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A liberdade de imprensa das sociedades capitalistas consolidadas deixa muito a desejar, como facilmente se percebe olhando para o panorama europeu e americano. Evidentemente, que outras sociedades noutros cantos do mundo não primam pela defesa e prática dessa mesma liberdade e por isso também não podem ser arvoradas em paradigma de quem aqui critica as suas limitações. Há, porém, uma diferença que não pode ser escamoteada: são as sociedades democráticas ocidentais que apresentam a liberdade de imprensa como imagem de marca da sua superioridade civilizacional.
A verdade é que para ter liberdade de imprensa é preciso ter dinheiro. Muito dificilmente um meio de informação pode ter uma linha editorial que não seja conforme à orientação da sua principal entidade financiadora. E quando isso não acontece é sempre por breves períodos de tempo.
Para que a linha editorial seja conforme à orientação da entidade financiadora, esta não precisa de ter no jornal ou na estação de rádio ou de televisão um fiscal ou um censor. Basta-lhe ter um director e uma equipa que dêem garantias de interpretar essa linha nas mais diversas situações do dia-a-dia.
Quando algum director se empenha ele próprio numa agenda politica que embora não contrarie no essencial a linha da entidade financiadora, mas seja susceptível de envolver o jornal ou estação de rádio ou de televisão numa “guerra permanente” com o poder, o que na lógica dos grandes cálculos empresariais se pode tornar prejudicial para os negócios da entidade financiadora, e ainda por cima o dito meio de comunicação, em si mesmo considerado, não dê lucro, mais dia, menos dia, e logo que haja um bom pretexto, o dito director será despedido.
É claro que as coisas se agravam quando é o próprio poder político a querer controlar a informação, seja directamente por intermédio de empresas sob o seu controlo, seja indirectamente por intermédio de empresas que embora não estejam juridicamente sob o seu controlo mantêm no plano da gestão relações muito estreitas com o poder.
Quando isso acontece, então as nossas sociedades democráticas ocidentais num assomo de hipocrisia difícil de igualar e não menos difícil de desmistificar clamam quase em uníssono contra a falta de liberdade de imprensa. Verdadeiramente não se trata de uma situação substancialmente diferente da anterior, mas porque está ligada ao fenómeno do poder político, cujo exercício nas sociedades democráticas ocidentais é por definição temporário e alternante, a questão assume foros de escândalo político por atingir um dos pressupostos míticos do próprio sistema: a alternância (que o não questiona).
Mas de um outro ponto de vista, do ponto de vista de quem questiona o próprio sistema e luta não por uma alternância, mas por uma alternativa, esta situação não é substancialmente diferente da anterior.
E é no fundo isto que explica por que razão o Partido Socialista promoveu a seguir ao 25 de Abril uma intensa campanha, dentro e fora do país, contra aquilo a que chamou a falta ou até inexistência de liberdade de imprensa, quando, como os factos historicamente demonstram, se estava a viver uma época sem paralelo em matéria de liberdade de imprensa. De facto, nunca neste país, pelo menos nos últimos oitenta anos, houve, sob todos os pontos de vista, tanta liberdade de imprensa como a que existiu entre 25 de Abril de 1974 e 25 de Novembro de 1975. O PS recorreu então a todas as mistificações, deturpando e inventando factos, para demonstrar que não havia liberdade de imprensa. Havia, mais do que nunca houve. Só que a orientação dominante da comunicação social, sem censura, nem fiscais, não correspondia à orientação que o PS lhe queria imprimir.
Hoje o governo PS (apesar de tudo tem, a este respeito, que se falar de governo PS e não de PS) vai muito mais longe do que foi no passado o PS - que estava fundamentalmente empenhado em impor uma alternativa ao rumo dos acontecimentos - e procura impedir ou dificultar a própria alternância. Imagine-se o que faria o Governo se o que estivesse a ser questionado fosse o próprio sistema, ou seja, a viabilização de uma alternativa!
