DÚVIDAS E CERTEZAS
Os jornais Diário de Notícias e i deram conta de várias irregularidades num recente concurso de admissão de diplomatas, uma das quais terá sido levada a tribunal, sob a forma de providência cautelar, por uma candidata excluída, com vista a integrar na respectiva lista final.
Como tal providência obteve ganho de causa, afirmam os jornais haver outros candidatos que, encorajados por aquela decisão, irão também recorrer a tribunal com fundamento na mudança das regras do concurso durante vigência do mesmo. E afirmam ainda que tal mudança se destinou a favorecer familiares de embaixadores e uma neta de um ministro do “Estado Novo”.
É muito difícil falar ou escrever sobre o que não se conhece, apenas com base na informação colhida na imprensa, nomeadamente quando ela é de carácter técnico, matéria frequentemente pouco acessível aos autores das notícias.
Mas há factos que todos conhecemos e sobre esses podemos falar sem receio
Por exemplo, por mais famoso que seja um cantor ou um artista, de qualquer outra arte, dificilmente o seu filho atingirá a mesma notoriedade e qualidade artística pelo facto de ser seu filho. Para que isso aconteça tem de ser igualmente bom. E é por isso que na história da pintura são tão raros os grandes pintores filhos de grandes pintores. E o mesmo se diga relativamente aos filhos de escritores, de artistas de cinema, de teatro, de cantores, etc.
O mesmo se passa no desporto. Não é por Pelé ter sido quem foi ou outros grandes jogadores que os seus filhos vão ser futebolistas nas equipas de top. Só assim acontecerá se de facto forem grandes jogadores e isso é raro, muito raro.
Não é isso que se passa em algumas das faculdades das nossas Universidades, onde nos últimos vinte, trinta anos se assistiu a uma verdadeira reprodução por via parental de professores. Quando frequentei a Faculdade os escrúpulos de quem avaliava eram de tal ordem relativamente a filhos ou parentes muito chegados de outros professores que até acontecia eles serem ligeiramente prejudicados pelo facto de serem parentes de quem eram. Se este excesso de zelo não era recomendável, a situação oposta muito menos o é. De um momento para o outro, em certas faculdades, os filhos dos professores passaram a ter como destino quase certo serem também professores na mesma escola.
No MNE, desde longa data, se passa o mesmo. Quando não havia concursos ou quando os concursos não passavam de uma farsa essa prática era frequente. E, infelizmente, essa mesma prática não deixou de se verificar com concursos mais regulados. Pode ser uma coincidência, mas o sentido desta coincidência só se desfaz, demonstrando estatisticamente a ausência de coincidência.
Se há tráfico de influências ou não é conclusão que apenas o tribunal pode tirar. Agora, o que não há dúvida é que há situações que levantam dúvidas.
Mas não é tudo. No início do primeiro Governo Sócrates, Freitas do Amaral, Ministro dos Negócios Estrangeiros, despediu cerca de duas dezenas de conselheiros técnicos e adidos com o pretexto de que era preciso poupar. Pois o próprio Freitas e o Ministro que lhe sucedeu nomearam mais de cinquenta (!!!) novos conselheiros para os mesmos lugares, com a diferença de estes terem sido escolhidos, por eles, dentre gente de confiança partidária.
A vergonha é tão pouca que até o principal porta-voz daquela política, o sr. Carneiro Jacinto, depois de ter feito afirmações demagógicas de toda a ordem, em nome do Ministro de então, foi nomeado por Luis Amado conselheiro de imprensa em Washington. E até disse no jornal: o dr. Luis Amado teve a amabilidade de me convidar depois de o aparelho do PS, em Silves, me ter recusado como candidato a presidente da câmara!
Nomear um sujeito que no Ministério se fez passar por licenciado em direito é obra! E toda a gente no MNE conhece esta história, a começar pelo Ministro. E toda a gente sabe que foi preciso colocar em Nova York (criando mais um lugar) o conselheiro de imprensa que estava em Washington para instalar na capital o sr. Carneiro Jacinto!
Os jornais Diário de Notícias e i deram conta de várias irregularidades num recente concurso de admissão de diplomatas, uma das quais terá sido levada a tribunal, sob a forma de providência cautelar, por uma candidata excluída, com vista a integrar na respectiva lista final.
Como tal providência obteve ganho de causa, afirmam os jornais haver outros candidatos que, encorajados por aquela decisão, irão também recorrer a tribunal com fundamento na mudança das regras do concurso durante vigência do mesmo. E afirmam ainda que tal mudança se destinou a favorecer familiares de embaixadores e uma neta de um ministro do “Estado Novo”.
É muito difícil falar ou escrever sobre o que não se conhece, apenas com base na informação colhida na imprensa, nomeadamente quando ela é de carácter técnico, matéria frequentemente pouco acessível aos autores das notícias.
Mas há factos que todos conhecemos e sobre esses podemos falar sem receio
Por exemplo, por mais famoso que seja um cantor ou um artista, de qualquer outra arte, dificilmente o seu filho atingirá a mesma notoriedade e qualidade artística pelo facto de ser seu filho. Para que isso aconteça tem de ser igualmente bom. E é por isso que na história da pintura são tão raros os grandes pintores filhos de grandes pintores. E o mesmo se diga relativamente aos filhos de escritores, de artistas de cinema, de teatro, de cantores, etc.
