sexta-feira, 1 de julho de 2011

A PERFÍDIA DA DIREITA NAS QUESTÕES SOCIAIS



APENAS ALGUNS EXEMPLOS

A direita é pérfida e usa a perfídia para enganar o povo. Basta ouvi-los. Ainda hoje Mota Soares explicava, empolgado, o ataque que pretende fazer à segurança social, a pretexto do combate às pensões altas. E povo, ouvido por uma estação de televisão, não se cansava de repetir: “Tem toda a razão. Pode lá o Estado pagar pensões tão altas!”

É claro que uma coisa são as pensões obtidas fraudulentamente, às vezes sem descontos realizados pelos beneficiários (alguém paga por eles) ou concedidas por meia dúzia de anos de trabalho principescamente pago (às vezes, nem meia dúzia) ou a acumulação de pensões por trabalho prestado a tempo inteiro (sabendo-se, como se sabe, que quem trabalhasse para o Estado não poderia desempenhar outra função a tempo inteiro; não poderia nem teria tempo para o fazer se cumprisse o horário a que estava obrigado) ou os fundos de pensões constituídos com dinheiro das empresas, por quem nelas manda, destinados a atribuir pensões milionárias a quem nelas trabalhou em lugares cimeiros – tudo isto são vigarices…por mais legais que algumas sejam.

Outra coisa completamente diferente é alguém ter descontado nos termos da lei de acordo com o que ganhava e ao fim de uma vida de trabalho gozar a pensão a que tem direito.

Ora, o que Mota Soares quer é estabelecer um limite muito baixo para as pensões a pagar pelo Estado e dispensar os futuros titulares dessas pensões de descontar pelo que recebem como ordenado…obrigando-os apenas a descontar pelo que vão receber a título de pensionistas. Se os que ganham mais ficarem dispensados de contribuir para a segurança social acima de um certo montante, isso quer dizer duas coisas: primeiro que se abre aí uma grande oportunidade de negócios para uma segurança social privada e depois que se quebra a solidariedade intergeracional que tem sido a base do sistema.

E o mesmo se diga da saúde. Também não há melhor forma de acabar com o SNS do que obrigar quem tem dinheiro, ou algum dinheiro, a pagar a maior parte dos cuidados de saúde. As razões são as mesmas: quem paga não quer ser chamado a contribuir para uma coisa de que não beneficia.

Os que acreditam que esta é uma boa solução, porque obriga os ricos a pagar, só vão perceber mais tarde o erro em que incorreram ao dar o seu assentimento a semelhante política.

E, atenção, quando eles nos falam na defesa do “Estado social”, como de resto nos falavam os governantes do PS e alguns dos seus intelectuais orgânicos, do que realmente estão a falar é de assistencialismo. E quando nos remetem para as chamadas IPSS do que estão a falar é dos que fazem da “caridade” uma profissão.

O estado social tem cidadãos. Com direitos ganhos na luta contra o capital. E não pedintes com a obrigação de agradecer a esmola!

E é isso o que esta gente tem feito desde que o neoliberalismo se tornou hegemónico: fomenta a produção de pobres e de excluídos a que depois acorre com alguma esmola para evitar males maiores.

Aliás, o PS percebe muito bem isto quando está na oposição, como ainda hoje se viu, ao “dissertar” sobre o tema no debate sobre o “programa do governo”. Mas é uma posição hipócrita: uma posição que o partido não aplica nos mesmos termos quando está no governo. O PS abriu as portas que estes agora vão escancarar ou mesmo derrubar.

Esta questão, relativamente ao PS, vem à baila não por qualquer espécie de intenção persecutória. Apenas porque é recorrente. Já se viu este filme muitas vezes a propósito de muitas outras coisas…

6 comentários:

  1. Toda a razao. E ja repararam que os reformados que acabam o mandato de deputado, passaram a chamar a nova reforma "subvencao vitalicia"? Nao va alguem pensar que acumulam reformas. De modo nenhum! Assim se lavam as consciencias. Nesses ninguem se atreve a tocar...

    ResponderEliminar
  2. Esta polémica acerca da TSU/SS, tem pouco de técnica, é sobretudo uma questão política. A SS é uma sistema de redistribuição da riqueza e portanto os seus principais intervenientes usam de falácias para convencer da bondade das sua medidas inclusive os que com elas vão ser prejudicados, quer dizer os que vão perder na nova redistribuição. Hoje as receitas da SS têm uma forte componente fiscal (imposto), só parcialmente se pode falar de taxa. Portanto, a redução das contribuições, qualquer que seja a justificação "técnica", redundará sempre numa redução da carga fiscal dos que dela vão beneficiar. E este é o objectivo final: redução da solidariedade interprofissional e intergeracional, ainda que embrulhada pelo papel da moralização das pensões milionárias. Como diz o autor nada é dito sobre os mecanismos usados pelos beneficiários de muitas dessas pensões, muitas delas resultantes de "direitos" forjados inclusive por empresas quando já não pagavam ordenados nem pensavam voltar a pagá-los.

    ResponderEliminar
  3. Portugal está cada vez mais a saque, nas mãos da PÉRFIDA DIREITA...
    Só a luta e com muita força, porque isto vai de mal a pior!!!

    ResponderEliminar
  4. Por este andar ainda vão tentar privatizar o ar que respiramos...
    O povo tem memória curta; A última vez que baixaram o pagamento da TSU, paga pelos patrões, em 1% no ano a seguir aumentaram 1% nos descontos efectuados pelos trabalhadores.

    ResponderEliminar
  5. Tudo bem! Mas para quê o ataquezinho ao PS? Não bastou o que bastou? Factos são factos, quem abriu a porta à direita foi o PCP e o BE.

    ResponderEliminar
  6. Desculpe, Manojas pode repetir que eu acho que não percebi bem.
    Abrir o caminho à direita, foi as politicas que o PS impôs ao País, que de esquerda nada tiveram...

    ResponderEliminar