UMA ESTRATÉGIA ERRADA?
É evidente para qualquer observador que a candidatura de Alegre se debate, a cada dia que passa, com maiores dificuldades. Ela foi prejudicada principalmente pela crise da dívida mais do que pelo défice e por uma estratégia que dificilmente poderá dar certo, apesar de ter de se reconhecer que as opções em presença eram difíceis.
O défice e a crise da dívida fizeram emergir Cavaco. Antes de mais porque a generalidade da população, a começar pelos “analistas”, acha que Cavaco tem conhecimentos especiais sobre a matéria. Cavaco sabe disso e aproveitou e tem aproveitado bem o contexto económico-financeiro para consolidar a sua candidatura, actuando fundamentalmente como bom político eleitoralista que é.
Começou por aparecer relativamente colado às posições do PSD, dito de outro modo mais correcto: começou por influenciar as posições do PSD/Ferreira Leite, alertando para os perigos do crescimento exponencial da dívida (sem nada oferecer em troca, excepto o não endividamento), mas logo que a derrota eleitoral desta facção se consumou, passou a apoiar o Governo e o seu PEC aprovado por Bruxelas. Recusou, contra a opinião dos falcões da economia neoliberal, ir mais além no tratamento da questão. Mais tarde, quando estalou a crise da dívida, manteve o apoio ao Governo e somente quando o Banco Central Europeu, por intermédio de Constâncio, veio dizer que era necessário ir mais além na luta contra a dívida, reponderando alguns investimentos públicos, é que Cavaco, sabedor do peso daquelas palavras dentro do Governo, passou a defender em termos brandos algo semelhante ao quer já sabia viria a ser aceite.
Com esta actuação tipicamente político-eleitoralista, que nada tem de especialista de finanças públicas, salvo a de ser posta em prática por financista, Cavaco não alienou nunca aquele eleitorado PS com que conta para vencer na primeira volta e confiou na ausência de alternativa da demais direita, por muito que a esta lhe vá custando a ausência de um Presidente mais interventor e menos pro-governamental.
Perante este cenário, há muito desenhado, com que Alegre deveria contar, o candidato-poeta optou por um abaixamento, quase silenciamento, das críticas ao Governo e aos seus planos de combate ao défice na esperança de assim conseguir o apoio oficial do partido para a sua candidatura.
A verdade é que com esta estratégia não ganhou absolutamente nada e até pode ter perdido apoios que de outra forma poderia ter. Não ganhou nada nas águas onde Cavaco navega nem nas áreas do PS que não o aceitam como candidato do partido. Uns e outros sentem-se muito mais bem representados por Cavaco do que por Alegre. E talvez tenha perdido o apoio dos que não apreciam a sua aproximação ao Governo, tanto à esquerda, como à direita. Em suma, o apoio oficial do PS que Alegre tão denodadamente perseguiu acabará por lhe trazer mais prejuízos do que vantagens. A boa estratégia teria sido – e há uns meses supunha-se que iria ser – manter o rumo e deixar a questão do apoio do PS como problema do PS e do Governo. Ao transformar este apoio num problema seu, Alegre perdeu, como se disse, dos dois lados e não ganhou nada onde antes já não ganhava.
É evidente para qualquer observador que a candidatura de Alegre se debate, a cada dia que passa, com maiores dificuldades. Ela foi prejudicada principalmente pela crise da dívida mais do que pelo défice e por uma estratégia que dificilmente poderá dar certo, apesar de ter de se reconhecer que as opções em presença eram difíceis.
O défice e a crise da dívida fizeram emergir Cavaco. Antes de mais porque a generalidade da população, a começar pelos “analistas”, acha que Cavaco tem conhecimentos especiais sobre a matéria. Cavaco sabe disso e aproveitou e tem aproveitado bem o contexto económico-financeiro para consolidar a sua candidatura, actuando fundamentalmente como bom político eleitoralista que é.
Começou por aparecer relativamente colado às posições do PSD, dito de outro modo mais correcto: começou por influenciar as posições do PSD/Ferreira Leite, alertando para os perigos do crescimento exponencial da dívida (sem nada oferecer em troca, excepto o não endividamento), mas logo que a derrota eleitoral desta facção se consumou, passou a apoiar o Governo e o seu PEC aprovado por Bruxelas. Recusou, contra a opinião dos falcões da economia neoliberal, ir mais além no tratamento da questão. Mais tarde, quando estalou a crise da dívida, manteve o apoio ao Governo e somente quando o Banco Central Europeu, por intermédio de Constâncio, veio dizer que era necessário ir mais além na luta contra a dívida, reponderando alguns investimentos públicos, é que Cavaco, sabedor do peso daquelas palavras dentro do Governo, passou a defender em termos brandos algo semelhante ao quer já sabia viria a ser aceite.
Com esta actuação tipicamente político-eleitoralista, que nada tem de especialista de finanças públicas, salvo a de ser posta em prática por financista, Cavaco não alienou nunca aquele eleitorado PS com que conta para vencer na primeira volta e confiou na ausência de alternativa da demais direita, por muito que a esta lhe vá custando a ausência de um Presidente mais interventor e menos pro-governamental.
Perante este cenário, há muito desenhado, com que Alegre deveria contar, o candidato-poeta optou por um abaixamento, quase silenciamento, das críticas ao Governo e aos seus planos de combate ao défice na esperança de assim conseguir o apoio oficial do partido para a sua candidatura.
A verdade é que com esta estratégia não ganhou absolutamente nada e até pode ter perdido apoios que de outra forma poderia ter. Não ganhou nada nas águas onde Cavaco navega nem nas áreas do PS que não o aceitam como candidato do partido. Uns e outros sentem-se muito mais bem representados por Cavaco do que por Alegre. E talvez tenha perdido o apoio dos que não apreciam a sua aproximação ao Governo, tanto à esquerda, como à direita. Em suma, o apoio oficial do PS que Alegre tão denodadamente perseguiu acabará por lhe trazer mais prejuízos do que vantagens. A boa estratégia teria sido – e há uns meses supunha-se que iria ser – manter o rumo e deixar a questão do apoio do PS como problema do PS e do Governo. Ao transformar este apoio num problema seu, Alegre perdeu, como se disse, dos dois lados e não ganhou nada onde antes já não ganhava.
A tua análise é muito articulada, como habitualmente, mas parece-me que não tem em conta um aspecto que me parece fundamental. O tempo em que Alegre poderia ter começado a trabalhar uma recandidatura foi a seguir às eleições de 2006 e ele não teve coragem para transpor o Rubicão. Agora, até se sujeita às malandrices soaristas da candidatura Nobre e ao desgaste subtil do "apoio ou talvez não" de muitos notáveis PS.
ResponderEliminarÀ margem - parabéns ao fanático benfiquista!
Não vale apena estarmos com lirismos. Alegre não vai ser o próximo PR porque traiu o PS e fez-se candidato do BE. A direcção do PS, ainda que muito dividida, vai dar-lhe o apoio, mas é evidente o contragosto com que o faz. A maior parte dos simpatizantes do PS nunca votarão PS porque se lembram ainda das suas posições na AR ao arrepio do partido.
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