RÚSSIA “VETA" ENTRADA DA UCRÂNIA E DA GEÓRGIA NA NATO
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN ou NATO), também chamada Aliança Atlântica, criada em 1949 no contexto da guerra fria para fazer frente ao bloco socialista, que haveria de responder, em 1955, com a criação do Pacto de Varsóvia, passou por um período de grande incerteza e indefinição estratégica depois da desagregação do bloco de leste, em consequência da queda, em finais da década de 80, de vários governos socialistas, do Muro de Berlim, do fim da guerra fria, da extinção do Pacto de Varsóvia em Março de 1991 e, por último, da dissolução da União Soviética, em 26 de Dezembro de 1991.
Algumas das potências integrantes da Aliança Atlântica puseram abertamente em causa a sua continuidade por falta de objecto, mas, depois de um período marcado por algumas hesitações, a NATO, militar e politicamente dominada pelos Estados Unidos, rapidamente se redefiniu e fez aquilo que em linguagem bélica se chama a exploração do sucesso. Vitoriosa na guerra fria, aproveitando-se da fraqueza da Rússia, principal país emergente da desagregação da União Soviética, e do ressentimento dos antigos membros do Pacto de Varsóvia e até de alguns Estados saídos daquela dissolução relativamente aos russos, a Nato marcou como seu objectivo estratégico a expansão a leste, de forma a cercar a Rússia e a retirar-lhe qualquer veleidade de, como grande potência geográfica que era, gozar na proximidade das suas fronteiras ocidentais daquilo a que se chama uma zona de influência.
Com vista ao alargamento, começou por criar, em 1997, o Conselho de Parceria Euro-Atlântico, órgão consultivo que integrava os países da NATO e os países do leste europeu candidatos à integração, e depois, a partir de 1999 (Polónia, República Checa, Hungria) até 2004 (Eslováquia, Roménia e Bulgária) integrou todos os países que, com excepção da URSS, faziam parte do Pacto de Varsóvia e ainda os três Estados Bálticos (Estónia, Letónia e Lituânia) e a Eslovénia, saída da desagregação da Jugoslávia.
Enquanto a Rússia era governada por um Presidente intermitentemente inimputável, sujeita, no plano económico-financeiro, aos ditames do FMI (para quem tiver dúvidas ver “Globalization and its Discontents”, de Joseph Stiglitz, N.Y., 2002), e, no plano político, às conveniências estratégicas de Washington, tudo correu bem e sem grandes sobressaltos, salvo o protesto de um ou outro nacionalista russo mais exaltado.
Parcialmente recuperada, depois das vicissitudes políticas que se seguiram à desagregação da URSS e da crise económico-financeira que àquela se sucedeu, em grande medida propositadamente provocada (diziam os estrategas de Washington: “Nos próximos 50 anos não levantam cabeça”, para quem tiver dúvidas, ver op.cit.), a Rússia vê surgir o “novo Ivan” que, depois de ter posto ordem nos “boiardos”, refunda o Estado e faz o país de novo ter voz no plano internacional. Economicamente favorecida pela crise energética, como grande produtora de gás e de petróleo que é, a Rússia é hoje um dos países emergentes mais pujantes, porque alia o seu novo poderio económico a uma capacidade militar convencional e nuclear de grande potência.
A Nato, porém, prosseguiu a sua escalada, primeiro com a instalação de contingentes militares americanos na Bulgária, depois com o anúncio e preparação da instalação de um escudo antimísseis na Polónia e na República Checa, dominado pelos Estados Unidos, o que levou a Rússia a responder com a ameaça de apontar os mísseis a Ocidente, criando assim um perigoso clima de tensão que já não existia na Europa desde a guerra fria.
A derradeira provocação seria a integração na NATO da Ucrânia e da Geórgia, que, dirigidas por Presidentes abertamente pró-americanos, já enviaram á organização as famosas cartas solicitando a inclusão no MAP, “Plano de Acção para a Integração”, em português. A Rússia reagiu com veemência e fez saber que se a cimeira de Bucareste encarasse a inclusão daqueles países na NATO responderia com represálias. Segundo os porta-vozes diplomáticos da organização, aquelas solicitações não são para considerar “agora”, mas a médio prazo. Ao que se diz, muito por influência da Alemanha e da França, que não pretendem crispar mais do que aquilo que já estão as relações com a Rússia. Já Condolezza Rice, tendo de se conformar com o recuo, diz que: “Não há veto de nenhum país. São os aliados que devem discutir se um país já está preparado”.
A carta da Ucrânia, enviada em Janeiro, foi redigida sem intervenção do Parlamento, no qual a oposição, que faz do assunto um “casus belli”, exige um referendum. Segundo as sondagens, não haverá mais que 25% da população favorável à integração. Já o mesmo se não passará na Geórgia, onde parece existir uma franca maioria favorável à integração. A Geórgia, porém, tem contra a sua pretensão a situação gerada pela crise política de Dezembro, que abalou fortemente a credibilidade democrática de Mikail Saaskashvili.
