domingo, 3 de julho de 2011

NOTINHAS LIGEIRAS DE FIM-DE-SEMANA

DE PORTAS A MÁRCIA DA RTP PASSANDO POR MARCELO



1-     Muito gosta Paulo Portas das rimas, dos trocadilhos, dos sentidos contrastantes. Se tivesse nascido no Minho poderia ter sido cantor ao desafio. E lá se teria perdido um político com tanto jeito para brincar, simples, com a língua. E também gosta muito do trabalho - é, aliás, um grande amante do trabalho…dos outros. Alguém oferece a Paulo Portas um exemplar do famoso livro de Paul Lafargue?

2-     A história de Bernardo Bairrão estava obviamente mal contada. As versões que o Governo foi remetendo aos jornalistas servis para serem amplificados pela comunicação social não convenciam ninguém. Nem o Marcelo tinha nada a ver com o assunto, nem a posição do Bairrão sobre a RTP teve qualquer relevância no “desenlace” (ouça-se Pais do Amaral e Balsemão e até Portas, certamente por outras razões). Uma coisa é certa: Passos Coelho saiu de São Bento (ou da Gomes Teixeira) com o nome na lista e veio de Belém com ele cortado. Porquê? Cooperação activa? A propósito, Moniz e Moura Guedes não tiveram uns “problemazinhos” com o Bairrão na TVI? Sim, o Moniz, o da Ongoing, o mesmo a quem Garcia Pereira, in illo tempore, em directo, chamou serventuário do cavaquismo…

3-      Aquela plebeia do Mónaco teve uma oportunidade rara de fazer história (até os livros infantis iriam mudar…) e deixou que a história lhe passasse ao lado…

4-      Dominique Strauss-Kahn saiu em liberdade, sem caução, com a obrigação de se manter nos Estados Unidos, com grandes hipóteses de ser absolvido…ou de nem sequer ser acusado (se a terminologia estiver correcta para o direito penal de Nova York). Uma certeza, duas dúvidas e a versão oficial. A certeza: na América a equanimidade da Justiça varia na razão directa do dinheiro que se tem (talvez por saber isso é que a polícia de Nova York não dispensa o perp walk); as duas dúvidas: ou o Strauss-Kanh foi tramado mostrando-lhe o isco em que ele iria de certeza pegar (por quem? rivais políticos? quase improvável; capital financeiro? mas alguém chega à direcção do FMI apenas por ser intelectualmente brilhante?); ou o Strauss-Kahn e a sua devotada esposa souberam aproveitar muito bem o mais poderoso lobby de Nova York, apesar das declarações de Bloomberg aqui há uns tempos (mas o que havia ele de dizer?). Ou então tudo se passou tal qual foi relatado: a Nafissatou Djallo perdeu a credibilidade porque se descobriu que já tinha mentido (não se sabe se apenas uma vez, para se legalizar, ou mais…). Coisas da vida: na política quem mente pode ser eleito para qualquer cargo e depois reeleito se continuar a mentir; mas “na palavra contra palavra” (não obstante a prova de certos factos) a mentira é negativamente decisiva, mesmo que tenha ocorrido a propósito de um assunto que nada tem a ver com o assunto de que agora se trata! Não é uma crítica: é uma constatação….

5-     A Márcia da RTP apresentou na passada quinta-feira uma entrevista com Gorbachov. Uma peça jornalisticamente desonesta. A entrevista era a todo o momento entrecortada com imagens comentadas pela dita Márcia na defesa de uma tese. Desconhece-se em que condições Gorbachov concedeu a entrevista. Mesmo que se tenha tratado de uma entrevista paga (à fundação que leva o seu nome), nem por isso deixa de ser um trabalho desonesto. Mais: mesmo que não fosse desonesto para Gorbachov, se avisado do que se iria fazer (o que não é crível), nem por isso deixaria de sê-lo para o telespectador. Se o jornalista quer fazer uma reportagem sobre determinada personalidade e até defender uma tese relacionada com os temas em que essa dita personalidade foi protagonista não actua como Márcia actuou. Ouve várias pessoas, além do visado, junta imagens ou o que quiser, mas não diz que está a fazer uma entrevista. A entrevista é para apresentar uma conversa entre o entrevistado e o entrevistador. Tudo mais é batota. Aliás, ainda há dias uma televisão estrangeira apresentou uma reportagem sobre a Perestroika com breves comentários do repórter, um longo recurso a imagens,  declarações da época dos intervenientes e depois, para terminar, passou uma entrevista com Gorbachov, sem cortes, nem interrupções. Um trabalho de qualidade, coisa que comprovadamente Márcia não sabe fazer.

6-     Marcelo sobre o Programa do Governo: “Questionado sobre a criação de um novo imposto extraordinário, equivalente a 50% do subsídio de Natal, acima do salário mínimo nacional, Marcelo reconheceu que "durante a campanha eleitoral não se falou neste pacote de medidas". Porém, argumentou, "também não se disse que não se tomavae acrescentou: Essas más notícias não se dão [durante a campanha eleitoral], mas sobretudo porque nunca quem vai para o Governo sabe exactamente a situação em que se encontra" o País", sublinhou. Para professor de direito é uma resposta elucidativa: se Marcelo tivesse aprendido Direito pelos manuais de Manuel de Andrade teria dificuldade em dar esta resposta (vergonha, inibição...). Como não estudou, não tem…..

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