O QUE PODE FAZER CAVACO
É impossível não tentar analisar a proposta de Cavaco à luz
de uma certa racionalidade, mesmo quando se sabe de ciência certa que muitas,
ou algumas, das suas acções praticadas no exercício das mais altas funções do
Estado português, quer como PM quer como PR, foram, ou são, ditadas pelo mais
puro irracionalismo, como é o caso das vinganças com que pretende desforrar
afrontas e pequenos melindres exacerbados por uma personalidade mesquinha,
inculta e sem grandeza. Não obstante, há, tem de haver, pelo menos do ponto de
vista dele, um fundo de racionalidade no seu comportamento.
Quando Cavaco na semana passada exigiu conversações ao
PSD,CDS e PS com vista à negociação de um acordo de “salvação nacional”, gizado
dentro dos parâmetros que impositivamente fixou, o que pretendia realmente
Cavaco?
A primeira resposta é muito simples: se fosse alcançado um
acordo no respeito pelos precisos termos por ele fixados, Cavaco recolheria
politicamente os louros de ter conseguido aquilo que mais poderia agradar à
Troika e, paradoxalmente, também a muitos portugueses que fartos de partidos,
de corrupção, de incompetências, de mentiras e falsas promessas seriam num
primeiro momento levados a pensar que o PR teria, finalmente, posto os partidos
na ordem e feito com que o interesse nacional prevalecesse sobre o famigerado
interesse partidário. Deste desfecho sairia ferido de morte o PS, ou, pelo
menos, o seu Secretário Geral, e humilhado o Governo PSD/CDS, que ficaria a
prazo e sob tutela presidencial, e ainda com o labéu incontornável de não ter
sido capaz, pelos seus próprios meios, apesar da sua maioria absoluta, de
encontrar uma solução para o país.
Uma proposta cuja concretização teria como perdedores tão
evidentes três dos principais actores da vida política portuguesa só poderia
ter o resultado que efectivamente teve, sendo impossível não supor que o seu
autor não tivesse admitido este desfecho como a mais o provável, se não mesmo
aquele que estava espera ou pretendia.
Mas se é assim, o que espera agora Cavaco ou o que pretende
Cavaco? Verdadeiramente, o actual Presidente da Republica, depois de tudo o que
disse e fez, só tem duas saídas: ou toma o poder, isto é, comanda o Governo
chamado de Passos Coelho, impondo as alterações que considera necessárias e
fixando os objectivos que tem de alcançar no condicionalismo por ele
traçado ou se demite!
Não tem mais nenhuma alternativa. Se convocar eleições
antecipadas, perde completamente a face e embora a esquerda possa pôr entre parênteses
essa questão pela vitória alcançada não mais lhe reconhecerá um pingo de autoridade
nas relações que tiver de manter com ele, além de que será fustigado pela
direita, principalmente pelo CDS, e também pelo PSD se entretanto não houver
uma rápida mudança de liderança.
Se aceitar a proposta de remodelação que Passos Coelho e o
CDS lhe tentam impor na praça pública, ele fica completamente desqualificado
aos olhos dos políticos e dos não políticos; os portugueses nunca mais o
respeitarão e perderão por ele a réstea de respeito que as funções exercidas,
apesar de tudo, sempre impõem. Ou seja, só lhe restaria ir para as Selvagens…
Portanto, a via é muito estreita: ou toma o poder ou se
demite!
E porque não fazer um "swap" com uma cagarra ?
ResponderEliminarEle vai para as Selvagens e a ave marinha vem para Belém.
O risco era mínimo e a rendibilidade máxima .
Santa ingenuidade, não me leve a mal!...
ResponderEliminarEle pode, como em política sempre se pode... não fazer nada.
E é isso mesmo - aposto, dobrado contra singelo - que essa luminária vai fazer. Nada...
O coiso será o que sempre foi
ResponderEliminarum pantomineiro repetente
-> Não é difícil de perceber qual é o objectivo da conversa dos PALADINOS ANTI-AUSTERIDADE (marionetas ao serviço da superclasse – capital global): o endividamento em cima de endividamento... até que pode provocar um crescimento... só que… um crescimento não sustentável (crescimento eng.-socratiano) aproxima-nos da bancarrota (nota: AS BANCARROTAS EXISTEM! um ex: Detroit)… e… um país encostado à parede vende bens estratégicos à soberania: energia, água, etc (há já até quem fale na privatização do oceano português).
ResponderEliminar.
Nota:
-> Um país - tal como uma família, ou uma pessoal individual – está sujeito a atravessar períodos de crescimento e períodos de recessão (enriquecimento ou empobrecimento).
-> Um tal como uma família, ou uma pessoa individual, um país deve estar precavido para enfrentar períodos de recessão (empobrecimento)… assim sendo, um país deve tomar precauções para não cair numa situação de 'espiral': fazer empréstimos para pagar empréstimos…
.
.
.
