segunda-feira, 26 de março de 2012

NOTAS DE FIM-DE-SEMANA



DO DIA DO ESTUDANTE AO CONGRESSO DO PSD

DIA DO ESTUDANTE - A primeira nota do fim-de-semana vai direitinha para as comemorações do Dia do Estudante de 1962. Meio século é muito tempo. Um tempo todavia que continua presente na memória dos que nele participaram e também presente nos tiques de autoritarismo que a direita reaccionária nunca se esquece de exibir, como na quinta-feira aconteceu no Chiado, a coberto de um discurso pretensamente respeitador dos “direitos democráticos”.

Dos muitos textos que sobre a efeméride foram publicados ou das entrevistas que a televisão transmitiu merece destaque o de Correia de Campos no Público de hoje. Não só a prosa é escorreita, o que já seria de louvar, como a análise é lúcida e objectiva. Além de que o tom perceptivelmente próximo do acontecimento mas simultaneamente distanciado de quem recusa a primeira pessoa do singular para fazer a narrativa é, nos tempos que correm, de exacerbado individualismo, mais um motivo de apreço que não pode deixar de ser assinalado.

 O CONGRESSO DO PSD – Ou a vertigem do sucesso. Onde é que já vimos isto? Incrível, de facto, como um partido que está mergulhando no desemprego e na miséria uma parte considerável da sociedade portuguesa, que deixa sem esperança nem expectativas de futuro a juventude deste país, que multiplica com os absurdos programas de austeridade a insolvência e a falência de tantos e tantos portugueses, consegue, isto é: tem a coragem de fazer um Congresso triunfalista e exaltante das virtudes da governação.

De tudo o que lá foi dito sobra apenas como motivo de preocupação o repto pérfido lançado a Seguro e a resposta que este dará. Mas isso é matéria para reflexão mais aprofundada…

A ESCOLA PÚBLICA - A escola pública está sob o fogo cerrado dos “cratos” deste país. Sendo impossível por força da conjuntura que eles diariamente agravam dar plena execução ao objectivo que têm em mente em matéria de educação -  destruir o primado do ensino público consagrado na Constituição -  vão, entretanto, fazendo com inusitada ferocidade o trabalho ideológico preparador do fim que abertamente pretendem.

Nada melhor para isso do que o pretexto das “derrapagens” das obras da Parque Escolar. Está fora de questão, como é óbvio, fazer a defesa de procedimentos administrativos, de natureza contratual ou outra, desrespeitadores da lei ou excessivamente dispendiosos. Não é disso que se trata. Trata-se apenas de sublinhar a diferença que a direita (e também o Tribunal de Contas) põe na discussão deste assunto quando comparado com o das inúmeras parcerias que pululam neste país.

Dir-se-á que também nestas o Governo e os seus acólitos não têm poupado críticas. Só que há uma diferença de vulto: nas parcerias, nas rendas e em toda essa roubalheira que para ai existe a crítica vai apenas dirigida a quem as fez e não a quem delas usufrui. A partir daí a crítica cessa com fundamento no sacrossanto valor dos contratos. E tudo o que à volta disso se tem dito não passa de encenação para dar a ideia de que se está fazendo qualquer coisa, deixando na realidade tudo na mesma (como se está a ver na energia e se verá nas SCUTS, nos hospitais e por ai fora).

Na Parque Escolar não tenhamos ilusões: a grande vontade, para já inexequível, de Crato era dar em concessão aos privados ou privatizar mesmo as excelentes instalações com que o ensino público está hoje parcialmente dotado!

3 comentários:

  1. Em relação ao N. Crato é preciso recordar que ele se tornou conhecido por afrontar a diarreia mental que se apoderou da máquina da "educação". É preciso lembrar que nas críticas que ele fazia tinha a concordância da esmagadora maioria das pessoas comuns. Agora se esse discurso é apenas o embrulho de um projecto de destruição da escola pública.. não sei. Sei que ela foi em grande parte destruída pelas hordas de "cientistas da educação" capitaneados por diletantes tipo Ana Benavente. Quanto ao ataque ao que se passou nas obras das escolas, pois, também aqui o governo não precisa de inventar para encontrar gestão/governo danosa/criminosa. Agora é verdade que o Governo usa apenas o que é útil à sua "agenda", portanto faz por esquecer/justificar (o Estado tem que respeitar os contratos ....)o que, embora, igualmente criminoso favorece os "seus".
    lg

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  2. É verdade que houve muita asneira e muita irresponsbilidade na condução da pasta da educação durante décadas. Mas nada disso invalida a crítica a Crato, cujo programa - melhor dizendo, o projecto que a conjuntura tem impedido de converter em programa - tem como objectivo a liberdade de escolha entre a escola pública e a privada, obviamente financiada pelo contribuinte.

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  3. Está certo o comentário (na minha opinião), como está certa a resposta.
    O que deixa ver a dificuldade de adoptar uma posição clara quanto a Nuno Crato...
    Como fazer? Ora, pôr-lhe a careca à mostra (digo eu).

    A.M.

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