sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

SE...


AS SUSPEITAS DO SOL…

Está toda a gente (da oposição, claro) aparentemente muita preocupada com as eventuais mentiras do Primeiro Ministro. Não vou dizer que mentir ou falar verdade é, em política, rigorosamente a mesma coisa, porque na realidade não é. O que vou dizer é que é vulgar e corrente que os governantes mintam, como toda a gente sabe. Digamos mesmo que para a generalidade dos governantes a preocupação fundamental não consiste em não mentir, mas em não se deixar apanhar pela mentira. É assim em Portugal e em todo mundo, a começar pelo Estados democráticos onde reina o Estado de direito.
Digamos ainda que os governantes estão, de certa forma, numa situação semelhante à dos serviços secretos: fazem muitas coisas que não devem, mas se forem apanhados terão de responder por elas.
Mas já é qualitativamente diferente a situação de uma magistratura judicial conluiada com interesses privados ou com interesses particulares de pessoas públicas. Aqui o caso é muito mais sério: é que se isto acontecer ruem por completo as bases fundamentais em que assenta o sistema.
Por isso, para que não haja quaisquer dúvidas, o Parlamento deve, com toda a serenidade e seriedade, averiguar se as suspeitas hoje postas a circular pelo jornal “Sol”, e reiteradas na Comissão de Ética pelo seu director, são verdadeiras ou falsas.
Para isso, e uma vez que o que está em causa é a própria estrutura do regime, o Parlamento (ou seja, uma Comissão Parlamentar restrita e ajuramentada) deve ter acesso a todas as escutas relevantes e analisar se há ou não indícios seguros de que os “escutados” tiveram, a partir de determinada altura, conhecimento da situação em que se encontravam.
As consequências de nada fazer serão muito mais graves do que ter a coragem de averiguar o que se passou.

1 comentário:

Jorge Almeida disse...

Junte a esta suspeita os protestos de Noronha do Nascimento acerca do ritmo a que estavam a chegar as transcrições das escutas ("aos bochechos"), e as declarações do mesmo informando que não se lembrava de ver referências a Cavaco nas transcrições que tinha visto.

Toda esta estória encaminha-se para chegar-se à conclusão que foi a PGR que não fez chegar tudo ao PSTJ, e que tenha andado a proteger este grupo.