OS DISCURSOS DA MINISTRA DA JUSTIÇA E DO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Antunes Varela foi professor de Direito, em Coimbra, e ministro
da Justiça de Salazar durante largos anos, 1954 a 1967.
Durante o longo período em que exerceu funções no Ministério
da Justiça muitos crimes foram cometidos pelas forças repressivas da ditadura,
nomeadamente as polícias, com destaque para a Pide. Muitos combatentes
antifascistas foram assassinados e um número infindável de lutadores pela
Liberdade foi preso e torturado. Foi durante a permanência de Varela no
Ministério da Justiça que o General Humberto Delgado e a sua secretária foram
assassinados pela Pide, em Espanha, em condições sobejamente conhecidas.
Varela não somente fechou os olhos a todos estes crimes como
indirectamente neles participou, quer pela sua permanente acção doutrinária à
frente da Justiça, na defesa da “Ordem” e da “Autoridade”, no mais completo
desrespeito e total alheamento dos direitos dos cidadãos, quer pela sua acção
como legislador repressivo e inclemente perante o sofrimento humano e a
violação dos mais nobres valores de uma sociedade plural.
Varela enfileira sem nenhuma espécie de dúvida na tenebrosa
galeria dos professores de direito para os quais tal “ciência” não passava de
um meio de agressão aos cidadãos e de instrumento privilegiado de punição e
silenciamento, por tempo indeterminado, das vozes discordantes do regime que se
erguiam na defesa de valores universais.
Manuel Rodrigues, Mário de Figueiredo, Vaz Serra (apesar da
preguiça o ter retido em casa por largos meses), Cavaleiro Ferreira, Antunes
Varela, Pires de Lima (interino) e Almeida Costa fazem parte daquela galeria de
ministros da justiça de Salazar, embora com responsabilidades diferentes e
comportamentos desiguais. Dentre eles, Manuel Rodrigues, Cavaleiro Ferreira e Antunes
Varela bem poderiam ter desempenhado paralelamente às funções ministeriais as
de chefes das polícias sem que daí resultasse qualquer quebra de eficiência do
aparelho repressivo salazarista. E também é justo que se diga que foi com
Almeida Costa, já na presidência de Marcello Caetano, que o Código de Processo
Penal, apesar das limitações inerentes a um regime antidemocrático, deixou de
ser um instrumento de perseguição arbitrária para passar a conter normas
minimamente aceitáveis para a generalidade dos cidadãos.
Pois foi este “brilhante” jurista e político da ditadura que
o Tribunal da Relação de Coimbra, num acto que exorbita das suas funções
constitucionais, pela natureza eminentemente política do seu conteúdo, decidiu
homenagear, sabendo, como não poderia deixar de saber, que essa homenagem
constituiria uma afronta à Liberdade, à Democracia e aos demais valores
democráticos consagrados na Constituição, contra os quais, de resto, Varela não
deixou de se manifestar na docência das suas prelecções, que continuou a exercer
depois do 25 de Abril.
Aliás, este é outro aspecto da personalidade política deste
jurista que não pode deixar de ser realçado. Enquanto doutrinador relevante e
agente executivo do regime repressivo, Varela nunca deixou de exigir o respeito
pela lei e pela vontade do legislador, não admitindo interpretações ou
considerações teóricas que pudessem pôr em causa, questionar ou simplesmente
apresentar ou sugerir alternativas que, de uma ou outra forma, pudessem contribuir
para enfraquecer aquele entendimento. É com fundamento neste quadro mental que, como
Ministro da Justiça, atacou na Revista de Legislação e Jurisprudência, em
termos político-pidescos, as lições de Família do Prof. Pereira Coelho por este
defender concepções liberalizantes no domínio das relações familiares, como a
dignidade da mulher (ultrajada e mal tratada pelo Código Civil de Varela) ou o
divórcio para os casamentos canónicos com base no princípio, indiscutível, da separação entre o Estado e a Igreja. Mas é este mesmo Varela
que depois do 25 de Abril em nome do “Direito natural” e de outros “valores
transcendentais” ataca impiedosamente as regras e os princípios consagrados na
Constituição por constituírem uma “violação” daquele “ direito superior” que
surgiu à luz do dia logo depois de ele ter perdido a faculdade de
arbitrariamente legislar e impor as suas concepções sem outra referência que
não fosse a vontade do ditador e a defesa do regime. Nada de novo, aliás, já os
juristas nazis da Alemanha tinham feito exactamente o mesmo depois da
restauração da democracia, embora, reconheça-se, com mais pudor e outro saber.
