terça-feira, 30 de dezembro de 2008

SOBRE O ATAQUE ISRAELITA


ALGUNS ESCLARECIMENTOS

Duas observações sobre o que foi escrito no postA represália judaica assenta na lógica nazi”e sobre os comentários.
Em primeiro lugar, em momento algum, neste blogue ou em qualquer outra parte advoguei a erradicação de Israel como Estado independente. Limitei-me a afirmar que a política de Israel é, além do mais, suicidária; se o mesmo rumo se mantiver cada vez serão menores no futuro as possibilidades de Israel coexistir no Médio Oriente com os vizinhos que tem, porque esses, Israel, por maior que seja o seu poderio, não os pode mudar. Basta que, por um daqueles movimentos imparáveis e imprevistos da História, o Egipto mude de campo para que tudo radicalmente se altere.
Em segundo lugar, não omiti que a represália israelita tenha tido como causa próxima o ataque palestiniano; propositadamente, não falei em culpas. É que Israel ocupa ilegalmente uma parte considerável do território palestiniano e por mais negociações que haja não manifesta a menor intenção de regressar às fronteiras reconhecidas pela ONU. Culpa de quem? De quem luta pela constituição de um Estado minimamente viável ou de quem, a qualquer preço, quer impedir o surgimento desse Estado?
Não falei de culpas, propositadamente, ainda por outra razão. Na verdade, há bons motivos para supor que com este ataque, feito nesta data e com a intensidade com que tem sido levado a cabo, mais do que neutralizar o Hamas (o que certamente não conseguirá), o que Israel verdadeiramente pretende é condicionar ou mesmo neutralizar qualquer iniciativa da nova administração americana. De facto, a violência do ataque e as suas sequelas entre os palestinianos e no mundo árabe ou mesmo muçulmano não vão permitir que, nos anos mais próximos, se regresse ao statu quo ante. Tempo mais do que suficiente para que o lobby judaico vá “trabalhando” a nova administração. E depois tudo recomeça praticamente de novo, como sempre tem acontecido nestes últimos vinte, trinta anos.
Em conclusão: Israel tem direito à existência e a comunidade internacional deve constituir-se garante desse direito, desde que Israel respeite o direito internacional e cesse a ocupação de todos os territórios que ilegalmente ocupa.

3 comentários:

  1. JM, a tua tese sobre a tentativa de condicionamento da nova administração americana é imaginativa, mas não sei se sustentável, pensando em que um dos episódios marcantes (a meu ver negativamente) da campanha de Obama foi a sua declaração exageradamente veemente de apoio a Israel.

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  2. "...desde que Israel respeite o direito internacional e cesse a ocupação de todos os territórios que ilegalmente ocupa.", e permita e financie até ao último tostão não só o retorno programado e supervisionado dos 3M de palestinianos que sobrevivem em condições miseráveis em campos de refugiqados no Líbano, mas como devem ser indemnizados dos prjuizos sofridos ao longo destes 30 anos de desterro e de humilhações permanentes.
    Estes sionistas mandam matar os seus próprios primeiros ministros se lhes soar a Paz na região!
    São o povo escolhido por Deus!, dizem!
    MFerrer

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  3. A declaração de Obama, em plena campanha eleitoral, de apoio a Israel - presumivelmente táctica - poderá não significar que venha a ser essa a sua política como Presidente. A ver vamos...
    Por isso, inclino-me para que a ofensiva brutal de Israel seja mesmo uma tentativa de condicionamento relativamente aos EUA.
    Isto por um lado ...
    Pelo lado da Palestina, o desespero, a humilhação, a ocupação que sofrem, são fortes condicionantes a evitar o radicalismo do Hamas e o embarque em provocações a poucos dias da posse de Obama.
    Não há outra hipótese: ambos os Estados têm de coexistir e a atitude mais progressista - julgo - é a de forçar o cumprimento da Resolução da ONU, fazendo recuar Israel para as fronteiras de 1967.
    Mas... nisso ninguém parece estar interessado, a começar pelas partes em conflito.
    No entanto, esta tragédia serve a atitude expansionista de Israel ... com o beneplácito das últimas Administrações americanas, o 'lavar-de-mãos' da União Europeia e a falta de coesão do mundo Árabe...

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