O QUE O PS TEIMA EM NÃO FAZER
Pelas notícias dispersas que vão chegando, percebe-se que um sector do PS (o que se exprime), porventura representativo da opinião de muitos militantes, talvez até da maioria, está na disposição de se “deixar enterrar” com Sócrates.
Esse sector parece não compreender que há hoje em largos estractos da sociedade portuguesa e, inequivocamente, em toda a classe na classe política não afecta ao PS, uma clara rejeição de Sócrates. À medida que o tempo passa, ontem por umas razões, hoje por essas e mais outras, amanhã por todas essas e mais algumas, o PS vai perdendo terreno e cavando um fosso cada vez maior com uma parcela muito significativa daquele foi o seu eleitorado na última década.
Por razões explicáveis, embora pouco justificáveis, quem acabará por ganhar com tudo isso é a direita. E desta vez será mesmo a mais reaccionária e radical.
Esta antevisão de modo algum pode ser interpretada, sequer subliminarmente, como uma crítica aos partidos de esquerda que, por esta ou aquela razão, têm juntado o seu voto ao voto da direita para derrotar o Governo. Pelo contrário, ao PS é que cabe a responsabilidade de, face à análise do que se está passando, actuar de modo a inverter a situação.
Mas não, perante o discurso radical, reaccionário e perigosamente populista de Rangel, o PS em vez de se preparar para tomar medidas susceptíveis de reverter a situação, numa altura em que ainda talvez o conseguisse, prepara-se para defender o indefensável e colar-se reverencialmente ao lado de Sócrates na esperança de que um milagre acontecerá.
Quando o PS for relegado para a oposição por largo tempo, porventura com um peso bem inferior ao que nessa situação tem tido noutras ocasiões, o mais provável é que se desenvencilhe rapidamente de Sócrates e dos seus “boys”. Só que nessa altura já será tarde. Tarde demais.
Incentivar provocatoriamente a oposição a apresentar uma moção de censura, quando se sabe que interesses contraditórios impedem a sua aprovação pelas várias oposições, é mais um argumento a favor da direita, que, aproveitando-se da persistência do PS numa solução sem saída , não deixará de mais tarde invocar a responsabilidade de todo o partido e não apenas de Sócrates pelo estado em que o país se encontra(rá).
Ninguém responsável advogará uma substituição imediata: há um orçamento para aprovar e há “contas a prestar” a Bruxelas. Mas logo que estes passos incontornáveis da vida política portuguesa estejam dados, o PS deveria ter uma solução credível para o “caso Sócrates”, sendo obviamente de descartar todos aqueles que a ele estiveram ligados, outros que não tendo estado assim tanto apenas formalmente se desligaram para que, quem está de fora, suponha que a sua insaciável voracidade pelos negócios nada tem a ver com a política e ainda outros que desde há muito suscitam em certas forças políticas anti-corpos capazes de em pouco tempo os neutralizar.
A escolha teria que ser sábia e estrategicamente pensada de modo a neutralizar as alianças que a partir de Belém se preparam para governar o país...
1 comentário:
Grande verdade, Zé Manel.
Continue a esclarecer a blogos...
:))
Ana
Enviar um comentário