Mas se esta homenagem a Varela por parte da Relação de
Coimbra constitui uma afronta à democracia, essa afronta ficou séria e
perigosamente agravada por nela terem participado a Ministra da Justiça,
Francisca Van Dunen e o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, António
Piçarra.
A intervenção da Ministra é a todos os títulos lamentável.
Lamentável desde logo por ter participado, como representante de um governo
democrático, na homenagem a uma das figuras mais repressivas da ditadura, mas igualmente
lamentável pela ignorância política e histórica que as suas palavras deixam
perceber (revelam). Francisca Van Dunen enaltece a construção de tribunais e
prisões como elementos sinalizadores de uma política desenvolvimentista, apesar
do “desafogo financeiro” com que
então se vivia e da limitação que uma “política
de contas certas” impunha, não obstante esses recursos provirem “essencialmente … do império colonial”, factos que em nada “desmerece(m) a acção” do
homenageado, que “realizou uma obra como
nunca antes nem depois alguém voltou a ter capacidade para fazer”!
Senhora Ministra, as suas palavras seriam dignas de figurar
no anedotário político nacional se não fosse dar-se o caso de terem associada
uma carga política negativa e altamente comprometedora para o Governo de que faz parte.
Em primeiro lugar, não há “desafogo financeiro” de nenhuma espécie. Há miséria e uma política
miserabilista que desatendia às principais necessidades do povo, dissessem elas
respeito à saúde pública, ao ensino, às vias de comunicação, aos transportes, à
segurança social ou a qualquer outro domínio que não estivesse intimamente
ligado com a actividade repressiva; em segundo lugar, os “recursos oriundos do império colonial” não passam de uma fantasia
de que o povo nunca verdadeiramente beneficiou directa ou indirectamente.
Aliás, os principais recursos do “império
colonial” provinham da sobre exploração do trabalho e beneficiavam
directamente uma parcela muitíssimo reduzida da população, os titulares dos
respectivos meios de produção. Os recursos naturais das colónias portuguesas,
fossem eles de natureza agrícola, piscícola ou mineral (com excepção parcial
dos diamantes, explorados empresas estrangeiras), ficaram praticamente intactos
e assim foram entregues aos novos Estados independentes após a descolonização. Por
último, a Senhora Ministra não percebe que essa construção de tribunais, “palácios da justiça”, e de prisões por
todo território nacional, bem como a promulgação de grandes “monumentos legislativos”, nada tem a ver
com o conceito filosófico de Justiça e menos ainda com a sua realização, mas é
antes fundada numa obsessão ideológica que vê na resolução dos conflitos
sociais pela via judicial o modo normal funcionamento da sociedade plural e
diferenciada reprimida nas suas concepções, objectivos e realizações. Enaltecer
e aplaudir mais de meio século depois a imponência das “bases materiais” da justiça erguidas num país com muitas carências
e acentuado analfabetismo e não saber distinguir entre a acção dos tribunais
num regime ditatorial e num regime democrático, transplantando para o tempo de
hoje, com os conceitos de hoje, a avaliação material e simbólica da obra
realizada, é um anacronismo que somente a falta de cultura política e a
persistente herança daquele “analfabetismo” podem justificar. Aliás, basta
olhar para a Europa dos nossos dias para imediatamente se perceber que é pela
via da “justiça”, da acção repressiva dos tribunais, que as grandes derivas
antidemocráticas em curso tendem a consolidar-se. A monumentalidade da
“justiça” que Varela tão bem interpretou e pôs em prática tem exactamente a ver
com esta concepção ideológica de “justiça” como braço imperativo da ditadura.
