sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

OBAMA NÃO VEM A MADRID À CIMEIRA COM A UE




CONSTERNAÇÃO EM ESPANHA E EM BRUXELAS

Desde há mais de quinze anos que se realizam regularmente cimeiras EUA-UE, umas vezes semestralmente, outras anualmente. Obama, pouco depois de ser eleito, participou na cimeira de Praga, na sequência da comemoração, em Strasbourg/Kehl, do 60.º aniversário da NATO e antes da conferência de Istambul sobre Diálogo de Civilizações.
O governo espanhol tinha por certo que Obama viria a Madrid em Abril para presidir à delegação americana à cimeira que com tanto entusiasmo mediático estava a ser preparada pela presidência de Espanha na União Europeia. A burocracia de Bruxelas escrava dos seus calendários e acrítica relativamente aos eventos que eles encerram nem sequer lhe passou pela cabeça que o Presidente americano poderia faltar a uma cimeira desta natureza, antes de mais porque nenhum outro até hoje o tinha feito.
Acontece que Obama e a diplomacia americana rapidamente perceberam que estas cimeiras não tinham qualquer interesse. Não tinham interesse para a América, antes de mais porque não existe qualquer política externa comum na Europa, mas também porque a Europa não faz parte das grandes prioridades da política externa americana.
A Europa pode não constituir um problema para os Estados Unidos, mas também não é capaz de ajudar os americanos a resolver qualquer problema. E embora Obama, na primeira vez que participou numa cimeira destas, tenha sido simpático, quando disse “Isto não é mais complicado do que o congresso americano”, logo percebeu que, complicação por complicação, mais valia ocupar-se da sua e deixar esta a cargo dos europeus.
E foi o que fez. Ainda aturdido com a derrota de Massachusetts e com mil e um problemas para resolver internamente, com eleições à porta e o risco de as perder, se tinha algo onde cortar, em matéria de tempo e deslocações, foi na Europa e nos rituais da burocracia de Bruxelas.
A Europa tem cimeiras com todo o mundo, regulares, anuais ou semestrais, que em mais de noventa por cento dos casos não servem rigorosamente para nada. Salvo para alimentar a máquina burocrática de Bruxelas, que assegura a sua reprodução e permanência com eventos estéreis regularmente reproduzidos, e as máquinas burocráticas nacionais, nomeadamente as dos ministérios dos negócios estrangeiros, que encontram nestes eventos uma excelente oportunidade para mostrar serviço que de outro modo não existiria.

3 comentários:

Jorge Almeida disse...

A UE havia de cortar o dinheiro que dá para resolver os problemas criados pelos EUA.

Quem é que dá mais dinheiro para reconstrução a Iraque, Afeganistão, Médio Oriente, etc ...? A UE.

E quem é que criou estes probelasm, aumentou-os e não os sabe resolver? Os EUA.

Se Bruxelas disser a Washington que "se não vens, passas a ser tu a pagar pelos erros que tens feito", queria ver se o Obama não vinha já a correr!

JMCPinto disse...

Sim é verdade que a União Europeia gasta algum dinheiro nas "guerras americanas". Mas onde gasta mais é na Palestina e aí os países europeus também a sua grande dose de culpa.
Mas eu, no que escrevi, não formulei qualquer juízo de valor relativamente à posição de Obama. Limitei-me a descrever o que os americanos pensam.
Coisa diferente é a proliferação de cimeiras e reuniões inúteis promovidas pela burocracia de Bruxelas e pelas congéneres nacionais.
Aí sim, emito opinião com base em factos que conheço muito bem.
JMCPinto

JMCPinto disse...

Corrigindo as gralhas:
Sim, é verdade que a União Europeia gasta algum dinheiro nas "guerras americanas". Mas onde gasta mais é na Palestina e aí os países europeus também tem a sua grande dose de culpa.
Mas eu, no que escrevi, não formulei qualquer juízo de valor relativamente à posição de Obama. Limitei-me a descrever o que os americanos pensam.
Coisa diferente é a proliferação de cimeiras e reuniões inúteis promovidas pela burocracia de Bruxelas e pelas congéneres nacionais.
Aí sim, emito opinião com base em factos que conheço muito bem.
JMCPinto