A CRISE DA DÍVIDA E O EXCESSO DE HIPOCRISIA
Em múltiplos posts defendemos neste blogue a ideia de que a dívida dos países periféricos tinha em todos os casos a mesma origem, apesar de se apresentar com diferentes matizes.
Defendemos igualmente a ideia de que tal crise não era imputável aos desvarios deste ou daquele governante, não com a preocupação de inocentar quem quer que fosse, mas pela pura e simples razão de que a crise era uma consequência inevitável do sistema, já que as assimetrias que o integravam bem como as regras que o regiam tendiam, com a passagem do tempo, a agravar essas diferenças, tanto mais quanto maior fosse a aparente prosperidade dos que caminhavam alegremente para a bancarrota.
Evitar o desenlace que está à vista de todos teria sido possível mediante uma recusa do sistema que o gerou, coisa que nenhum dos hipócritas justiceiros que exigem “punição” teria sequer em sonhos admitido.
É que o capital tem as suas regras e supor que ele se pode mover por outro interesse que não seja a sua máxima rentabilidade é uma idiotice que nem sequer exige reflexão para ser rebatida.
Paul Krugman considera sábias as palavras de Kash Mansori sobre o que se passa na Europa. Elas vão exactamente no mesmo sentido do que aqui tantas vezes foi dito e que tantas críticas amigas nos valeram daqueles que entenderam que estávamos a desvalorizar excessivamente a acção deletéria dos anteriores governantes.
Enquanto o povo português, ou, pelo menos, aqueles que honestamente procuram a compreensão do que se passou, não atinarem com a análise correcta sobre a crise da dívida, melhor dizendo, do euro, vamos continuar a bater-nos, com a melhor das intenções, contra moinhos de vento!
Vinte estrelas, meu amigo... vinte estrelas!
ResponderEliminarAbraço.
Concordo inteiramente, como é costume.
ResponderEliminarInfelizmente, principalmente entre gente da nossa geração e mesmo bons amigos nossos comuns estão tão influenciados pela luta política tradicional - em que deram o seu melhor - que hoje não são capazes de fazer o que dizes e eu também. Continuam com uma visão retórica da política, superestrutural, fechada nas regras, usos e mentalidades da política formal. É assim muito mais fácil pensar a crise em termos redutores - e menores - de quem fez o quê, Sócrates ou Coelho.
Lembro que o meu Moleskine teve como post inaugural coisa sobre isto, a necessidade de uma nova abordagem sistémica e de economia política. E por isto tenho na barra lateral a frase conhecida "It's the economy, stupid!"
... fiz link, claro!
ResponderEliminarObrigado :))