O GOVERNO COMO SEMPRE NA SENDA DA INCONSTITUCIONALIDADE
Parece não haver dúvidas, mesmo da parte daqueles
constitucionalistas que condenam (politicamente) a greve, que a requisição
civil só pode ser decretada para assegurar o cumprimento dos serviços mínimos.
É natural que para um Ministro do CDS, apaparicado pela
imprensa, apesar das sucessivas gaffes e deslizes com que tem assinalado a sua
passagem pelo Governo, o problema dos direitos fundamentais se não coloque. Ele
só fala de empresas, de lucros, de mercado, por isso é natural que as pessoas,
a imensa maioria das pessoas, aquelas cuja actividade se não traduz na obtenção
de lucros, não conte. Mas engana-se mais uma vez.
Este Governo que tem pautado a sua conduta por um combate
sistemático contra a Constituição, contra aquelas disposições da Constituição
que figuram na lei fundamental de qualquer democracia burguesa, pretendeu com a
requisição civil dos trabalhadores da TAP destruir um direito fundamental – o direito
à greve. Ora, a requisição civil não pode ter esse objectivo. Ela não pode
servir para eliminar o direito à greve nem para lhe retirar toda e qualquer
eficácia.
Portanto, ao contrário do diz o sr. Pires de Lima e do que
pensa o sr. Passos Coelho a requisição civil dos trabalhadores da TAP só pode
ter por objecto a imposição dos serviços mínimos. Logo, só deveria ter sido
decretada se os serviços mínimos, depois de iniciada a greve, não estivessem a
ser cumpridos.
Esta é também uma das tais questões que deveria ter levado o
prof. Marcelo a frequentar umas aulas de direito constitucional e de direito do
trabalho...antes de ir para a televisão dizer asneiras sobre a requisição
civil.
Há uns anos Maria de Lurdes Rodrigues decretou serviços mínimos na educação sem verificar se os serviços mínimos estavam garantidos. Nessa altura a Constituição não foi posta em causa?
ResponderEliminarSó que não tem memória é que não se recorda que, na alternância, governo após governo vai repetindo estas ações que são sempre criticadas pelos que estão, transitoriamente, na oposição.