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN ou NATO), também chamada Aliança Atlântica, criada em 1949 no contexto da guerra fria para fazer frente ao bloco socialista, que haveria de responder, em 1955, com a criação do Pacto de Varsóvia, passou por um período de grande incerteza e indefinição estratégica depois da desagregação do bloco de leste, em consequência da queda, em finais da década de 80, de vários governos socialistas, do Muro de Berlim, do fim da guerra fria, da extinção do Pacto de Varsóvia em Março de 1991 e, por último, da dissolução da União Soviética, em 26 de Dezembro de 1991.
Algumas das potências integrantes da Aliança Atlântica puseram abertamente em causa a sua continuidade por falta de objecto, mas, depois de um período marcado por algumas hesitações, a NATO, militar e politicamente dominada pelos Estados Unidos, rapidamente se redefiniu e fez aquilo que em linguagem bélica se chama a exploração do sucesso. Vitoriosa na guerra fria, aproveitando-se da fraqueza da Rússia, principal país emergente da desagregação da União Soviética, e do ressentimento dos antigos membros do Pacto de Varsóvia e até de alguns Estados saídos daquela dissolução relativamente aos russos, a Nato marcou como seu objectivo estratégico a expansão a leste, de forma a cercar a Rússia e a retirar-lhe qualquer veleidade de, como grande potência geográfica que era, gozar na proximidade das suas fronteiras ocidentais daquilo a que se chama uma zona de influência.
Com vista ao alargamento, começou por criar, em 1997, o Conselho de Parceria Euro-Atlântico, órgão consultivo que integrava os países da NATO e os países do leste europeu candidatos à integração, e depois, a partir de 1999 (Polónia, República Checa, Hungria) até 2004 (Eslováquia, Roménia e Bulgária) integrou todos os países que, com excepção da URSS, faziam parte do Pacto de Varsóvia e ainda os três Estados Bálticos (Estónia, Letónia e Lituânia) e a Eslovénia, saída da desagregação da Jugoslávia.
Enquanto a Rússia era governada por um Presidente intermitentemente inimputável, sujeita, no plano económico-financeiro, aos ditames do FMI (para quem tiver dúvidas ver “Globalization and its Discontents”, de Joseph Stiglitz, N.Y., 2002), e, no plano político, às conveniências estratégicas de Washington, tudo correu bem e sem grandes sobressaltos, salvo o protesto de um ou outro nacionalista russo mais exaltado.
Parcialmente recuperada, depois das vicissitudes políticas que se seguiram à desagregação da URSS e da crise económico-financeira que àquela se sucedeu, em grande medida propositadamente provocada (diziam os estrategas de Washington: “Nos próximos 50 anos não levantam cabeça”, para quem tiver dúvidas, ver op.cit.), a Rússia vê surgir o “novo Ivan” que, depois de ter posto ordem nos “boiardos”, refunda o Estado e faz o país de novo ter voz no plano internacional. Economicamente favorecida pela crise energética, como grande produtora de gás e de petróleo que é, a Rússia é hoje um dos países emergentes mais pujantes, porque alia o seu novo poderio económico a uma capacidade militar convencional e nuclear de grande potência.
A Nato, porém, prosseguiu a sua escalada, primeiro com a instalação de contingentes militares americanos na Bulgária, depois com o anúncio e preparação da instalação de um escudo antimísseis na Polónia e na República Checa, dominado pelos Estados Unidos, o que levou a Rússia a responder com a ameaça de apontar os mísseis a Ocidente, criando assim um perigoso clima de tensão que já não existia na Europa desde a guerra fria.
A derradeira provocação seria a integração na NATO da Ucrânia e da Geórgia, que, dirigidas por Presidentes abertamente pró-americanos, já enviaram á organização as famosas cartas solicitando a inclusão no MAP, “Plano de Acção para a Integração”, em português. A Rússia reagiu com veemência e fez saber que se a cimeira de Bucareste encarasse a inclusão daqueles países na NATO responderia com represálias. Segundo os porta-vozes diplomáticos da organização, aquelas solicitações não são para considerar “agora”, mas a médio prazo. Ao que se diz, muito por influência da Alemanha e da França, que não pretendem crispar mais do que aquilo que já estão as relações com a Rússia. Já Condolezza Rice, tendo de se conformar com o recuo, diz que: “Não há veto de nenhum país. São os aliados que devem discutir se um país já está preparado”.
A carta da Ucrânia, enviada em Janeiro, foi redigida sem intervenção do Parlamento, no qual a oposição, que faz do assunto um “casus belli”, exige um referendum. Segundo as sondagens, não haverá mais que 25% da população favorável à integração. Já o mesmo se não passará na Geórgia, onde parece existir uma franca maioria favorável à integração. A Geórgia, porém, tem contra a sua pretensão a situação gerada pela crise política de Dezembro, que abalou fortemente a credibilidade democrática de Mikail Saaskashvili.
O sistema antimissil na Polónia e Rep. Checa é, como é evidente, por causa dos mísseis do Irão e da Coreia do Norte. Só a Rússia não percebe.
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