Anexo:
O PS (e não só) quer implementar a ‘Detroitização’ do país:
- Sindicatos saquearam as empresas, nomeadamente a indústria automóvel, com salários muito acima da média das suas congéneres arrastando as empresas para a crise profunda e a falência;
- O emprego perdeu-se, as oportunidades foram-se e os mais decididos e capazes partiram para outras paragens agravando a crise;
- O flagelo da droga instalou-se e corrompeu o tecido social que mais agravou a fuga das pessoas à insegurança e criminalidade ;
- A cidade desde os anos 60 nunca mais elegeu um mayor republicano (é mais de 1/2 século de uma quase "ditadura" comparável à Andaluzia): foi um domínio absoluto dos "democratas";
- O discurso dos Mayores, quase todos corruptos e alguns ainda prestaram contas à Justiça, devem ter sucessivamente convencido os que ficaram com discursos de solidariedade social, ajudas, tolerância com a droga, tolerância com traficantes, desculpabilização dos consumidores e o habitual palavreado que já conhecemos;
- Os impostos foram sucessivamente aumentados para salvar as políticas dos Mayores o que ainda mais afastou o investimento.
Resultado final: bancarrota…
Todos estes epifenómenos que recentemente eivaram a vida nacional não representam, nem mais nem menos, que o desentendimento entre os partidos do chamado “arco do poder,”forma eufemística para designar os partidos do “arco da corrupção”, que não chegam a acordo, quanto ao seu branqueamento e gestão, e que vão distraíndo os Portugueses com estas manobras de diversão, ao mesmo tempo que tentam mentalizá-los, por via daquilo, que a única alternativa é cortar nas reformas e nos vencimentos dos funcionários públicos pobres. O Senhor Dr. José Manuel tem assistido a todas estas encenações de “políticos” e comentadores que nos “media” passam o tempo a discernir coerentememte no inverosímil. De todas as arengas que escutamos, incluindo o que se passa no Parlamento, nunca viu, nem ouviu, ninguém falar na única causa de o País estar nesta situação: a abolição do Estado de Direito e, concomitantemente, a corrupção. E não adianta nada contornar o problema, pois Portugal jamais terá rumo, sem primeiro restaurar o Estado de Direito e combater a corrupção. Mesmo que o País aparecesse, de um dia para o outro, sem qualquer réstia de dívida, desde que não se combatesse a corrupção tudo ficaria, em pouco tempo, como agora. Assim, enquanto Portugal é conduzido pelos entoxicadores da opinião pública, pondo os Portugueses a discernir coerentememte no inverosímil, o País segue, com total indiferença, a sua marcha inexorável para o abismo, sem que ninguém lhe valha.
ResponderEliminarCom os meus respeitosos cumprimentos
Sempre que posso consulto este blog, como outros, diga-se, e faço-o pelo esforço reflexivo do seu autor. E se também neste "post" é visivel tal esforço, acho meu dever, sem discordar com o que foi afirmado, de dizer algumas coisas a respeito da atitude política de um personagem por quem não tenho, nem pessoal nem politicamente, qualquer espécie de respeito. Porém,é conveniente NUNCA se elaborar raciocinios a próposito das decisões do personagem sem ter em conta duas coisas: o facto politico de ter sido eleito 4 vezes, creio, com maiorias absolutas; e de ser visto palas várias elites como um hesitante firme, quero dizer, alguém que NUNCA decide contra quem lhe garante a eleição. Só partindo destes pressupostos se pode entender, à luz de um raciocinio viciado como é o de Cavaco, julgar as suas decisões e suas consequências. Já ouvi dizer muita coisa sobre as razões que o levaram a assumir a responsabilidade de exigir um entendimento dito de salvação nacional. Mas acerca da sua exigência de o P.S. fazer parte das tais, para além da muito citada entaladela, porque o que de facto mais interessava a Cavaco, no que ao P.S. diz respeito, era garantir uma pinochetada, ou seja, "eternizar o cavaquismo da submissão ao que vulgarmente apelidamos de capital.É que tal propósito estabelecia um quadro de relações do P.S. com a direita mais atávica, porque para mim p:s: e esquerda não são sinónimos, e desta forma, passaria a haver em Portugal o que essa direita dos interesses sempre quis e que seria a clara divisão entre dois blocos, uma esquerda e uma direita bem configurados e alimhados. Esse é o sonho de quem quer um presidente, uma maioria e um governo. Ademais, mesmo fora da presidência, Cavaco continuaria a ter um papel importante ne definição de políticas. Todos nós,talvez devido ao facto de termos sido mordidos pela mosca da antipatia par com Cavaco, somos levados a valorizar pouco as suas capacidades políticas, e esse erro já o pagámos a alto preço, os quase 25 anos de poder. A Cavaco nada custa aguentar com Portas a abarrotar de poder, mesmo gostando tanto dele como eu, desde que o possa controlar de forma direta, como vai ser o caso, visto que Passos fica a abrir e a fechar a de S. Bento durante o turno que Cavaco lhe destinar. Quem viu o debate da nação - sim a nação deles escreve-se assim.
ResponderEliminarJosé Luís Moreira dos Santos