A AUSTERIDADE ACIMA DE TUDO!
E então surgiu a grande divergência. O Álvaro levou o assunto a Conselho de Ministros, num dia em que o Coelho não estava por cá, e exigiu que as Finanças disponibilizassem as verbas nacionais indispensáveis para a utilização daquele dinheiro.
E foi então que o Vítor teve de pôr os pés à parede e dizer: “Nesse dinheiro ninguém toca sem minha autorização”. E logo todos perceberam que, afinal, aquele dinheiro não era mesmo para gastar.
O raciocínio do Vítor foi muito simples: as receitas esperadas não vão ser arrecadadas, a diferença entre as despesas e as receitas vai ser superior à prevista, mesmo que as despesas se mantenham dentro das previsões; assim, para manter os números acordados com a Troika vai ser necessário impor mais austeridade, seja cortando nas despesas seja aumentando os impostos, ou uma coisa e outra; portanto, não há dinheiro paras co-financiar os “projectos do QREN”.
Perante esta argumentação, o Paulo olhou para os seus e pensou: “Se a Cristas despejar uns cento e cinquenta mil velhos e o Mota Soares conjugado com o Macedo conseguir que a gripe se prolongue até Junho, talvez se obtenha uma considerável redução da despesa sem necessidade de mais medidas de austeridade e até sobre alguma coisa para o Álvaro dar aos patrões”.
Estava o pavoneante Paulo nestas congeminações e o ousado Álvaro a tentar, sem papel, balbuciar mais umas quantas frases sobre a necessidade de, pelo menos, o Governo dar a impressão de estar a fazer alguma coisa pelo crescimento, quando o Vítor arrumou a conversa com um argumento definitivo.
“Não podemos de forma nenhuma dar a ideia à Merkel nem aos alemães de que a “farra recomeçou”. Eles não podem ter nenhuma espécie de dúvida sobre a interiorização da nossa culpa nem sobre a expiação que continuamos dispostos a fazer dos nossos pecados. Enquanto o programa da Troika se mantiver em execução quem ousar desafiar as metas nele previstas não tem lugar neste lado de cá da barricada”.
Interrompeu de seguida a reunião e telefonou ao Coelho, contando-lhe o que se passara. Perante argumentação tão concludente, nomeadamente a invocação de Merkel, o Coelho também não teve dúvidas. Chamou de imediato o Relvas, já algo impaciente com esta falta de negócios e, peremptoriamente, disse-lhe: “Diz ai no Conselho que quem manda nos fundos do QREN é o Vítor. Chama o Álvaro de parte e dá-lhe a entender, mas de maneira que ele perceba, que se continuar a fazer ondas com este assunto será de imediato devolvido a Vancouver e far-se-á por cá uma tal campanha sobre a sua incompetência que nem o Ruas o receberá quando ele voltar de férias a Viseu”.
E assim, com mais esta vitória, se encerra o glorioso período iniciado com a avaliação da execução do Memorando da Troika feita no fim do mês passado.
SPARPOLITIK ÜBER ALLES!
Bom relato da reunião do CM. Se não foi exactamente assim, a narrativa deve andar lá por perto.
ResponderEliminarexcelente resumo
ResponderEliminarBrilhante!... de facto, a previsibilidade das dinâmicas desta "equipa" não permite que lhe possamos atribuir outro grau de responsabilidade social (ou sequer económica), para além do que é aqui ilustrado.
ResponderEliminarUm abraço.
Como este post me fez rir!... Brilhante na fala que atribuiu aqueles comparsas… :))) “Se a Cristas despejar… e se o Mota conseguir ….”, mais aquela do Relvas… de Vancouver… e do Ruas :))) Não fosse isto dramático, diria que tenho vergonha de me ter feito rir tanto.
ResponderEliminarBrilhante o guião!!!
ResponderEliminar(das berças)
Assim, explicadinho, até eu entendo.
ResponderEliminarA sério...
A.M.
uma sugestão: colocar no final dos posts aqueles bonequinhos que permitem linká-los directamente para o facebook e etc. poupava-me o trabalho do copy/paste.
ResponderEliminar:-)
Se non è (exactamente) vero è ben trovato.
ResponderEliminare nada do sabujo Relvas?
ResponderEliminarSerá coincidência o facto de parte significativa dos assessores dos gabinetes do ministro da economia e respectivos secretários de estado ser oriunda da CIP?
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