O PROTESTO DA ASSOCIAÇÃO SINDICAL DOS DIPLOMATAS PORTUGUESES
Por ocasião da condecoração dos irmãos Sobral com o grau de
comendadores da Ordem de Mérito, no aniversário da sua vitória no Festival da
Eurovisão de 2017, Marcelo nos elogios que teceu aos dois cantores afirmou a
dada altura que eles são “embaixadores mais
qualificados e mais eficientes do que a generalidade da nossa diplomacia”.
Os miúdos, que, pelos vistos, são bons e de quem os portugueses gostam,
ficaram maravilhados com a sinceridade do Presidente da Repúblico. No público,
em geral, a declaração do PR foi também acolhida com agrado.
Esta seria mais uma não notícia ou uma notícia cujo relevo ficaria
circunscrito à efeméride que a ditou, sem prejuízo do interesse e da honra que aquela
condecoração e os elogios do PR terão pela vida fora para os manos Sobral, não
fora dar-se o caso de a Associação Sindical dos Diplomatas Portugueses (ASDP)
ter vindo, dias depois, qual virgem ofendida, lamentar que o Presidente da
República tenha vindo com as suas palavras pôr (eles dizem “colocar”) “em
causa a competência e profissionalismo de toda uma carreira especial do Estado,
denegrindo a sua imagem e, como tal, a própria credibilidade das instituições
públicas”.
De facto, as declarações do PR teriam ficado por ali e teriam sido
compreendidas pelo significado que realmente têm não fora este ridículo
protesto da ASDP. O Presidente limitou-se a dizer aquilo que é óbvio: que um
feito individual ou colectivo, alcançado por um cidadão, uma equipa ou um
grupo de pessoas de um qualquer país, imediatamente amplificado e repercutido
nos quatro cantos do mundo ,vale mais, incomparavelmente mais, para esse país do
que a acção de todos os diplomatas juntos num ano ou em vários.
Só mesmo um corporativismo retrógrado de feição medievalista,
postiçamente snob, inseguro quanto ao
seu valor pode reagir tão epidermicamente a uma afirmação que qualquer cidadão
normal interpreta no sentido que ela realmente tem. É caso para perguntar, tão
despropositado é, aparentemente, o protesto, se por detrás dele não estará a subliminar
necessidade de defender o estatuto de que os diplomatas gozam, frequentemente
acusados de na função pública beneficiarem de privilégios e mordomias que
nenhuma outra classe profissional tem. Estatuto que alguns têm tentado justificar com o argumento, falso, de que nenhuma
outra classe profissional na função pública tem de ultrapassar provas de acesso
tão exigentes quanto as da carreira diplomática.
Basta falarmos na carreira dos médicos especialistas nos hospitais
públicos, na carreira universitária e na magistratura judicial para
imediatamente se perceber que aquela afirmação é falsa e também demagógica
quando reiterada. Mais: todas estas são carreiras cujo progresso está sujeito à
prestação de provas públicas ou actos escrutinados por todos os cidadãos sem
compadrios corporativos de pares ou de responsáveis políticos.
E fiquemos por aqui no muito mais que se poderia dizer quanto à “substância”
da função e da sua contingência em função do pais que a integra….
Associação Sindical dos Diplomatas Israelitas (ASDI), constou-me, que também leu o que aqui escreveu!
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