quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

COMO COMBATER A CRISE



NEM TODO O INVESTIMENTO PÚBLICO PRODUZ OS EFEITOS DESEJADOS


Já aqui se falou muitas vezes nas diferentes perspectivas de combate à crise. A direita verdadeiramente não quer investimento público, nem quer que o Estado desempenhe um papel primordial ou sequer importante na economia. A intervenção do Estado, para a direita, deve incidir fundamentalmente nos mecanismos monetários, creditícios e fiscais. Como alguns destes instrumentos estão actualmente fora da competência dos Estados membros da União Europeia, resta à direita continuar a insistir na baixa indiscriminada dos impostos. Ou seja, a mesma receita que os neoliberais utilizaram antes da crise com os resultados que se conhecem.
O desemprego favorece historicamente a direita e a extrema-direita, tanto no plano político, como no económico, por isso, não obstante uma certa crítica meramente vocálica, ele não constitui uma grande preocupação e até pode ajudar a "ajustar algumas contas" que a direita há muito mantém em aberto. Por outro lado, a direita acredita que a crise é salutar, na medida em que ajuda a depurar o tecido económico das empresas que não devem estar no mercado.
A isto, o Governo contrapõe o investimento público. Em tese, o princípio está correcto, mas a sua eficácia vai depender da sua concretização. Para além da dificuldade, que não pode ser escamoteada, de o Governo estar “condenado” a intervir num quadro legal neoliberal e de a descoordenação entre os Estados membros prejudicar os economicamente mais fracos, há ainda as que resultam de opções económicas erradas. Se o governo continuar a insistir nos grandes investimentos públicos, cujos efeitos estão muito longe de ser imediatos e de se propagarem favoravelmente a todo o tecido económico, vai certamente agravar a situação.
O governo tem de actuar com pequenos e eficazes projectos em diversos sectores de actividade. O governo Lula deu recentemente um bom exemplo de como se actua através do Estado em época de crise aguda para combater o desemprego e relançar a procura. O exemplo do Governo brasileiro pode não servir para Portugal, mas o princípio em que ele se baseia serve de certeza!

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