sábado, 23 de junho de 2012

PORTUGAL A CAMINHO DA GRÉCIA




CRÓNICA DE UM DESGRAÇA ANUNCIADA
<p>Vítor Gaspar</p>

O que toda a gente antecipava aconteceu: as receitas diminuíram apesar do aumento dos impostos. Toda a gente, vírgula, eles contavam e desejavam tudo o resto – queda da procura interna, desemprego, recessão – só não contavam que a quebra das receitas fosse tão comprometedora. Os talibans do neoliberalismo acreditam nas máximas que a Escola de Chicago lhes ensinou. Quando o resultado não é o esperado não é a teoria que está errada. É a realidade. Logo, há que corrigir a realidade. Como? Com mais austeridade para contrariar “o aumento significativo dos riscos e incertezas associados às perspectivas orçamentais”.
Pois, só que vai ser necessário continuar a corrigir a realidade já que o pior está para vir. No segundo semestre as receitas do IVA vão baixar ainda mais, por ser nele que se farão sentir os efeitos do confisco dos vencimentos.

Portugal está definitivamente no caminho da Grécia. Com uma enorme diferença: de Portugal ninguém fala; fala-se da Grécia, da Espanha, da Itália, mas de Portugal nem uma palavra, seja nas reuniões internacionais seja nos grandes meios de comunicação. O governo não tem que expor internacionalmente a degradante situação em que o país se encontra nem exigir novos caminhos, por um lado, porque conta com o apoio do “extraordinário povo português” para resolver tudo cá dentro e, por outro, porque age com o fervor ideológico próprio de um gauleiter.

E assim está tudo bem até que o “extraordinário povo português” desperte da profunda letargia em que está mergulhado…

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