sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

"DIRECTO AO ASSUNTO"



VALE A PENA VER

São muito raros os programas de comentário político que verdadeiramente compensem o tempo que se perde com eles. De uma maneira geral os comentadores oscilam entre aquilo que é consensual no grande bloco central e as pequenas disputas de ocasião para justificarem que são diferentes. Mas na realidade não são. E os programas acabam por ser uma coisa insípida sem nenhuma ideia nova e realmente diferente.
Não é assim que as coisas se passam no “Directo ao assunto”, transmitido na RTP N e que eu costumo ver nas madrugadas de 5.ª feira (é natural que passe a uma hora mais apresentável…). Este é um programa mais vivo que os restantes muito por responsabilidade e mérito da Joana Amaral Dias, cujas intervenções constituem uma verdadeira lufada de ar fresco neste clima bafiento que é o do comentário político português.
Além de que ela é muito firme nas suas opiniões, muito segura e de uma maneira geral bem preparada. Num clima ideologicamente hostil, não se deixa minimamente intimidar nem faz qualquer tipo de concessão à maioria que a rodeia. Deve dizer-se em abono da verdade que o Carlos Amorim, sendo um neoliberal crítico, intervém com alguma margem de independência relativamente aos sectores políticos em que ideologicamente se situa. Já Emídio Rangel é de um alinhamento tão acrítico com o poder que está sempre a correr o risco de ser ultrapassado pelas cedências que o PS se vê forçado a fazer em consequência da nova situação em que se encontra. Ainda não se adaptou…
É estranho que a Joana Amaral Dias não tenha um lugar de maior relevo no BE. Sem querer minimamente questionar as regras de democracia interna do partido, mas tentando antes perceber esta relativa marginalização, não creio que ela esteja a ser vítima de qualquer complexo obreirista, porque o Bloco é tudo menos obreirista, também não creio que seja qualquer preconceito elitista que a afasta, já que o eleitorado do Bloco é bastante mais elitista do que o dos restantes partidos. Talvez ela esteja a pagar o tributo do seu próprio glamour…Mas, se for isso, quem fica a perder é o Bloco.

3 comentários:

  1. Eu também estou convencido que é por causa do "glamour" ... e compreendo. É a vida! Todas(os) têm o direito de se revoltar contra a natureza, né? Já viste, CP, como ela é injusta?

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  2. Esqueci-me de dizer que, ao contrário de CP, não acho que ela seja assim tão boa a pensar.

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  3. P.S. ao meu 1º comentário: "ELA", a natureza (e não a JAD)

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