O MINISTÉRIO DA
ECONOMIA
A remodelação dos secretários de Estado do Ministério da
Economia significa politicamente o reconhecimento da falência da acção política
do ministério. Como Passos Coelho e Relvas não podem mexer no Ministro, rodearam-no
de gente sua na esperança de que daqui para a frente as coisas possam ser um
pouco diferentes.
Não podem mexer no Ministro porque a sua substituição traria
imediatamente à tona os apetites do CDS pelo ministério, para cuja pasta se perfilam
desde o início dois conhecidos “gabirus” intimamente ligados ao grande capital e
à alta finança. E essa “prenda” era tudo o que Passos e Relvas jamais dariam ao
CDS na presente conjuntura política.
No Ministério da Economia manteve-se o homem do Relvas, ligado
às privatizações, feitas ou a fazer, na área da sua competência. É também por
intermédio dele ou sob a sua influência que se contratam para “acompanhar” as
privatizações os escritórios de advogados de gente do PSD politicamente íntima
de Relvas. Para além do dinheiro que esses escritórios ganham na “nobre tarefa”
de que são incumbidos, em regra uma tarefa para o desempenho da qual as
Finanças já lá tinha os seus, eles ficam também a saber tudo o que se passa nas
respectivas empresas e sobre as respectivas empresas. E esse conhecimento é
muito importante…pois permite à gente do Governo que os recomendou ficar muito “habilitada”
para as conversas que costuma ter com os potenciais compradores, conversas, como
eles reconhecem, indispensáveis para a realização de um “bom negócio”. As
coisas ainda se tornam mais interessantes quando por um
daqueles acasos em que a vida é fértil existe uma ligação estreita entre os que
assessoram o Governo e os que assessoram os potenciais compradores…
Entre os novos, lá vem o homem da SLN. Uma escolha na qual é impossível
não ver a mão de Relvas e do seu “irmão siamês”, Passos Coelho….bem como
daqueles que estando afastados lhes são próximos. Todavia, o Álvaro pode não
estar completamente inocente na escolha de Franklim Alves. A “Viseu
connection” é muito provável que tenha desempenhado aqui algum papel,
dado a importância que teve e continua a ter na SLN, bem como no PSD. Mas esta escolha é também um aviso e um xeque-mate a Cavaco. Como Cavaco
tem por resolver aquela questão das acções da SLN, eles acharam que o poderiam formalmente co-responsabilizar pela nomeação, já que lhe faltava autoridade para formular qualquer objecção, mesmo em jeito de conselho paternal.
O comentário do Prof. Marcelo sobre a conversa que teve com
Franklim é uma boa explicação …mas apenas para aquelas aulas das disciplinas
que o Relvas frequentou para se licenciar….
Por explicar fica a substituição da Secretária do Estado do
Turismo. Provavelmente alguma questão interna do CDS. Quanto ao do Emprego, é
um “rebuçado” à UGT que juntamente com o Álvaro muito tem feito pela “reforma”
do trabalho…
Para terminar: é óbvio que o que se passa no Ministério da
Economia em matéria de “crescimento” não tem nada a ver, ou tem pouquíssimo a ver,
com a inoperância do Álvaro. O Álvaro tem feito, com a colaboração da UGT, o que
lhe é pedido na destruição da regulamentação laboral e nessa medida tem
cumprido integralmente. Seria difícil ir mais longe. Mas quanto ao resto, por muita
capacidade que ele tivesse, nada poderia fazer. Posto perante uma política de
deflação salarial em grande escala, que ele continua a ajudar a pôr em prática, de
cortes maciços no investimento público, com vista à brutal retracção da procura
interna, como iria ele promover o crescimento? Com incentivos à exportação?
Isso até já se fez em muito maior escala no governo anterior. Mas não chega. Embora os resultados sejam relativamente favoráveis, não se pode perder de vista que num
país com uma estrutura económica como a do nosso as exportações serão sempre
insuficientes para relançar o crescimento. Mas já teriasido possível, se as coisas não
estivessem a ser tratadas no domínio do mais obcecado fundamentalismo, promover o crescimento da produção interna com vista à
substituição ou, pelo menos, à redução das importações, em sectores importantes
da economia portuguesa. Só que disso o Governo não cura, convencido como está de
que uma fénix acabará por renascer das cinzas resultantes da destruição do
modelo económico herdado.
E assim se vai afundando o país para níveis anteriores ao 25
de Abril, como já acontece com o consumo de cimento! Nenhum país pode aspirar a
um nível razoável de bem-estar sem uma robusta procura interna por mais pequeno
que seja o seu mercado no contexto mundial. A arte está em saber direccioná-la para
a produção nacional, ou de grande valor acrescentado nacional, nos domínios
onde tal seja possível. E isso o Governo não faz, nem quer fazer.
Se escrevesse algo parecido assim
ResponderEliminarTambém escreveria "Franklim"
É a competência em para-raios o seu maior atributo...