CONVERGÊNCIA DE OBJECTIVOS
A “Dama de Sintra” entrevistou hoje Fernando Nobre. A estratégia da entrevistadora é sempre a mesma: ilibar Cavaco Silva do caso “acções SLN”, mais correntemente conhecido como “caso BPN”.
Apenas vai mudando de táctica consoante o entrevistado e as suas mais que previsíveis respostas. Ontem, com Defensor Moura, o objectivo era impedi-lo desde o início de falar no assunto, remetendo a questão para o minuto final de modo a minimizar o seu efeito ou mesmo a neutralizar qualquer intervenção mais contundente.
Hoje, com Nobre tudo mudou. Sendo claro que Nobre se candidata contra Alegre, é evidente para qualquer analista político que as suas respostas sobre o “caso BPN” só poderiam traduzir-se num ataque àqueles que, segundo o seu mais que conhecido entendimento, fazem da campanha um palco para ataques pessoais e ao carácter dos outros candidatos. E já se sabe que nesta sua diatribe contra os outros candidatos pode sempre contar com a colaboração da entrevistadora que, questionando-o, vai simultaneamente extraindo as conclusões e tirando a "moral da história".
Com Nobre escusa Cavaco de se preocupar. A cidadania que ele diz representar não entra nos meandros dos negócios financeiros. Fica à porta, ou não fosse Nobre um ilustre representante da exigente cultura do subsídio…
Oriundo do “Portugal Ultramarino”, educado na Bélgica, Nobre apenas encontra “Portugal metropolitano” na década de oitenta do século passado. E é do percurso feito a partir de então em instituições humanitárias que se alimenta a sua candidatura. Percurso que, pelo menos num ou noutro ponto, convergiu com o da entrevistadora, que também acompanhou no Congo, como jornalista, o drama dos campos de refugiados do Uganda.
Nobre tem excelentes relações com os media que sempre registam os primeiros dias da ocorrência de uma qualquer catástrofe. Passados esses dias, a catástrofe deixa de ser notícia, os desventurados da fortuna ficam entregues ao seu triste destino, e a gente só fica a saber quem “posou” para a fotografia. E essa é uma falha que infelizmente Nobre não pode agora colmatar. Como atestar a continuação da sua presença se as televisões se vêm embora?
Nobre quer falar das ideias que o movem, da ruptura que representa relativamente aos demais…mas só fala do percurso e o percurso, como acabamos de ver, sofre de indocumentação…
É pena que Nobre não tenha documentado mais o seu percurso com reflexões, propostas e acções que pudessem no futuro contribuir para atenuar pelo menos as catástrofes causadas pelo homem, à semelhança daqueles que, tendo igualmente feito da vida um permanente percurso pelas catástrofes que assolam a humanidade, nos legaram um contributo narrativo capaz de ajudar a compreender e a prevenir a desgraça de quem as sofre.
Qualquer que tenha sido o papel de Nobre no percurso que escolheu, por mais nobre que seja, ele é curto para justificar uma candidatura à Presidência da República, embora possa ser suficiente para atingir os seus objectivos.
Ora bem! aquela insinuação aos "telhados de vidro" de outros candidatos parecia um míssil teleguiado..
ResponderEliminarE Porque os Debates são quando são? E porque não falam todos na RTP do Estado?
ResponderEliminarOnde está a igualdade?
Precisamos de um Presidente Jovial e com outra mentalidade e talvez muito mais novo, mas não sei quem...
Acho injusto que se classifique Fern Nobre e aquilo que tem feito assemelhando-o (a) à pedinchice...
ResponderEliminarTambém acho feio dizer-se que só há poucos anos encontrou Portugal como se, ter vivido nas possessões portuguesas, fosse um crime ou se a passagem pela Bélgica o tivesse contaminado... ao ponto de o seu percurso humanitário ser inferiorizado. Ter sido deputado, prof. universitário e político de profissão ou poeta são melhores atributos ou únicos e indispensáveis para se concorrer a presidente?
E finalmente aquela de se insinuar que depois de passar a TV e a foto do jornal o Fernando Nobre dá às vila diogo deixando os miseráveis entregues a si próprios, carece de uma explicação: ou é verdade e então o meu coração cai-me ao chão, ou é mentira e, nesse caso quando se diz que ele ficando a cuidar dos doentes já não tem documentação para o provar é o quê?
Só lhe restava escrever como evitar catástrofes? Com franqueza,
Aqui fica a transcrição:
"(...)Fica à porta, ou não fosse Nobre um ilustre representante da exigente cultura do subsídio…
Oriundo do "(...) Nobre apenas encontra “Portugal metropolitano” na década de oitenta do século passado. E é do percurso feito a partir de então em instituições humanitárias que se alimenta a sua candidatura.
«Nobre tem excelentes relações com os media que sempre registam os primeiros dias da ocorrência de uma qualquer catástrofe. Passados esses dias, a catástrofe deixa de ser notícia, os desventurados da fortuna ficam entregues ao seu triste destino, e a gente só fica a saber quem “posou” para a fotografia. E essa é uma falha que infelizmente Nobre não pode agora colmatar. Como atestar a continuação da sua presença se as televisões se vêm embora?
Nobre quer falar das ideias que o movem, da ruptura que representa relativamente aos demais…mas só fala do percurso e o percurso, como acabamos de ver, sofre de indocumentação…
É pena que Nobre não tenha documentado mais o seu percurso com reflexões, propostas e acções que pudessem no futuro contribuir para atenuar pelo menos as catástrofes causadas pelo homem, à semelhança daqueles que, tendo igualmente feito da vida um permanente percurso pelas catástrofes que assolam a humanidade, nos legaram um contributo narrativo capaz de ajudar(...)»
F Santos
O que está dito no texto é que Nobre tem uma boa relação com os media e que estes apenas estão presentes quando a catástrofe é notícia, ou seja, nos primeiros dias. Depois regressam à base...
ResponderEliminarComo Nobre também está presente um dia depois de a catástrofe ocorrer, encontra-se com os media no aeroporto, à partida de Lisboa, e no lugar de destino.
Depois os media regressam e de Nobre fica sem se saber. Não quer dizer que lá não esteja, o que quer dizer é que o seu apregoado percurso está pouco documentado para o comum dos mortais.
Quanto à cultura do subsídio, sim, ela existe. E é exigentíssima. Pessoalmente, prefiro lidar com um credor a "título oneroso" do que com um credor a "título gratuíto", prinipalmente quando ele contesta o papel do Estado!
5 de Janeiro de 2011 19:52