O mesmo se passa no desporto. Não é por Pelé ter sido quem foi ou outros grandes jogadores que os seus filhos vão ser futebolistas nas equipas de top. Só assim acontecerá se de facto forem grandes jogadores e isso é raro, muito raro.
Não é isso que se passa em algumas das faculdades das nossas Universidades, onde nos últimos vinte, trinta anos se assistiu a uma verdadeira reprodução por via parental de professores. Quando frequentei a Faculdade os escrúpulos de quem avaliava eram de tal ordem relativamente a filhos ou parentes muito chegados de outros professores que até acontecia eles serem ligeiramente prejudicados pelo facto de serem parentes de quem eram. Se este excesso de zelo não era recomendável, a situação oposta muito menos o é. De um momento para o outro, em certas faculdades, os filhos dos professores passaram a ter como destino quase certo serem também professores na mesma escola.
No MNE, desde longa data, se passa o mesmo. Quando não havia concursos ou quando os concursos não passavam de uma farsa essa prática era frequente. E, infelizmente, essa mesma prática não deixou de se verificar com concursos mais regulados. Pode ser uma coincidência, mas o sentido desta coincidência só se desfaz, demonstrando estatisticamente a ausência de coincidência.
Se há tráfico de influências ou não é conclusão que apenas o tribunal pode tirar. Agora, o que não há dúvida é que há situações que levantam dúvidas.
Mas não é tudo. No início do primeiro Governo Sócrates, Freitas do Amaral, Ministro dos Negócios Estrangeiros, despediu cerca de duas dezenas de conselheiros técnicos e adidos com o pretexto de que era preciso poupar. Pois o próprio Freitas e o Ministro que lhe sucedeu nomearam mais de cinquenta (!!!) novos conselheiros para os mesmos lugares, com a diferença de estes terem sido escolhidos, por eles, dentre gente de confiança partidária.
A vergonha é tão pouca que até o principal porta-voz daquela política, o sr. Carneiro Jacinto, depois de ter feito afirmações demagógicas de toda a ordem, em nome do Ministro de então, foi nomeado por Luis Amado conselheiro de imprensa em Washington. E até disse no jornal: o dr. Luis Amado teve a amabilidade de me convidar depois de o aparelho do PS, em Silves, me ter recusado como candidato a presidente da câmara!
Nomear um sujeito que no Ministério se fez passar por licenciado em direito é obra! E toda a gente no MNE conhece esta história, a começar pelo Ministro. E toda a gente sabe que foi preciso colocar em Nova York (criando mais um lugar) o conselheiro de imprensa que estava em Washington para instalar na capital o sr. Carneiro Jacinto!
Johann Strauss Pai ou Johann Strauss Filho?
ResponderEliminarAlexandre Dumas Pai ou Alexandre Dumas Filho?
Artur Portela ou Artur Portela Filho?
Kingsley Amis ou Martin Amis?
Claude Renoir ou Jean Renoir?
Plínio o Velho ou Plínio o Jovem?
E esta?
a) Alcipe
Não sou "meio" mas sempre ouvi dizer que o corpo de diplomatas funciona como uma casta, transmitindo-se os privilégios como se de títulos de nobreza se tratasse. São conhecidas as excepções dos embaixadores políticos que sempre foram vistos como alienígenas. Quanto à política de discricionariedade nos empregos/sinecuras no MNE, porque é que havia de ser diferente do que é regra no resto do Estado? Porque haviam os países do Norte de ser solidários com Estados sujeitos a esta governação e com povos que as caucionam? São do conhecimento de todos as inúmeras "prateleiras", algumas delas douradas, existente um pouco por todos os ministérios. É claro que no "monstro" de C.Silva estas adiposidades não são relevantes,o problemas está nos parasitas que sugam 600€!
ResponderEliminarRespondendo a Alcipe
ResponderEliminarSim, há esses casos e outros que poderiam ser enumerados. Mas são excepção. Já agora Plínio o Jovem não é filho de Plínio o Velho...é sobrinho-neto.
Obrigado pelo comentário.
Claro que há, no acesso à carreira diplomática, situações que tresandam a nepotismo ou que, se não o são, parecem.
ResponderEliminarMas também é verdade que existem inúmeros casos conhecidos em que o nome não funcionou e as pessoas em causa "chumbaram" no concurso, a par, claro, de muitos exemplos em que "filhos de embaixadores" se revelarm excelentes funcionários.
Quanto a "o corpo de diplomatas" (ou, como se diria noutras paragens, "os corpos diplomáticos") serem uma casta cheia de privilégios, é uma afirmação só poderá corresponder a situações que passaram à história. Actualmente, é difícil identificar qualquer situação de privilégio para um diplomata.
JMCPinto sabe disso.
Eu não falei de privilégios. Limitei-me a referir factos que nada tem a ver com quem desempenha com brilho e inteligência o seu lugar.
ResponderEliminarJMCPinto
Falta um acento circunflexo no tem, se é que o acordo ortográfico não o tirou...
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