quarta-feira, 28 de maio de 2008

FIDEL REAGE AO DISCURSO DE OBAMA NA FLORIDA


AS ELEIÇÕES AMERICANAS VISTAS DE CUBA

Cuba tem estado muito presente nas eleições americanas, principalmente quando os candidatos se deslocam à Florida, estado chave na eleição presidencial.
McCain, das vezes que foi à Florida em campanha eleitoral, reafirmou, perante os cubanos de Miami, aquela que tem sido a política do Partido republicano face a Cuba nos últimos 50 anos. Até, porventura, a excedeu quando deixou no ar a hipótese de levar os irmãos Castro ao banco dos réus!
Do lado do Partido democrático, como se sabe, as primárias da Florida não contam para o resultado final, por a direcção do Partido as ter antecipadamente anulado, em virtude de o comité local ter desrespeitado as datas acordadas para a sua realização. Por essa razão, Obama não fez na campanha na Florida. H. Clinton, quando por lá andou em campanha, abordou, como não poderia deixar de ser, a questão cubana e nada disse de novo relativamente ao que tem sido a política americana em relação à ilha.
Obama, que já se sente designado pelo Partido democrático, foi agora à Florida em campanha eleitoral contra McCain e falou na Fundação Nacional Cubano-Americana, em Miami, perante um auditório difícil, sobre as relações entre os dois países.
O discurso de Obama, embora mantenha muitas das posições tradicionais em relação a Cuba, tem muitas nuances e inovações, desde logo não rejeitar um diálogo directo com os dirigentes cubanos, que são atentamente seguidas em Havana.
Fidel, no seu já tradicional artigo de opinião no Granma, reconhece que Obama é “o mais avançado candidato à presidência, do ponto de vista social e humano” e diz “não lhe guardar rancor por não ser responsável pelos crimes cometidos contra Cuba”.
Mas depois critica as suas propostas. Diz que a manutenção do embargo pode traduzir-se numa fórmula de fome para a nação, que as remessas autorizadas são uma espécie de esmolas e que as visitas (a autorizar) a Cuba da comunidade cubano-americana podem ser fonte de propagandado do consumismo.
Todavia, o trato é, no essencial, respeitoso. Continuando a criticar a política de Washington, Fidel acaba por afirmar: “Não questiono a aguda inteligência de Obama, a sua capacidade polémica e o seu espírito de trabalho. Domina as técnicas da comunicação e está muito acima dos seus rivais em competência eleitoral; (…) é sem dúvida um quadro humano agradável”.

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