terça-feira, 16 de setembro de 2014

A NOVA COMISSÃO EUROPEIA



OU A POLÍTICA QUE A “EUROPA” NOS RESERVA
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Os socialistas acreditam que a salvação do país está na “Europa”, nas grandes transformações que inevitavelmente ocorrerão na política europeia.

Atentos ao voo das aves, os socialistas divisam augúrios de um futuro diferente, ao menor sinal vindo de Bruxelas. Desde Draghi, idolatrado e já quase considerado um neokeynesiano até Jean-Claude Juncker, “amigo” de Portugal e do crescimento, tudo aponta segundo os intérpretes da política de Bruxelas, para uma mudança a curto a prazo dos rigores económico-financeiros.

Infelizmente, aos áugures socialistas vai acontecer o mesmo que aconteceu aos áugures romanos. Também eles vão cair em descrédito, porque os auspícios não são nada favoráveis.

A Comissão formada por Jean-Claude Juncker, ou dito de outro modo, a Comissão que os Estados membros atribuíram a Junker, é ainda mais ortodoxamente neoliberal que a de Barroso: os vice-presidentes económicos, coordenadores da política económica dos EM, o finlandês Kaitanen e o letão Dombrovkis são, como reconhece Correia de Campos, “implacáveis defensores das políticas de austeridade e intransigentes face a países sob programa de ajuda externa”. Por outro lado, ao Reino Unido, que criticou a escolha de Junker pelo seu alegado federalismo, foi atribuída a pasta da “Regulação dos mercados financeiros”, que é o mesmo que entregar o galinheiro à guarda da raposa.  

Por outro lado, e este é mais um precioso augúrio, o ministro alemão da economia, Wolfgang Schäuble, ao apresentar as linhas gerais do orçamento para o próximo ano, anunciou que o seu país não vai emitir dívida pública em 2015 e que procurará manter essa tendência nos dois anos seguintes.

Ou seja, a Alemanha não encara qualquer hipótese de financiamento público de infraestruturas nem está predisposta a activar o investimento público europeu. Quem estiver à espera da “locomotiva alemã” para relançar a economia europeia vai ter certamente uma grande decepção.

Por último, a entrevista que El Pais hoje publica deJean-Christophe Cambadélis, primeiro Secretário do PS francês, é um documento patético, um verdadeiro requiem à social-democracia europeia, da qual a esquerda nada pode esperar.

É à luz da interpretação da política europeia, do que se está a passar na Europa, da conversão profunda da social-democracia ao neoliberalismo, que a disputa entre Costa e Seguro deve ser encarada e analisada.

8 comentários:

  1. Acertadamente ou não, interpretei do último parágrafo do seu artigo, como conclusão, que não vale a pena preocuparmo-nos em apoiar Costa ou Seguro porque são ambos socialistas e estes acreditam numa "Europa" com a qual não há salvação.
    (Eu acredito que pelo menos Costa acredita numa Europa, sem áspas, e como ele milhões de socialistas, e
    é por tal Europa e dentro dela que se deve lutar. Ingenuidade minha, admito).
    Voltando ao ponto de partida, julgo que o que aconselha é a saída da Europa, e do euro, contra a vontade do PSD e CDS (a direita) e do PSA (a esquerda com política de direita, como se diz) e o aplauso do PCP e BE (a esquerda verdadeira, como eles dizem). Para tal acontecer, não tendo o BE expressão suficiente, só se pode contar com o PCP, ou seja, em 2015 votarmos todos nele, dando-lhe a maioria absoluta, porque só com ela eles governarão. É esse o nosso futuro? Fora da Europa, fora do euro, com o Partido Comunista Português?

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  2. Acertadamente ou não, interpretei do último parágrafo do seu artigo, como conclusão, que não vale a pena preocuparmo-nos em apoiar Costa ou Seguro porque são ambos socialistas e estes acreditam numa "Europa" com a qual não há salvação.
    (Eu acredito que pelo menos Costa acredita numa Europa, sem áspas, e como ele milhões de socialistas, e
    é por tal Europa e dentro dela que se deve lutar. Ingenuidade minha, admito).
    Voltando ao ponto de partida, julgo que o que aconselha é a saída da Europa, e do euro, contra a vontade do PS e CDS (a direita) e do PSA (a esquerda com política de direita, como se diz) e o aplauso do PCP e BE (a esquerda verdadeira, como eles dizem). Para tal acontecer, não tendo o BE expressão suficiente, só se pode contar com o PCP, ou seja, em 2015 votarmos todos nele, dando-lhe a maioria absoluta, porque só com ela eles governarão. É esse o nosso futuro? Fora da Europa, fora do euro, com o Partido Comunista Português?

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  3. Peço desculpa pela repetição e pelo êrro: não é PSA mas PS

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  4. Há outro erro:não é PS e CDS mas PSD e CDS

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  5. Ele, logo ele, exclama o anónimo De, referindo-se a mim, de pé atrás. Porquê? Isto trás água no bico, mas não vou no engodo e ficou à espera da frase esclarecedora de Miguel Torga que não acredito que seja um impropério. Até lá!

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  6. Engodo?
    Qual engodo qual carapuça.
    E que tal Manojas deixar-se de rodriguinhos e ao menos ser objectivo quanto aos factos aqui apontados?

    Mas deixemo-nos de conversa fiada. Aqui vai um curioso texto de Jacques Sapir, que se lê com bastante interesse e que mostra os buracos cada vez maiores na teia de interesses que é a UE:

    http://resistir.info/franca/sapir_decomposicao_09set14.html

    De

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  7. Anónimo De, não vou entrar em polémica consigo. Fiz um comentário ao post deste blog, sobre o qual virá ou não algum esclarecimento, dele, naturalmente, não de si.
    Ponto final.

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  8. Pois pode ser.

    Mas feliz ou infelizmente um comentário público num blog com as características deste não transforma o debate nem num monólogo nem num diálogo a dois exclusivo.
    Tanto mais que sempre que um texto é produzido e posto a circular de livre vontade,já não cabe em exclusivo ao seu autor. Ganha outras características e permite leituras outras.

    O que convenhamos é um bem

    De

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