A liberdade de imprensa das sociedades capitalistas consolidadas deixa muito a desejar, como facilmente se percebe olhando para o panorama europeu e americano. Evidentemente, que outras sociedades noutros cantos do mundo não primam pela defesa e prática dessa mesma liberdade e por isso também não podem ser arvoradas em paradigma de quem aqui critica as suas limitações. Há, porém, uma diferença que não pode ser escamoteada: são as sociedades democráticas ocidentais que apresentam a liberdade de imprensa como imagem de marca da sua superioridade civilizacional.
A verdade é que para ter liberdade de imprensa é preciso ter dinheiro. Muito dificilmente um meio de informação pode ter uma linha editorial que não seja conforme à orientação da sua principal entidade financiadora. E quando isso não acontece é sempre por breves períodos de tempo.
Para que a linha editorial seja conforme à orientação da entidade financiadora, esta não precisa de ter no jornal ou na estação de rádio ou de televisão um fiscal ou um censor. Basta-lhe ter um director e uma equipa que dêem garantias de interpretar essa linha nas mais diversas situações do dia-a-dia.
Quando algum director se empenha ele próprio numa agenda politica que embora não contrarie no essencial a linha da entidade financiadora, mas seja susceptível de envolver o jornal ou estação de rádio ou de televisão numa “guerra permanente” com o poder, o que na lógica dos grandes cálculos empresariais se pode tornar prejudicial para os negócios da entidade financiadora, e ainda por cima o dito meio de comunicação, em si mesmo considerado, não dê lucro, mais dia, menos dia, e logo que haja um bom pretexto, o dito director será despedido.
É claro que as coisas se agravam quando é o próprio poder político a querer controlar a informação, seja directamente por intermédio de empresas sob o seu controlo, seja indirectamente por intermédio de empresas que embora não estejam juridicamente sob o seu controlo mantêm no plano da gestão relações muito estreitas com o poder.
Quando isso acontece, então as nossas sociedades democráticas ocidentais num assomo de hipocrisia difícil de igualar e não menos difícil de desmistificar clamam quase em uníssono contra a falta de liberdade de imprensa. Verdadeiramente não se trata de uma situação substancialmente diferente da anterior, mas porque está ligada ao fenómeno do poder político, cujo exercício nas sociedades democráticas ocidentais é por definição temporário e alternante, a questão assume foros de escândalo político por atingir um dos pressupostos míticos do próprio sistema: a alternância (que o não questiona).
Mas de um outro ponto de vista, do ponto de vista de quem questiona o próprio sistema e luta não por uma alternância, mas por uma alternativa, esta situação não é substancialmente diferente da anterior.
E é no fundo isto que explica por que razão o Partido Socialista promoveu a seguir ao 25 de Abril uma intensa campanha, dentro e fora do país, contra aquilo a que chamou a falta ou até inexistência de liberdade de imprensa, quando, como os factos historicamente demonstram, se estava a viver uma época sem paralelo em matéria de liberdade de imprensa. De facto, nunca neste país, pelo menos nos últimos oitenta anos, houve, sob todos os pontos de vista, tanta liberdade de imprensa como a que existiu entre 25 de Abril de 1974 e 25 de Novembro de 1975. O PS recorreu então a todas as mistificações, deturpando e inventando factos, para demonstrar que não havia liberdade de imprensa. Havia, mais do que nunca houve. Só que a orientação dominante da comunicação social, sem censura, nem fiscais, não correspondia à orientação que o PS lhe queria imprimir.
Hoje o governo PS (apesar de tudo tem, a este respeito, que se falar de governo PS e não de PS) vai muito mais longe do que foi no passado o PS - que estava fundamentalmente empenhado em impor uma alternativa ao rumo dos acontecimentos - e procura impedir ou dificultar a própria alternância. Imagine-se o que faria o Governo se o que estivesse a ser questionado fosse o próprio sistema, ou seja, a viabilização de uma alternativa!
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