Daí a sua monumentalidade para inspirar respeito e temor! E o que lhe pode
“pesar na consciência”, Senhora Ministra, não é pisar os mesmos espaços que
antes foram ocupados pelos agentes da ditadura, é não ter percebido isto! Não
ter percebido a natureza do regime que V. Exa teve, indirectamente, a
desfaçatez de elogiar na pessoa de um dos seus mais repressivos executantes.
Pior ainda, impróprio de quem desempenha tão nobre função, é
o discurso do presidente do Supremo Tribunal de Justiça, António Piçarra, ao
pretender não apenas branquear a acção repressiva de Varela, mas ao erigir a
personalidade política do homenageado em padrão de comportamento intemporal. Os “valores absolutos” de Varela que Piçarra
tanto aprecia e que vão desde a “integralidade
da nação” (certamente do Minho a Timor), passando pela rejeição de
relativismos, até ao “perfeito sentido de
missão e de serviço público”, não podem deixar de ser entendidos como “valores” que se sobrepõem aos de uma Constituição
democrática, ao de um Estado democrático de direito e ao respeito pelas mais
elementares regras de convivência política e social, como o homenageado se
encarrega de explicitar sem subterfúgios nem meias palavras.
De facto, os tais “valores
absolutos” de Varela podem sintetizar-se nestas simples palavras. No tempo
da ditadura, o “legalismo” exprimia valores permanentes, nacionais e era limitado
pela “moral e o direito” com o entendimento que lhe era dado pela Constituição
de 1933 e pela doutrina constitucional da época; enquanto o de hoje, o da
democracia, é meramente circunstancial, não exprime valores permanentes antes os
nega daqui decorrendo, como consequência, mais um “valor absoluto” que Varela
exprime nestes termos: antes, “a violação
desse dever fundamental de subordinação à lei constitui um factor dissolvente
da certeza e da segurança necessárias a toda a vida social, representa uma
subversão da divisão constitucional dos poderes do Estado e pode em muitos
casos […] constituir um perigo gravíssimo para a vida da comunidade”, enquanto
agora, opor-se à lei, é a oportunidade para restaurar os “valores que devem orientar a sociedade civil portuguesa à luz dos
sagrados princípios evangélicos”.
Além destes “valores
absolutos”, Piçarra está também fascinado pela monumentalidade da obra de
Varela que, no seu entendimento, faz corar (certamente de vergonha) os
governantes do 25 de Abril.
Perante um discurso desta natureza proferido pelo mais alto
representante dos tribunais portugueses, pela gravidade dos elogios
prodigalizados, pela sintonia que esses elogios pressupõem com as concepções
jurídico-politicas do homenageado, que o homenageante não pode deixar de
conhecer, é caso para perguntar se o mais alto responsável pelo regular
funcionamento das instituições não tem uma palavra a dizer relativamente às
palavras que rodearam esta homenagem, uma palavra que permita à Ministra e ao
presidente do Supremo desdizerem-se, retratatarem-se com público pedido de
desculpas ou, como alternativa, à indisponibilidade de uma e de outro, lhes
aponte a porta da rua como local adequado à defesa e enaltecimento daquelas concepções..
Excelente, José Manuel. À tua maneira!
ResponderEliminarMuito bem, José Manuel Correia Pinto. Inteiramente de acordo.
ResponderEliminarO comentário mais benigno que posso fazer a tais discursos e atitudes é que os seus autores revelam uma desvalorização - se é que não o abandono - da razão como instrumento para conhecer e "interpretar" a realidade. A realidade histórica, factual, mas sobretudo os valores e os princípios que vigoram precisamente porque foram ab-rogados os de Varela, por necessidade social e por imperativo ético.
