A UNIÃO EUROPEIA A CAMINHO DO TOTALITARISMO
Com excepção daqueles países, como Portugal, que recorreram a receitas extraordinárias para cumprir as metas impostas por Bruxelas e que contam com um povo na sua maioria estruturalmente servil, todos os demais ficaram aquém das metas estabelecidas, além de terem, pelas políticas adoptadas, desencadeado uma onda imparável de desemprego e mergulhado a Europa numa das maiores recessões dos últimos cinquenta anos.
O caso da Espanha é sem dúvida o mais grave. Apesar do dilúvio de euros com que o BCE desde Dezembro tem inundado os bancos espanhóis (e também os italianos, franceses e portugueses) – mil milhões de euros a taxas baixíssimas – a verdade é que isso apenas tem servido para impedir a falência da Espanha e da Itália, mas em nada tem favorecido o crescimento em virtude da situação calamitosa em que os bancos se encontravam e ainda encontram.
E esta situação dos bancos, nunca é demais referi-lo, não se deve somente ao financiamento das empresas públicas e do Estado, como reaccionária e mentirosamente afirmam os nossos economistas do establishment, mas principalmente ao imenso lixo tóxico que continua a habitar os seus balanços, quer o proveniente do subprime (e “investimentos” semelhantes), quer o das bolhas imobiliárias nacionais, quer ainda do louco consumo privado que eles irresponsavelmente fomentaram. Daí que apesar dos milhares de milhões que caiem quase de graça do BCE, ainda não haja sobras suficientes para financiar a economia real.
Como ontem aqui se disse, o que agora se exige à Espanha é incomportável. De facto, apesar do drástico “ajustamento” aplicado por Zapatero, o défice não baixou para os 6% previstos, mas antes subiu até aos 8,5% do PIB. Com uma taxa de desemprego que já supera os 23% da população activa, pedir-lhe reduza este ano o défice para 4,4%, cortando mais 44 mil milhões de euros, é mesmo que pedir-lhe que faça hara-kiri. Além de que na Espanha, ao contrário do que acontece em Portugal, os socialistas do PSOE, apesar dos “fretes” que fizeram no passado recente, estão agora com a calle, apoiando sem reservas os movimentos populares de protesto. Ainda há dias, respondendo ao PP, Rubalcaba dizia: “ O PP manifestava-se com os bispos, nós manifestamo-nos com os sindicatos. Cada oveja com su pareja”
Os nossos socialistas, como são de veludo, preferem concordar no essencial e divergir isoladamente no acessório.
Mas há mais: o Tratado que ontem foi assinado em Bruxelas pelos governantes dos 25 países da União Europeia que aceitaram submetê-lo à ratificação dos respectivos Estados, ao consagrar como limite máximo do défice estrutural 0,5% do PIB, avança num caminho que já não se via desde os piores totalitarismos. Ou seja, sacraliza legalmente uma doutrina económica e relega para o domínio do herético, do impuro, uma outra doutrina económica – o keynesianismo – considerando-a ilegal e merecedora das mais graves sanções.
Os nossos socialistas sempre tão preocupados com as liberdades, principalmente com o agravo que Moscovo lhes poderia causar, preparam-se agora para “lavar as mãos como Pilatos”, deixando que semelhante enormidade totalitária fique a fazer parte do ordenamento jurídico português sem o seu voto contra!
O braco estendido ja nos dis alguma coisa...Excelente comentario. Um abraco.
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