APERTA-SE O CERCO
Face Oculta: pela leitura da imprensa do fim-de-semana fica a perceber-se que Vara é mais inteligente do que Sócrates e politicamente mais hábil. Provavelmente, por não ser tão arrogante.
Candidatura de Alegre: Sócrates, com os sucessivos casos em que se vê envolvido, vai tornando mais difícil a vida à candidatura de Alegre; Almunia, ao permitir a Cavaco dizer o que disse, depois de já ter dito o que tinha dito, também acabou por ajudar Cavaco que, tranquilamente ou com uma boa dose de “valiuns matinais”, faz o possível por parecer sereno e consensual.
ETA – Para quem conhece a história da clandestinidade da grande maioria dos resistentes portugueses, inclusive dos que se dedicavam à luta armada (os mais reprimidos), não pode deixar de sublinhar a diferença de comportamento destes durante os interrogatórios relativamente ao de outros clandestinos do nosso tempo.
Ucrânia: Yanukovich, como se esperava, ganhou as eleições na Ucrânia, embora a diferença que o separa de Julia Timoshenko seja bem inferior à alcançada na primeira volta; Timoshenko bem pode “espernear”, mas pelas declarações dos observadores internacionais, da União Europeia e dos países da Europa ocidental, já se percebeu que o resultado está adquirido e nada o alterará; Obama bem pode queixar-se das hesitações dos europeus quando lhes solicita um facere, mas quando lhes recomenda um non facere pode ter a certeza de que será sempre obedecido.
Será que dentro do PS já não há forças para fecharem o cerco?
ResponderEliminarSerá que o PS quer ir a pique com ele?
Leio com interesse os seus comentários.
ResponderEliminarSurprende-me, todavia, o que escreve a propósito da Eta (e esta é a 2ª vez em pouco tempo).
Parece-me haver neles uma ponta de simpatia, ou pelo menos compreensão.
Actualmente, a Eta não passa de um bando assassino.
A questão da ETA exige um esclarecimento, que em Portugal pode ser dado, felizmente. Em Espanha, não.
ResponderEliminarNo (meu) comentário que comentou o que parece deduzir-se dele é até o contrário...
Quanto ao mais, o que eu sei é que o Estado espanhol não permite a autodeterminação (democrática)do País Basco,mesmo sendo chamados a votar todos os que nele residem.
A Estónia e a Letónia autodeterminaram-se marginalizando a população de origem russa (cerca de 40%)e continuaram, depois da independência, a discriminá-la. Alguém do lado de cá protesta?
O grande repórter do nosso tempo, e um dos maiores de sempre, Kapuschinsky, que acompanhou muitas lutas, muitas guerras, disse que quem luta, luta sempre por alguma coisa. E enquanto não se perceber isto, nunca se alcança a paz.
Em conclusão, a democracia espanhola, relativamente às comunidades históricas com aspirações independentistas susceptíveis de a concretizarem, é uma democracia incompleta ou,às vezes, inexistente. E quando a democracia falta, ou seja, quando falta o modo pacífico de resolução de conflitos (é isso que a democracia antes de mais pretende ser) não admira que certos sectores recorram a outros meios.
O juízo sobre a utilização dos meios para alcançar certos fins levava-nos a uma discusssão interminável. Embora eu tenha por certo que o que acaba por por ser determinante para o juízo sobre os meios é a sua eficácia. Se os fins foram alcançados, a história vai dizer que os meios foram bons; se não foram, vai dizer que foram maus.
Não faço juízos morais. Limito-me a observar. Só que as coisas estão de tal forma na maior parte das matérias, a hegemonia da ideologia dominante é de tal ordem, que quem não analisar com base em juízos morais - impostos pelas correntes dominantes - é imediatamente acusado de estar do outro lado...
Para concluir: nada tenho contra os juízos morais assumidos; mas insurjo-me sempre contra a moralidade disfarçada de norma de conduta comum. De alguém que escamoteia a origem do paradigma e o defende com a naturalidade de quem está certo de que são desviantes tosdos os comportamentos que o não seguem.
JMCPinto