Nesse sentido, essas atitudes e tais discursos são manifestações de irracionalidade.
Alberto Jorge Silva
Amanhã, pegarei em seu texto
ResponderEliminarporque é preciso
dar a conhecer tudo isto
para que não se apague a memória
Estamos a chegar a uma fase decisiva de separação de águas. Este pântano é um sufoco.
ResponderEliminarExcelente comentário. Fiquei triste e surpreendido com este papel da Ministra Francisca Van Dunem. Conhecia-era ela uma miúda estudante na Faculdade de direito, quando em 1974/75 se encontrava comigo, então ainda no PCP, na qualidade membro do CC, ao acompanhar a Sita Valles que viria a ser sua cunhada e foi assassinada com o marido e muitos outros nos confrontos angolanos com Nito Alves.
ResponderEliminarBoas entradas no vinte vinte!
Texto excelente, pela informação concisa e clareza. Fiquei surpreendido pela fala da ministra, mas porque a fez, tem de ser questionada. Porque o fascismo não pode ser branqueado, seja a que título for. E muito menos por um membro dum governo democrático (já para não falar do Presidente do STJ!). De facto, porque está calado o PR? Para não incomodar as excelências, agora que anda tão entretido com os actos de benemerebene?
ResponderEliminarGostei de ler este seu texto corajosamente aberto.
ResponderEliminarCada vez mais se torna necessário alertar para esta tendência para fazer esquecer a realidade histórica.
Obrigado.
Vieira da Silva
Para ser breve, retenho as palavras chave :
ResponderEliminarHomenagem - Todos os fascismos tiveram os seus homens importantes nos mais diversos campos intelectuais, falta saber ao serviço de quem;
O PS já teve o Veiga Simão, o homem dos gorilas;
A Relação de Coimbra!...bem pode homenagear o Salazar, encontrará sobejos motivos "académicos"...por mais que se deseje, o tempo não volta para trás;
Pântano - para repescar de um comentário - infelizmente, é o que vivemos...até um separar de águas.
Fico por aqui, não é o facismo que aí vem, somos nós que, de tão tolerantes, nos integramos nele?!...
Enquanto os democratas da esquerda suave se entretêm a fustigar galhardamente um personagem menor e risível como a marioneta A. Ventura, esta justiça dita democrática mas que nunca aceitou Abril, vem avançando os seus passos e propósitos neofascistas, cada dia mais descarada e impune. O silêncio do PR, da AR, do governo, dos sindicatos de magistrados, da Ordem dos advogados, mais que inaceitavelmente complacente, torna-se cúmplice de um previsível golpe em preparação.
ResponderEliminarExcelente ...não se pode deixar passar estes insultos em branco. António Costa não terá uma palavra a dizer? Claro que o PR pode fazer uma visita à ministra para a confortar por este aborto mas melhor seria que o PM se antecipasse e aplicasse a lei da IVG (neste caso involuntária). É que o sistema está prenho de fascistas em incubação e o agravar da situação está a fazer com que se revelem em antecipação. Muito obrigado.
ResponderEliminarMuito obrigado pelo texto.
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarPequei neste belo texto e publiquei-o no meu FB.
ResponderEliminarBrilhante o comentário. Reação do P. R.?? Fascistoide... A ministra justiça vendeu a alma ao diabo.. Há mto tempo. Auta continua a vitória é certa. José Freixinho
ResponderEliminarA manifesta surpresa do autor deste artigo, advém do seu profundo desconhecimento do que é o "edifício legislativo" que se impõe em Portugal. Enquanto não perceber que, com o 25 de Abril de 1974, se "herdou", intacto, o aparelho jurídico do regime salazarista-fascista, ele nunca entenderá porque é que Varela e outros fascistas da época são hoje homenageados por "democratas" de undécima hora como a ministra Van Dunen ou o Presidente do Supremo.
