segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

AINDA A GUERRA DO GÁS


OS TÍTULOS DOS JORNAIS

Já há dias aqui nos referimos à chamada guerra do gás. Com a intervenção da União Europeia, foi negociado um acordo entre a Rússia e Ucrânia. A Rússia assinou-o primeiramente e a Ucrânia assiná-lo-ia a seguir, como de resto aconteceu. Mas o que fez a Ucrânia quando assinou o acordo? Exactamente o mesmo que aqui há uns meses tinha feito o Presidente da Geórgia: acrescentou uma nota manuscrita ao texto assinado pelos russos.
Obviamente, que a Rússia fez o que qualquer outro país ou qualquer outro contraente na posição da Rússia faria: declarou o acordo nulo e sem valor. Não é preciso ter frequentado qualquer faculdade de direito, nem ser “expert” em negociações internacionais para avaliar a consequência daquele acto. Toda a gente sabe que aquilo não se pode fazer.
Atente-se agora na forma como a chamada imprensa de referência titula a notícia. O Público diz : “Rússia recusa aplicar acordo para fornecer gás”. O Diário de Notícias subtitula: "Rússia não retomou fornecimento de gás apesar dos observadores". E El País sentencia: “Rússia atrasa o fluxo de gás em consequência de reveses na negociação com a Ucrânia”.
Rigorosamente, nenhum dos títulos é falso, mas todos inculcam a ideia de que o gás não chega à Europa central e ocidental por facto imputável à Rússia. Assim se faz jornalismo de referência… Isto para não falar nos calotes da Ucrânia, nos furto de gás destinado à União Europeia e ainda na pretensão de o obter a preços de saldo e simultaneamente conduzir uma política hostil relativamente à Rússia.

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