segunda-feira, 10 de março de 2014

CAVACO E O CONSENSO


 

O QUE DIZ CAVACO


 

O que é para Cavaco o consenso? Consenso significa concordância ou uniformidade de opiniões, de pensamentos, de sentimentos, de crenças da totalidade dos membros de uma comunidade.

Cavaco reclama o consenso só de alguns, não de todos. Deixa propositadamente de fora uma importante parcela daqueles que, segundo ele, estariam em condições de “outorgar o consenso”. Mas há mais: a vontade de alguns cujo consenso Cavaco reclama não passa de um pequeníssimo número de pessoas. Segundo Cavaco – ele não o diz expressamente, mas só pode ser este o seu pensamento - trata-se de pessoas que que têm o poder de representar um número indeterminado de outras pessoas, certamente um conjunto de pessoas muitíssimo numeroso, de milhões. Só que aqui surge um outro problema, muito mais complexo: quem atribuiu a esse pequeno número de pessoas o poder de representar milhões de outras pessoas? Quem?

O que Cavaco quer dizer quando apela ao “consenso”, quando clama “consenso”, é que a democracia acabou. Que aqueles que realmente têm o poder de decidir não têm nada para decidir. Pelo menos, nos próximos vinte anos.

Cavaco é coerente e sabe o que faz. Como defensor do neoliberalismo, Cavaco sabe – e concorda – que o neoliberalismo afastou a democracia das questões económico-financeiras e por arrastamento de todas as questões em que a importância daquelas se reflecte. Quem dita as regras nestas matérias não é o povo, directamente ou por intermédio dos seus representantes, mas os mercados. Os mercados é que dizem o que se pode ou não pode fazer. Por outro lado, o poder político, a política – por outras palavras, a democracia – não pode interferir com a “justiça” do mercado. Não há justiça social que se sobreponha à “justiça do mercado”.

Portanto, o que Cavaco está a dizer aos portugueses é, por outras palavras, o seguinte: “A democracia acabou. O que se pode ou não fazer nos domínios da governação, seja em que campo for, depende das imposições do mercado. Quanto a isso nada poderemos fazer. O que nós podemos e devemos é tentar agradar aos mercados, tentar “amaciar” a sua acção para que o tratamento deles relativamente a nós seja o mais brando possível. E é minha convicção que se o PS, o CDS e o PSD fizerem simultaneamente essa profissão de fé e derem garantias aos mercados de que não tentarão interferir com as suas normas, eles nos tratarão melhor do que nos tratariam se essa garantia lhes não for dada”.

Isto é o que diz Cavaco. E nós o que dizemos?  E o que fazemos a um Presidente como este?

2 comentários:

  1. Cavaco é coerente

    com o que desfez
    um aliado com memória
    sem atenuantes
    que a história julgará
    mesmo fora das urnas

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  2. este cavaco já não conta e só quer vender e ganhar dinheiro com os roteiros ou lá o que é.Que mais esperar do campon~es algarvio.Eu só quero a receita para sairmos disto,mas hà muito que eu acho que só uma guerra é que teremos como mais certa.

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