ResponderEliminarE, assim sendo, a sua crítica nunca terá o alcance que os verdadeiros democratas e anti-fascistas perseguem, que é o de não deixar pedra sobre pedra o "edifício legislativo" que aqueles construíram e ainda hoje, no essencial, perdura.
Que o digam os peticionários de uma Petição que dentro em breve será discutida no parlamento, precisamente a exigir a revogação do Capítulo VI do Código Penal, uma afronta à Liberdade de Expressão.
Petição que, sendo importante no contexto da luta pela democratização da justiça, constitui, no entanto, uma gota no oceano da luta que é necessário travar para estillhaçar de vez os tiques fascistas que ainda predominam no nosso sistema jurídico.
Importante denunciar. Obrigada!
ResponderEliminarO Prof. Antunes Varela, autor de obra vasta e tecnicamente competente, é, quanto a mim, um caso típico de “positivismo ideológico”, para usar o conceito de Norberto Bobbio. Por isso, o seu hipotético jusnaturalismo posterior não passou de uma visão ideológica do Direito, autoritária e tradicionalista. Embora haja jusnaturalismo crítico. Mas gostaria de acrescentar uma outra perspectiva: espantou-me negativamente a ligeireza com que se presta homenagem a um ideólogo que se revestiu dos trajes da “ciência do Direito”. E, quanto a mim, isso é assim por causa da inefável propensão do jurista para a “técnica” do Direito, a norma positiva, o menosprezo pelos princípios. Aposto que não passaria pela cabeça dos juristas “médios” uma homenagem similar ao Prof. L. Cabral de Moncada, um ilustre jusfilósofo, mas igualmente da linha ideológica do Prof. Varela... embora incomparavelmente mais denso. E isso é, quanto a mim, inquietante. De resto, o texto aqui publicado é excelente.
ResponderEliminarA ligeireza como se fazem afirmações gratuitas, às vezes quase que parece saída de uma cátedra à moda de Varela.
ResponderEliminarUm tal "silêncio dos justos" anda distraído com o que o autor deste excelente texto tem dito e escrito. Revela não só um profundo desconhecimento das posições públicas de Correia Pinto, como também revela aquela ignorância clara de quem não consegue interpretar um texto sem dizer bacoradas com a grandiloquência dos papagueadores definitivos.
Alguém depois explique a este rebolucionário da treta que o que ele refere como a "manifesta surpresa do autor deste artigo" não passa da manifesta assumpção da sua delirante (e cabotina) interpretação do que (não) sabe ler.
O meu é contra-a-corrente. «Em Setembro de 67 o ministro Antunes Varela foi oficialmente exonerado por se opor ao encobrimento do escândalo sexual conhecido como o caso das "Ballets rose". A.V. foi exonerado (em 27SET67) do cargo, na sequência da sua oposição ao encobrimento de corrupção de menores», conforme informações constantes do Arquivo de Biblioteca da Fundação Mário Soares.
ResponderEliminarEm 26DEZ19 o Sr, JM Correia Pinto publicou uma incorrecta crónica sobre a homenagem a A.V. promovida pela relação de Coimbra.
Incorrecta porquê?
Desde logo porque em relação ao caso citado do escândalo sexual, A.V. ter pretendido esclarecer tudo, ao contrário do encobrimento determinado por Salazar, na medida em que seria envolvido um jovem católico ministro e promissor político. A crónica "seria correcta", se o desfecho tivesse sido idêntico ao do caso Casa Pia, ou seja, se o ministro tivesse tido a preocupação de o ocultar, e não se falava mais do assunto. Todavia, Correi Pinto considerou as intervenções da Ministra e do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça como inadmissíveis panegíricos em abono de A.V., que descreveu como ignóbil representante da "ordem" e da "autoridade" fascista, "no mais completo desrespeito e total alheamento dos direitos dos cidadãos, quer pela sua acção como legislador repressivo e inclemente perante o sofrimento humano e a violação dos mais nobres valores de uma sociedade plural, enquanto ministro e inspirador do regime da ditadura, que na opinião do autor que se infere facilmente, estava mais perto do socialismo "democrático" do que o exonerado ministro de Salazar, a avaliar pelos dois casos antes mencionados.
