Maio, a primeira coisa que ocorre dizer a quem as ouve é a de que não pode deixar de estranhar-se que nem o Presidente da República conheça a lei que promulgou nem o presidente do maior partido da oposição conheça as leis que regem a República, nomeadamente aquelas a que ele e o seu partido deram o seu assentimento ou não manifestaram relativamente a elas qualquer oposição. Evidentemente, que a lei obriga e vincula independentemente do conhecimento que dela se tem, só que não é vulgar que a ignorância da lei seja manifestada por quem interveio directamente no processo legislativo.

Se a Igreja queria gozar de uma excepção semelhante à que foi estabelecida para o 1.º de Maio só teria que fazer chegar essa sua vontade ao Presidente da República ou ao Primeiro Ministro e ela seria certamente atendida. Sem a excepção expressamente consagrada na lei, já seria mais difícil poder beneficiar de um comportamento semelhante ao que foi reconhecido aos manifestantes do 1.º de Maio, porque as normas excepcionais não são susceptíveis de aplicação analógica, contrariamente ao que deu a entender a Ministra da Saúde.

Se a excepção tivesse sido consagrada seria muito interessante tanto para os crentes como até para muitos não crentes assistir pela televisão na imensa esplanada do Santuário de Fátima a uma coreografia semelhante à que a CGTP montou na Alameda, com os altos dignitários da Igreja, à distância social recomendada, nas suas vestes talares, com convidados ilustres também em traje de gala e outros membros menores do clero participarem com pompa e circunstância numa cerimónia religiosa de grande efeito cénico, além, claro, do imposto pela devoção dos participantes.

A Igreja sempre tão atenta à exposição pública da sua fé não terá deixado de comemorar Fátima na modalidade imposta pela pandemia por desleixo ou por outra causa da mesma natureza. Talvez não seja ousado afirmar que nem sequer terá sido pelo trabalho organizativo que semelhante comemoração acarretaria, já que a Igreja é uma das instituições que em Portugal sempre revelou essa capacidade. A verdadeira razão talvez tenha sido outra: uma comemoração nos moldes impostos pela pandemia acarretar-lhe-ia um enorme dispêndio de fundos. Ficava caro e sem retorno. Ora, Fátima não existe para dar prejuízo!

20/05/05

O DIA DA VITÓRIA

Comemorar o 9 de Maio, dia da vitória, com um elogio a Franco não é necessariamente uma aberração, é apenas uma opção política. Mas afirmar que Portugal se manteve neutral na II Guerra Mundial, que a Península ficou à margem da guerra e que Hitler não tomou Gibraltar por Franco, em Hendaye, se ter recusado a entrar na guerra é dar da história uma visão incompleta que corre o risco de a deturpar, por muito que o objectivo seja apoucar Salazar (agora que ele já morreu há 50 anos…).

Vamos aos factos: No outono de 1940 Hitler já sonhava com uma Alemanha vencedora e porventura com um plano de paz que pusesse termo ao conflito no Ocidente europeu susceptível de reflectir a correlação de forças existente no campo militar. Depois de derrotada a França, ocupada a Polónia e dominada a Europa do norte, só faltava a rendição da Inglaterra e a repartição dos seus despojos imperiais pelos vencedores.

Para abreviar o termo do conflito, à Alemanha interessava a entrada da Espanha na guerra e a Espanha também estava interessada em sentar-se à mesa dos vencedores, desde que não tivesse que fazer um grande esforço, dada a penúria em que se encontrava, e pudesse tirar dessa participação uma grande vantagem. Foi assim, neste contexto bélico e de interesses não necessariamente coincidentes, que decorreu o encontro de Hendaye entre Hitler e Franco em finais de Outubro de 1940.

A situação de Espanha era à época deplorável. Completamente exaurida por uma guerra civil de três anos, a Espanha estava faminta, atrasadíssima, com péssimas vias de comunicação e militarmente fraca, apesar da vitória interna alcançada um ano antes.

Franco, como qualquer outro espanhol megalómano (de que Aznar nos tempos modernos é também um bom exemplo, mas não o único), sonhava com uma Espanha imperial. Daí que nas negociações com os alemães, mesmo quando conduzidas do seu lado por confessos simpatizantes nazis, a Espanha pretendesse como contrapartida da sua entrada na guerra, além de comida, combustíveis e fornecimento de material bélico em quantidades absurdas, a transferência dos territórios franceses do norte de África e Gibraltar, claro.

Os alemães jamais cederam a esta pretensão, Hitler inclusive. A justificação era muito óbvia: Hitler não queria hostilizar a França de Vichy, com a qual ainda contava para fazer a guerra à Inglaterra, e, portanto, não se ia comprometer com a entrega de vastos territórios de um potencial aliado, que na estratégia alemã era muito mais importante para o futuro próximo da guerra do que a da depauperada e miserável Espanha. Assim, no Protocolo que reflecte o ponto das conversações de Hendaye, a Alemanha limitou-se a aceitar:

“Além da união de Gibraltar, as potências do Eixo declaram que, em princípio, estão preparadas para dispor, no decurso do acerto geral em África, que se levará a cabo nos tratados de paz após a derrota da Inglaterra, que sejam cedidas a Espanha certas áreas em outras secessões territoriais em África com o mesmo valor. As reclamações a fazer pela Alemanha e a Itália à França não deverão ser afectadas por isso”.

