A JUSTIÇA É IGUAL PARA TODOS?
Não se trata de questionar a prisão de Karadzic, nem a sua eventual punição pelos crimes que tenha cometido.
O que se trata é de questionar a aplicação do princípio da igualdade perante a lei. Muitos, muitos exemplos, poderiam ser aqui chamados. Recentemente, o procurador do TPI pediu a prisão do Presidente do Sudão. Certamente por boas razões. Mas gostaríamos de ter a certeza de que se Omar Al Bashir, em vez de preto e presidente de um país pobre, fosse branco e presidente de um país rico também teria um mandado de captura. Infelizmente, não temos essa certeza. Bush e Blair cometeram o crime de guerra de agressão. Alguém ousaria emitir contra eles um mandado de captura?
Pinochet morreu de velho e na cama e Kissinger, que promoveu e apadrinhou o golpe de 11 de Setembro e tudo o que depois se seguiu no Chile, continua tranquilamente a assistir às finais dos mundiais e dos europeus de futebol nos lugares de honra.
Aqui ao lado, em Espanha, o juiz Garzon tem andado numa roda-viva a tentar a extradição de criminosos políticos sul-americanos, desde Pinochet a generais argentinos. Mas nunca ergueu uma palha contra os criminosos franquistas que tinha em casa. Criminosos de direito comum, alguns bem importantes como o Cunhadíssimo, Serrano Suñer, que morreu com mais de 100 anos, ou o Carniceiro de Málaga, Árias Navarro, que até primeiro-ministro foi, além muitos outros.
E os massacres das guerras coloniais, alguém os julgou? Não, foram actos patrióticos…
Depois venham criticar Hobbes, por definir a guerra justa como a guerra que se ganha. Enquanto duram, as guerras são justas para ambos os lados. Depois, o que determina a justiça da guerra é a vitória…
Realmente essa do Garzon e os franquistas não me tinha ocorrido e no entanto mete-se pelos olhos dentro
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