Considera o autor que a homenagem constitui uma afronta à Liberdade, à Democracia e aos demais valores democráticos consagrados na Constituição, e ainda faz umas referências sobre o antigo ministro, que no seu dizer exigia o respeito pela lei e pela vontade do legislador (não devia ser assim em democracia?). Critica a intervenção da Ministra por ter-lhe fugido a boca para a verdade, quando referiu o "desafogo financeiro" do antigo regime, "na imposição de contas certas", quando refere a proveniência desses recursos "essencialmente... do império colonial", factos a partir dos quais o homenageado (A.V.) "realizou um obra como nunca antes nem depois alguém voltou a ter capacidade para fazer", o que corresponde à realidade. A expansão económica portuguesa avançava com óbvia vitalidade (taxas de crescimento durante os anos 70 de 7% na metrópole, de 7 a 9% em Moçambique, e de 20% em Angola), o que permitiu, para além do desenvolvimento económico e social, a manutenção com sucesso de três frentes de guerra, sem recurso a empréstimos externos, que só descambaram com ridículo pela traição do MFA, e pela inoperância atávica do Governo.
Servi o País na Guiné, e de seguida passei dois anos e meio em Angola, onde observei e constatei o fabuloso desenvolvimento, pois quase todos os dias havia notícias de inaugurações de infra-estruturas e equipamentos públicos, que melhoravam e tendiam a assegurar as funções sociais do Estado em todo o território. Igualmente, eram inaugurados muitas e diferentes empresas ou equipamentos privados, que apetrechavam Angola, onde, na minha opinião,o pleno emprego terá sido responsável pela debandada de guerrilheiros dos movimentos ditos independentistas. Terá sido o período mais glorioso da história de Portugal, e que ficou a dever-se à "integralidade da Nação".
Aqui chegados, como podemos caracterizar o regime parido do golpe e alegadamente democrático? Na minha opinião, é desde o PREC uma rebaldaria, que beneficia os partidos e afins, enquanto castiga a população, designadamente a classe média sufocada com impostos, os desempregados e sub-empregados (o "exército de reserva" cf. Marx), e alguns profissionais desprotegidos e desconsiderados, como agricultores e pescadores, sobretudo os que trabalham por conta de outros. (continua)
(continuação)
ResponderEliminarMas mais grave, é a impunidade consagrada na lei pela "democracia" em vigor, o aumento constante das dívidas ao exterior (pública e privada); a tradição de gastarmos mais do que produzimos, que aumenta continuamente; a perda da soberania, que nos inibe na tomada de decisões sobre o que nos diz respeito; a venda ao desbarato do património nacional decorrente do anterior, e outras razões que nos deixaram atados nesta condição de pós-modernismo, que não andam nem desandam, apesar de grandiloquentes e sorridentes discursos. Não há virgens na nossa política.
Será que o Sr Correi Pinto ainda é capaz de contrapor o actual regime, que apressadamente caracterizei, com o anterior que levianamente desancou? É que são tão parecidos e sobranceiros em vários aspectos, embora que um foi humilde, mas desenvolvimentista, enquanto este, tem sido desbaratador, irresponsável e traidor da coesão social e do bem comum.
Melhor fora, que o autor tivesse elencado a imensa quantidade de aberrações do novo regime, e proposto soluções adequadas, incluindo um apelo aos portugueses para enfrentarem a dura realidade, que, como tudo o indica, se aproxima.
Por último, esclareço que minha formação é de esquerda, mas insubmissa aos artistas fingidores da democracia, modelo que nunca passou cá pelo jardim.
