quarta-feira, 24 de novembro de 2010

CRISE FINANCEIRA OU CRISE ATLÂNTICA?


FIM DA HEGEMONIA OCIDENTAL?

E se parássemos um pouco para pensar as coisas num outro enquadramento? E se a crise vista numa perspectiva não ocidental mais não fosse do que uma crise atlântica? Ou seja, o primeiro sinal inequívoco do próximo dobre a finados da hegemonia ocidental?
Vale a pena ler este artigo sobre como a Ásia pensa a crise e as suas consequências

5 comentários:

  1. Penso que o "status quo" de supremacia Ocidental, ao menos formalmente no CS, baseado (França vencedora?) no resultado da II Guerra, talvez se mantenha para além do que a real relação de forças indicaria. A actual supremacia nos diversos palcos ( ONU, FMI BM) conta com um trunfo, a meu ver, que é a rivalidade entre os candidatos. Exemplos: A consagração do Brasil vai ter uma oposição forte quer da Argentina quer do México (relembre-se a posição da Argentina no que toca ao desenvolvimento de programas nucleares sempre ligando a questão à posição do Brasil). A China não tentará barrar qualquer progressão do Japão e mesmo da Índia? E o Paquistão dará de barato a descolagem do inimigo. Claro que nestes tempos "História" pode avançar em semanas o que parece requerer décadas.
    LG

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  2. Se falares da China, estou de acordo : está a caminho de ser a maior potência do Mundo. Quanto ao resto da Ásia, não partilho a visão eufórica do autor, cujo livro também li, por razões que seriam aqui longas de explicar. Quanto à Europa, on est fichus, aber Deutschland uber alles...

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  3. Não existe nem crise financeira nem crise Atlântica.O que esta a acontecer deve-se a liberalização do comercio mundial, e a emigração descontrolada.
    A liberalização do comercio, levou ao deslocar de fabricas da Europa para a Ásia..
    A o descontrolo da emigração leva a falência a segurança social europeia.
    Ora, Europa, só vive do comercio e dos serviços, onde vai buscar dinheiro..
    Os Políticos sabem isto muito bem, mas não querem ou não podem recuar.

    O Brasil e a China só crescem na medida em que a Europa decresce, não por terem um mercado interno dinâmico, que gere receitas, mas sim devido ao aumento abismal das suas exportações, a Europa ou se protege ou regride muitos anos..

    Depois vem um problema, se a qualidade de vida se degrada, as pessoas começam a acreditar que a solução são os partidos nacionalistas..

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  4. O artigo é de facto interessantíssimo, e penso que o autor tem razão. Mas há que lê-lo até ao fim: "Faire le deuil de l´hégémonie est une chose. Se résigner à l'éffacement en est une autre."
    De facto, porque havemos de resignar-nos a ser apagados do mapa? Tal como diz o autor, penso que o Ocidente(eu preferiria dizer a Europa, pois o meu "patriotismo" é mais europeu do que "ocidental") deve "promouvoir ses valeurs dans le reéquilibrage mondial en cours."
    Porque não havemos de promover os direitos humanos, o laicismo, a liberdade, valores que tanto nos custaram a conquistar? A Europa não pode nem deve ser masoquista. Será que devemos andar per omnia saecula saeculorum a penitenciar-nos por termos feito as Cruzadas?
    O próprio socialismo é uma ideia europeia. Não há neste momento no mundo nenhum país socialista. Mas ainda assim, é o Estado social europeu que mais se aproxima desse ideal.
    Não é o facto de um país ser governado por um partido que se intitula "comunista" que torna esse país comunista, nem sequer socialista. Na China, por exemplo, o operariado vive e é explorado como o era na Inglaterra no tempo do Marx, há mais de 150 anos. Tenho a impressão que os "comunistas" chineses, depois de andarem meio século a tentar "construir o socialismo" -como se o socialismo pudesse ser "construído" por simples voluntarismo - sem qualquer sucesso,lendo o livrinho vermelho do Mao, leram finalmente qualquer coisa sobre o Marx - esse grande europeu - e descobriram que o socialismo nasce nas ruínas do capitalismo, e não da vontade de qualquer "querido líder". E então resolveram, reconheçamos que com alguma lógica, "construir" primeiro o capitalismo, para depois de ele estar construído o destruirem. E é isso que eles andam a fazer: andam a construir o capitalismo, recriando, de um modo até excessivo, o sistema de classes que existia na Europa em meados do século XIX. E copiando a tecnologia que nós, europeus, inventámos.
    Por isso, meu caro Correia Pinto, não vejo razão para nos envergonhar-mos de ser europeus. Pelo contrário, acho até que devemos orgulhar-nos de o ser.
    Devemos encarar a Europa como uma "pátria", e lutar pelos nossos valores, inclusive o socialismo, dentro dela e a nível global. Isso demorará muito tempo? Acho que sim; mas mesmo assim penso que chegaremos ao socialismo antes da China!
    Um abraço

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  5. Meu Caro Horta Pinto
    Questão prévia: os chineses dizem que o socialismo é um objectivo ao qual se pode chegar por meio do capitalismo. Nisto não diferem muito de uma corrente do socialismo europeu que igualmente convive bem com a ideia de o capitalismo e o socialismo se poderem “ir fazendo” simultaneamente. Depois há outras diferenças que já não resultam tanto do modo de produção económico, mas antes da tradição político-filosófica de cada uma das regiões.
    Questão de fundo: o que são hoje os valores europeus? São os valores cristãos que o Papa prega e a Igreja difunde? São os da reforma luterana e do calvinismo? São os da herança greco-romana, onde cabe tanta coisa boa e outra tanta má? Ou são os do Iluminismo e os da Revolução Francesa, bem como os seus desenvolvimentos posteriores? Ou serão antes, na hora que passa, os do individualismo e da ganância? Dirás, ou dirá muita gente, são um pouco de tudo isso. Pois, mas nós, mais do que agentes de um processo histórico, somos sujeitos de um tempo histórico. E no tempo histórico que vivemos a ganância e o individualismo hegemonizaram o pensamento ocidental. E a crise do Ocidente, que indiscutivelmente existe, é uma profunda crise moral que se deve-se muito mais à hegemonia destes "valores" do que à emergência de novas potências.
    Abraço
    CP

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