CRÓNICA DE UM DESGRAÇA
ANUNCIADA
O que toda a gente antecipava aconteceu: as receitas diminuíram
apesar do aumento dos impostos. Toda a gente, vírgula, eles contavam e
desejavam tudo o resto – queda da procura interna, desemprego, recessão – só não
contavam que a quebra das receitas fosse tão comprometedora. Os talibans do
neoliberalismo acreditam nas máximas que a Escola de Chicago lhes ensinou.
Quando o resultado não é o esperado não é a teoria que está errada. É a
realidade. Logo, há que corrigir a realidade. Como? Com mais austeridade
para contrariar “o aumento significativo dos riscos e incertezas associados às
perspectivas orçamentais”.
Pois, só que vai ser necessário continuar a corrigir a realidade já
que o pior está para vir. No segundo semestre as receitas do IVA vão baixar
ainda mais, por ser nele que se farão sentir os efeitos do confisco dos
vencimentos.
Portugal está definitivamente no caminho da Grécia. Com uma
enorme diferença: de Portugal ninguém fala; fala-se da Grécia, da Espanha, da
Itália, mas de Portugal nem uma palavra, seja nas reuniões internacionais seja
nos grandes meios de comunicação. O governo não tem que expor internacionalmente
a degradante situação em que o país se encontra nem exigir novos caminhos, por
um lado, porque conta com o apoio do “extraordinário
povo português” para resolver tudo cá dentro e, por outro, porque age com o
fervor ideológico próprio de um gauleiter.
E assim está tudo bem até que o “extraordinário povo português” desperte da profunda letargia em
que está mergulhado…
esperemos que o "extraordinário povo" não decaia em "bom povo"...
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