Este compromisso, negociado por Ribbentrop, que a Alemanha aceitou fazer por escrito, não satisfez Franco nem o seu cunhado Serrano Süner, tendo por isso sido apenas assinado pelos embaixadores dos dois países, Monteros e Stohrer. A Espanha sabia que não tinha condições para entrar na guerra, embora quisesse fazer parte dos vencedores. E como a história demonstrou com outros aliados de Hitler, a Alemanha só teria perder, mesmo quando estava a ganhar, com um aliado como a Espanha.

Não obstante, Hitler ficou decepcionadíssimo com Franco e logo percebeu que dali não resultaria nada de útil. Se decidisse tomar Gibraltar teria de fazê-lo pelos seus próprios meios. Talvez por isso Franco tenha encarregado o seu estado-maior de preparar um plano para a invasão de Portugal com vista ao domínio da costa marítima, caso Hitler desencadeasse um ataque destinado a tomar Gibraltar, para obviar a um desembarque inglês nas costas portuguesas.

Como se sabe, nada disso aconteceu. A Alemanha, em fins de 1940, deparou-se com problemas no sudeste da Europa por um dos seus aliados se ter revelado incapaz de alcançar o objectivo a que se tinha prioposto – conquista da Albânia e da Grécia pela Itália. Logo a seguir as coisas também deixaram de correr bem no norte de África e passaram a correr muito pior depois da entrada dos Estados Unidos na Guerra (Dezembro de 1941) e a partir de Junho de 1941 as suas atenções focaram-se fundamentalmente na frente leste, onde apesar das facilidades iniciais, tudo começou a correr muito mal desde fins de 42.

Assim, a questão da Espanha deixou de ser relevante para a Alemanha. Quanto a Portugal, nem a Inglaterra nem a Alemanha estavam interessadas na entrada de Portugal na guerra. E Portugal, mesmo contra vontade própria, só não foi obrigado a entrar, porque quando a Inglaterra e os Estados Unidos fizeram as grandes exigências a Salazar, concedidas depois de um longo e complexo enredo negocial, a Alemanha já não estava em condições de belicamente as poder contrariar.

No governo de Salazar as simpatias dividiam-se entre ambos os contendores, embora numa primeira fase os simpatizantes do Eixo nazi-fascista fossem predominantes. Salazar começa por defender convictamente a neutralidade, mas fica muito abalado com a participação da URSS ao lado da Inglaterra e dos Estados Unidos, a ponto de não se coibir de censurar asperamente essa aliança em vários discursos.

Acabou por tudo lhe correr bem tacticamente. Até essa inusitada aliança, pelos seus efeitos posteriores. A vitória das potências do Eixo não lhe traria, em princípio, problemas de continuidade, embora tivesse de dar outra visibilidade à doutrinação nazi-fascista, o que não era completamente do seu gosto pelas movimentações populares que a transformação da União Nacional num partido de massas necessariamente implicaria. A vitória das forças aliadas, pelo contrário, constituiria do ponto de vista teórico um sério risco à sua continuidade. Quis o destino que a rápida emergência de um clima de Guerra Fria lhe tivesse garantido a continuidade de um lugar que doutro modo estaria em causa.

Salazar teve sorte, mas também teve o mérito de impedir, nomeadamente no seio das forças armadas, a formação de uma força moderada que gozasse da confiança da Inglaterra e dos Estados Unidos capaz de promover as mudanças cosméticas de que o regime necessitava para se legitimar “democraticamente” aos olhos das potências vencedoras.

Por um lado, o facto de a Península ameaçar virar exageradamente à esquerda em caso de deposição dos dois regimes de tipo fascista que nela governavam e, por outro, a agudização cada vez mais intensa da Guerra Fria, salvaram Franco e Salazar. Tiveram sorte tanto um como outro,

Aliás, era com essa mesma Guerra Fria num contexto já internacionalmente diferente com que Salazar contava vinte e tal anos mais tarde para resolver a seu contento as guerras coloniais. Só que ai o seu falhanço foi total e sem salvação possível por incapacidade de compreensão do mundo em que então vivia.

20/05/09

CENTENO E O NOVO BANCO

Nunca vi nem ouvi Centeno a fazer uma afirmação tão categórica sobre a necessidade de um financiamento como fez hoje (ou ontem) a propósito do Novo Banco.

A morte de pessoas às centenas não o impressionou tanto, se é que impressionou. Aliás, em matéria de pandemia, tem estado "desaparecido em combate", mas apareceu para defender a necessidade de financiamento do NB!

20/05/13

TAP - PARA AVIVAR A MINHA MEMÓRIA

Alguém me pode, pf, transcrever uma declaração do Sr. Rio ou do Sr. Moreira contra a privatização da TAP? Já nem peço uma declaração contra o contexto fraudulento e ilegítimo em que ocorreu a privatização decidida por Passos, Maria Luís e Portas, mas apenas contra a privatização “tout court”.

20/05/28

AMEAÇAS, EXTORSÕES, SANÇÕES, AGRESSÕES, MENTIRAS, ABANDONO DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS

São estas algumas das armas usadas por qualquer Estado terrorista. Fazendo da sua força o seu direito e erigindo o seu interesse por mais condenável que ele possa ser em única norma de conduta, a sociedade regride ao estado de natureza donde saiu antes de a racionalidade imposta pela convivência com os outros e com os seus lhe ter ditado um pacto sem a existência do qual nada distinguiria o homem do animal irracional.

20/05/30

1 comentário:

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