O ACORDO COM AUTARQUIAS
A linha de crédito que o Ministério das Finanças vai conceder
às autarquias para pagamento de dívidas na sequência das negociações que vinham
tendo lugar entre Relvas e Ruas aparece na hora certa para o Ministro adjunto,
politicamente muito debilitado depois do “episódio das secretas” e das suas
ligações ao espião que continuava a espiar no interesse particular mesmo depois
de exonerado do cargo que ocupava. Mas Relvas estava também sob fogo cerrado na
frente autárquica tanto pelas restrições impostas aos municípios como por ter aberto
uma frente tão desnecessária quanto inútil na parte mais débil da administração
local, com o programa de redução das freguesias decidido completamente à revelia
da vontade das ditas. Esta linha de crédito vai permitir-lhe respirar durante
uns tempos e Ruas encarregar-se-á, como já começou a fazer, de tentar esbater
os protestos das freguesias e simultaneamente enaltecer o importante papel
do Ministro na defesa dos interesses autárquicos.
A prova de que Relvas
não pode cair, de que Passos Coelho não o pode deixar cair – e ambos saberão
bem porquê – está no facto de até Gaspar ter tido que se vergar aos superiores “interesses
nacionais” que exigem a sua permanência no Governo. Uma presença que cada
vez fica mais cara ao erário público…
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ResponderEliminar"e ambos saberão bem porquê"