segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A INDIGNAÇÃO DE MARCELO


OS CONSELHOS DE MARCELO

Rebelo de Sousa ficou escandalizado com a comunicação de Passos Coelho. Vinha de carro e ficou gélido, disse. No seu habitual “talk show” com a Dama de Sintra, Marcelo estava fora de si, fervendo de indignação.
 
Como é possível que Passos Coelho tenha feito uma comunicação daquelas? Interrogava-se MRS, cada vez mais indignado.
 
E tudo isto porquê? Porque Marcelo acha infame que os reformados sejam espoliados de duas pensões depois de terem passado a vida a descontar sobre catorze ordenados? Porque os funcionários públicos vão perder um ordenado e entregar outro sob a forma de imposto? Porque aos trabalhadores do sector privado vai ser aplicado um imposto extraordinário no mínimo equivalente a um salário? Porque centenas de milhões de euros vão pura e simplesmente ser transferidos do trabalho para o capital para pagar a contribuição da segurança social que a este caberia?
 
Não, nada disso. Quer lá Marcelo saber dos reformados, dos funcionários públicos, dos desgraçados que recebem o salário mínimo, dos trabalhadores do sector privado que vão pagar com impostos extraordinários (permanentes) o que cabia aos patrões. Marcelo está indignado porque Passos Coelho não soube apresentar aquele saque devidamente “embrulhado em papel vistoso” que tornasse menos perceptível a verdadeira natureza do “embrulho”. Marcelo está indignado porque Passos Coelho não soube mentir, disfarçando aquele gigantesco esbulho com umas pequenas cócegas ao capital, daquelas que nunca têm quaisquer consequências, mas que dão nas vistas. É essa a razão da indignação de Marcelo. E como já nada pode fazer, aconselha o Presidente da República a sugerir ou até a impor a Passos aquela representação. As coisas não podem ser apresentadas ao povo tão cruamente.
 
Acontece que Passos e Gaspar, como fanáticos fundamentalistas neoliberais que são, não podem nem querem renegar as suas crenças com o anúncio de medidas, mesmo que falsas, que as possam conspurcar. Os anúncios que posteriormente venham a fazer – e vão fazê-los - serão para agravar ainda mais a situação de quem já está de rastos.

5 comentários:

  1. Não tenho qualquer dúvida sobre a razão da indignação de Marcelo. É óbvia.

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  2. A homilia de hoje é bem significativa de que a intervenção "desastrada" fica a dever-se "à impreparação" de Passos Coelho.... Marcelo está indignado porque Passos Coelho não soube mentir, as coisas não podem ser apresentadas ao povo tão cruamente....Bandalhos!!!
    (Maria do Sol)

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  3. Ou quis ser poupado nas palavras ou deliberadamente se concentrou no que considerou importante. Para mim há sinais (outros) de que Marcelo joga com (a vasta) audiência para fazer passar mensagens preocupantes:
    - prepara a opinião pública (através do medo) para que Cavaco não crie obstáculos ao orçamento
    - considera (de facto) o PCP fora do jogo democrático...

    Neste domínio é particularmente assinalável qualquer referência à Festa do Avante e poderá ser significativa a omissão ao discurso de Jerónimo de Sousa... Se começamos a admitir isso, estamos mais próximos do conhecido poema de Brecht do que poderia pensar...

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  4. Se vires Marcelo como um bom expoente da "ciência política", que certamente sabe de cor o Príncipe, dá-lhe o benefício de conhecer bem Talleyrand - pior do que um crime é um erro.

    Politicamente, a maior falha de PPC não é ser um ultra. mais é Gaspar. A sua falha é ser culturalmente indigente, pouco dotado intelectualmente, cometer erros. Aí, MRS tem toda a razão.

    Desculpa lá, mas hoje deu-me para ser cínico, coisa que até sabes que não está no meu feitio

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  5. É isso mesmo, caro Correia Pinto. A única coisa que Marcelo censura a Passos é ele não ter dourado bem a pílula. Como muito bem disse JVC, para ele, como para Talleyrand, pior que um crime é um erro.
    A propósito de crimes, permite-me deixar aqui um post que publiquei no blog Ponte Europa:

    http://ponteeuropa.blogspot.pt/2012/09/passos-coelho-confessa-se-criminoso.html

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