EUROZONA CHAMA FMI
A Grécia quer o dinheiro de qualquer jeito. Com a corda na garganta e os juros a subirem todos os dias, tudo o que para ela seja dinheiro ou promessa de o obter é bom. Ou tem que dizer que é, para uso interno.
Sócrates também se congratulou com a “ajuda” à Grécia. Parece que ficou mais tranquilo. Em caso de incêndio já sabe onde ir buscar os primeiros socorros.
Mas é óbvio que a solução hoje acordada em Bruxelas é apenas o começo de um processo de decomposição: falta saber se da zona euro, se da União Europeia, se das duas.
Admitir a participação bilateral dos Estados (de alguns Estados), apenas em último recurso, e fazer intervir o FMI, com dinheiro e com chicote (na linguagem neoliberal sinónimo de disciplina) na zona euro, é o mesmo que diagnosticar-lhe uma doença grave de desfecho fatal, mais tarde ou mais cedo.
Além de o FMI ser das instituições mais desacreditadas mundialmente pelos inúmeros erros técnicos que tem cometido, sempre por obsessão ideológica, a sua presença é também a confirmação de que a Europa não passa de um espaço de comércio livre, onde o capital financeiro adquiriu uma hegemonia sem contestação, que todos aceitam, quaisquer que sejam as consequências das suas acções sobre da vida das pessoas.
Desde há pelo menos dois séculos e meio que nunca se tinha assistido a um mundo tão resignado à sua sorte, como nestes últimos vinte anos. Será que isto vai continuar assim? Terá o capitalismo moderno anestesiado de tal modo as pessoas que as tornou absolutamente incapazes de lutar contra o que se está a passar?
Para todos se tornará evidente que o Conselho se limitou a parar antes do abismo. Para mim torna-se também claro que daqui em diante e até à refundação constitucional (o que incluirá necessariamente normas programáticas de política económica e social) a UE será um grande camião rolando declive abaixo em ponto morto.
ResponderEliminarAcredito que o único combustível capaz de repor o veículo sob controlo é a coesão.
Sem ela, para que serve a UE?
jlsc
Tudo o que se está a passar foi previsto por economistas e outros que avisaram. O voluntarismo e a convicção de que ninguém entre os que contam deixaria que o processo descambasse impuseram-se. Não será muito correcto assacar todas as culpas à Alemanha. Ainda ontem, num painel de uma televisão Francesa, um comentador francês reconhecia que do outro lado do Reno estava a ficar difícil não reagir ao "direito natural" dos franceses de levar à prática os Tratados segundo os interesses do momento incluindo os eleitorais. Quando das últimas eleições autárquicas em Portugal discutia-se numa vilória alentejana a capacidade financeira da autarquia para executar obras obras bizantinas e de uma dimensão verdadeiramente faraónica. Aos avisos dos que achavam que os encargos eram incomportáveis respondiam uns velhotes: Olha que porra, depois da obra feita o que é que podem fazer, levar a Câmara à falência? A Câmara neste momento anda a pedinchar as fornecedores de artigos de limpeza e outros que permitam abrir as portas e as obras estão paradas. Este episódio, real, parece-me uma metáfora do país, e nem sou dos que pensam que o "TGV" devia ser abandonado. O problema foi a gestão corrente, a "gaspillage", a corrupção sob a múltiplas facetas. Isto conjugado com as assimetrias de desenvolvimento económico e, sobretudo, cultural, não podia ter um desfecho feliz, para mim sempre foi uma questão de tempo.
ResponderEliminarSobre esta problemática e para os menos entendidos (não é o caso do auto do Blog) que por aqui passem. sugiro ver: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16452
ResponderEliminarlg