E NINGUÉM ACTUA EM LEGÍTIMA DEFESA?
Passos Coelho, com o apoio do demagogo Paulo Portas e a cumplicidade do, até aqui, seu parceiro de coligação, António José Seguro, acaba de assaltar os portugueses que vivem do seu trabalho com a mesma ausência de compaixão com que um marginal reincidente vai extorquindo das suas vítimas tudo o que elas precisam para simplesmente sobreviverem.
Há, porém, uma diferença entre ambos. O marginal, salvo os que se encontram nas cadeiras ministeriais ou delas saíram, nunca conseguirá quantias tão fabulosas como as que Passos Coelho vai arrecadar com as suas “medidas”. E depois há uma outra ainda mais grave: o marginal rouba em proveito próprio. Passos Coelho, independentemente das compensações que possa vir a obter no futuro – compensações à Jorge Coelho, Pina Moura, Ferreira do Amaral e tantos outros – actua deliberadamente e sem disfarces no interesse de terceiros. No interesse do capital para cuja conta vai despudoradamente transferir milhares de milhões de euros extorquidos aos trabalhadores e no interesse dos credores agiotas cuja voracidade alimenta à custa do sacrifício do povo.
Um homem como este, que actua com total ausência de compaixão e não hesita em mandar para a miséria milhões de concidadãos, não pode esperar nenhum perdão, nenhuma condescendência, nenhuma compreensão. Nenhum! Por mais poderosos que sejam aqueles para quem ele agora trabalha, nenhuma força, nenhuma influência, nenhuma protecção será suficientemente forte para impedir a força criadora da justiça popular. Que se há-de fazer. Não apenas contra ele, mas também contra os portas, os gaspares, os álvaros, os relvas (embora de direito comum), as cristas, os mota soares e tantos outros. E aqueles que agora se cevam com a pobreza do povo, como os pingos doce, os belmiros, os amorins, as edp, as galp, as pt, a banca e tantos outros, também não esperem nenhum tipo de perdão. Serão pura e simplesmente confiscados. E ainda ficarão a dever muito do que ilicitamente têm levado.
De facto, já não adianta argumentar contra a irracionalidade económica das medidas decretadas; não adianta demonstrar a inconstitucionalidade que as vicia; não adianta invocar a particular situação dos reformados para justificar a ilegalidade do confisco de que estão a ser vítimas; não adianta sequer esgrimir contra a inviabilidade de um projecto monetário que vai implacavelmente destruindo a parte mais fraca sem qualquer hipótese de regeneração.
Eles sabem muito bem tudo isto ou se não sabem é apenas porque juntam à sua imensa perfídia uma profunda estupidez. Para eles nada disso interessa. O que interessa, o que realmente importa, é aproveitar a crise, esta crise sem solução no quadro dos caminhos traçados, como um excelente pretexto para transferir fabulosos recursos do trabalho para o capital privado e eliminar praticamente todos os direitos àquele ligados, inclusive o direito à percepção de um salário, agora reduzido à mínima prestação socialmente exigível para a reprodução da própria força de trabalho.
Perante isto, o que valem as palavras? Sem ilusões: as palavras só valerão depois dos actos. Enquanto não houver actos, tudo vai continuar na mesma.
É isso mesmo. Com esta gente é preciso começar pelos actos.
ResponderEliminarV
Hoje de manhã saí e as palavras que mais ouvi foram bandidos, ladrões, filhos da puta, tiro, bomba e outras idênticas.
ResponderEliminarE não julguem que fui ao futebol. Foi na FNAC.
V
Justo, o fundo e o tom.
ResponderEliminarOs tiranos fazem planos para mil anos...
A.M.
Estão a acabar-se as ilusões até (e, porventura, principalmente) de uma "esquerda" urbana e bem-composta, que foi amolecendo o cérebro com as ilusões da luta de classes "versão light"...
ResponderEliminarPsst, ainda não sabias, pá? O fulcro do sistema não é porra nenhuma de bem-estar dos trabalhadores, é antes e somente o lucro, obtido através da exploração da força do trabalho.
Por isso, rapazes, não lhes chamem nomes feios (bandidos, ladrões, pulhas, agiotas...). Que diabo, sejam compreensivos, eles estão apenas a desempenhar o seu papel e a fazer o seu trabalho bem feito...
A nós, cabe-nos fazer o nosso - com igual competência.