Um artista fingidor de democrata e que se assina como JD pospega uma série de disparates rançosos. Nem sequer merece a pena lê-los porque não vale a pena perder tempo com senilidades bajuladoras e rastejantes do fascismo.
ResponderEliminarO lixo merece o lixo e os serôdios comentadeiros viúvos de salazar são o que são.Ficam bem na paisagem da manipulação rasca das coisas rascas
Mas há uma nota que merece ser sublinhada. A cobardia e a pusilanimidade (sim, é um pleonasmo) revelada por este JD que, verdadeiro troca-tintas, nem os tem nos sítio para se assumir como aquilo que é. E numa manifesta falta de carácter tem a suprema lata de se catalogar como tendo "formação de esquerda"
Mas o que temos a ver com a "formação" do sujeito? Que asnice esta de tentar esconder assim o seu ranço ideológico, atrás duma "formação" seja essa "formação" a "formação" que for?
Faz lembrar aquelas cenas canalhas dos tipos apanhados com a mão na massa e que depois tentam limpar a sua trampa, invocando as boas famílias a que pertencem e a educação prendada que tiveram.
O comentário precedente, que imagino seja da autoria do Sr Correia Pinto, é uma autêntica bosta, para não fugir ao elevado estilo daquela personalidade. O meu nome é José Dinis, e o JD identifica-me na conta Google. O autor conhece mal a história e subscreve o princípio político e social de gastarmos mais do que produzimos, portanto, trata-se de um cilindro dos princípios da racionalidade, qualquer coisa como um adepto de certas "contas Certas", um insuficiente refugiado em medíocre exercício escrito. Porreiro, pá! Este faz questão de ser apanhado com as mãos na massa. Inté!
ResponderEliminarSó intervenho nesta conversa porque fui caluniado pelo senhor JD. Tudo o que eu escrevo, escrevi ou escreverei tem, teve e terá o meu nome. Apenas isso. Deixo as calúnias com o caluniador.
ResponderEliminarPois é!
ResponderEliminarO pobre senhor JD teve a desdita de acrescentar mais alguns qualificativos ao seu cardápio pessoal. Infelizmente ( para ele) com um carácter bem pouco laudatório, revelando-se também ( para além de adepto desbragado do colonialismo e do salazarismo) como caluniador nato e desprezível.
Isso permite completar o retrato de alguém que ideologicamente é o que é e confere o juízo que se tem de coisas assim.
Mas não deixa de ser divertido ver a fuga do senhor JD para as"contas certas", para os "cilindros" da "racionalidade" e para os refugiados dos medíocres. Porque permanece o silêncio sobre o que lhe era apontado aí em cima ( e de forma bem directa).
O motivo pelo qual invoca a sua "formação" ( de "esquerda", claro está) deriva da necessidade de um álibi, da conveniência de propagandista ideológico travestido em cavalo de Tróia ou simplesmente de uma suspeita falta de coragem?
Meu nome é Valeria Marco. Há 6 meses atrás, meus negócios fracassavam, eu não tinha esperança de recuperar meus negócios novamente. Tentei pedir dinheiro emprestado ao banco, mas não tinha dinheiro suficiente no cartão de crédito e nenhuma propriedade como garantia para obter um empréstimo. Depois, uma amiga muito próxima, Camila Diego, me apresentou a um credor genuíno através da Internet chamado GINA MORGAN EMPRÉSTIMO LTD. A empresa de empréstimo desta mulher conseguiu me emprestar € 160,000 sem nenhuma propriedade como garantia ou cartão de crédito, mas ela me entregou com confiança. Então, meus amigos, eu disse a mim mesmo por que ser egoísta, então decidi compartilhar essas informações com todos. Se você precisar de um empréstimo de um credor confiável, entre em contato com Gina Morgan através do email: ginamorganloancompany@gmail.com
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