OBAMA CONTINUA A SOMAR PONTOS Enganam-se aqueles que pensam que o Governo nada tem a ver com as altíssimas remunerações recebidas pelos executivos das empresas privadas. Pouco antes de desencadeada a crise, o problema começou a ser agitado por alguns políticos e até por algumas instituições financeiras internacionais, um pouco sob o argumento de que essas retribuições, principalmente as recebidas sob a forma de prémio, acabavam por ter um efeito nefasto sobre a economia. Independentemente dos efeitos económicos, com os quais durante muito tempo nunca ninguém se importou, o que verdadeiramente se tratava era de uma espoliação feita sob a capa de uma pretensa legalidade. Às primeiras críticas logo os neoliberais de serviço, tanto cá dentro como lá fora, ergueram a voz para manifestar a sua discordância pela interferência num assunto que apenas aos accionistas dizia respeito. A crise encarregou-se de demonstrar que o problema não é do domínio privado, mas de interesse público, e como tal o Governo deve intervir. Obama já declarou, na presença do Secretário de Estado do Tesouro, que a bonificações dos executivos de Wall Street são o "cúmulo da irresponsabilidade e vergonhosas". Tim Geithner já está encarregado de transmitir essas recomendações aos empresários. Importante iniciativa de Obama é também a que visa “descongelar” as relações com o Irão. Esta iniciativa é da maior importância para a segurança internacional e muito pode contribuir para a paz no Médio Oriente. Engana-se todavia quem supõe que o diferendo entre os Estados Unidos e o Irão radica no conflito israelo-palestiniano. Ou que o diferendo iraniano-americano tem a sua origem no ataque à Embaixada americana em Teerão e na subsequente crise dos reféns, como frequentemente se lê na imprensa. Não, o conflito tem raízes muito mais profundas e traumáticas. Verdadeiramente ele começa com essa imensa traição dos americanos ao povo iraniano quando, sob a instigação dos colonialistas ingleses, promoveram o golpe de Estado que destituiu Mossadegh e permitiu o regresso ao país do Xá Reza Palahvi, que dias antes havia partido para Roma por supor que o golpe, no qual ele estava implicado, tinha fracassado. Este fatídico acto é da responsabilidade de Foster Dulles e do seu irmão, chefe da CIA, Allan Dulles, na presidência de Eisenhower. Este golpe, que destituiu um governo democrático e laico, embora ciosamente nacionalista, acabou por ter a prazo as consequências que se conhecem: criação de condições para a instauração de uma república islâmica. Timidamente, Madeleine Albrigth, sob a presidência Clinton, ensaiou um vago pedido de desculpas, mas como a iniciativa não foi seguida de actos de confiança relativamente credíveis, acabou por soçobrar. |
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