Ontem na Figueira da Foz, na presentação do livro que acabou de publicar – e que por sinal não tem qualquer interesse, seja qual for o ponto de vista de apreciação –, Mário Soares vangloriou-se de ter tido uma conversa muito dura e prolongada com Sócrates a propósito do “pedido de ajuda externa”. Segundo Soares, Sócrates não queria de forma nenhuma fazer o pedido de intervenção e (depreende-se) que somente depois de “encostado à parede” acedeu fazê-lo. E invoca ainda para fortalecer a sua posição a opinião concordante com a sua do então Ministro das Finanças, Teixeira dos Santos.
Com esta confidência Soares não adiantou rigorosamente nada acerca do que se pensa da sua intervenção política antes, durante e depois do 25 de Abril. Ou seja, Soares é um homem de direita, que concorda com esta miséria de governação a que se chama “democracia representativa”, e que sempre esteve disponível antes, durante e depois do 25 de Abril a todo o tipo de acordos com os sectores mais reaccionários da sociedade portuguesa, inclusive com a extrema-direita. E nunca com a esquerda.
Portanto, não admira rigorosamente nada que Soares tivesse incentivado a intervenção externa por que a actual extrema-direita tanto ansiava para se desforrar das conquistas de Abril.
Mas se Soares com esta confidência não acrescentou nada relativamente à sua personalidade política, acabou prestando um relevante serviço a Sócrates. O facto de agora se ter a certeza de que Sócrates foi coagido a solicitar intervenção externa não deixa de constituir um importante ponto a seu favor. Nem interessa sequer saber as verdadeiras motivações dessa atitude, porque o que importa é o facto objectivo em si.
O PS, o actual PS, deveria partir desta confidência para se afastar definitivamente do Memorandum da Troika já um acto praticado sob coacção não tem qualquer valor.
Totalmente de acordo com o seu post.
ResponderEliminarSoares mostra ser um mau caracter, 1º por não ter o minimo de pudor em revelar conversas de estado privadas, 2º por pressionar um 1º ministro a fazer o jogo da direita e dos patrões dos bancos. De notar q Soares presentemente trata o gauleiter Passos com pinças, alicerçando todas as criticas na actuação de Merkel. Pudera com uma Fundação finaciada pelo estado cujo dossier esta a ser tratado pessoalmente pelo 1º ministro, até diz q ele é bom rapaz. Vergonha.
Desde a noite das eleições presidenciais com o ataque de Cavaco, moveram-se inumeras forças que conduziram à queda do Governo anterior que tentava contra tudo e todos ceder ao pedido de ajuda externa. As recentes revelações de Judite de Sousa ao confessar ter-se deixado "utilizar" pelos banqueiros para pressionar o antigo Governo. Daqui a uns anos quando se souber mais sobre aqueles 3/4 meses ter-se-á uma perspectiva totalmente diferente do q realmente aconteceu.
E sim a esquerda tambem tinha consciência do q significaria o pedido de ajuda externa e nada fez para o evitar, aliou-se sempre à direita na maior e mais nojenta campanha dirigida contra um homem q há memoria. Não venham agora clamar em nome do Povo pq a sua actuação foi do mais reles populismo e oportunismo.
Enfim foi um completo "Crime no Oriente Expresso" mas sem o Poirot para o deslindar, porque a comunicação social em portugal faz parte do poder reaccionario q de facto controla este país.
O seu último parágrafo quase estragava tão cruento e acertado texto... é que no actual PS há uma multidão que aceitaria fazer idêntica pressão. Ou julga que o Soarismo se reduz ao titular?
ResponderEliminarSintetizando, pois, para a História:
ResponderEliminarÀ reformulação do pensamento socrático ("Penso, logo, desisto") seguiu-se que "o seguro morreu de velho"...
Sangue, Soares e Lágrimas!...
o senhor Soares tem um daqueles espelhos, que dizem que não há ninguém mais "belo" que ele...
ResponderEliminarSempre, sempre a tentar ficar para a história como o "pai" da pátria. Dr. Soares deixe-se de fitas, nós já o conhecemos de ginjeira!
ResponderEliminarAbreviando: Gostei.
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