O QUE NUNCA SE PODE ESQUECER
As notícias agora vindas a público permitem concluir que Moniz estava perfeitamente ao corrente do negócio que a PT estava em vias de concluir com a Prisa, e que foi por via dele, directa ou indirectamente, que Cavaco e Ferreira Leite foram informados do que se estava a passar.
Nada disto é crime como diz a Senhora presidente do PSD. O Presidente da República nada diz, porque muito provavelmente recebe as suas informações directamente do Espírito Santo, sendo legítimo que não queira expor publicamente fontes tão divinais. Também nada disto é crime nem tem nada de mal.
O problema é muito outro: é que tanto o Presidente da República como a Senhora Ferreira Leite e o PSD em geral se sentiam muito confortáveis com orientação noticiosa e editorial da TVI, nomeadamente o Jornal das sextas. Por isso, nada mais normal, dentro do conceito de liberdade de imprensa que defendem, que não quisessem ver alterada aquela orientação.
O mesmo se diga relativamente a JM Fernandes (que, por estúpido excesso de zelo, preparou a sua própria queda) e a Crespo.
Por todas estas razões, volto à minha: atacar Sócrates e as suas políticas (que, do ponto de vista da esquerda, sejam inaceitáveis), bem como a tentação que nele está sempre presente de pôr a comunicação social ao serviço do seu projecto político, é uma coisa. Outra, muito diferente, e absolutamente inaceitável, é defender Moniz, Moura Guedes, JM Fernandes ou Crespo.
Supor que se defende a liberdade de imprensa defendendo aqueles cavalheiros é uma ingenuidade em que nenhum democrata pode incorrer. Moniz, o homem que durante dez anos de cavaquismo orientou a comunicação social no sentido que se conhece, não ostenta nenhum título passado, nem presente, que o recomende como defensor da liberdade. Bem pelo contrário. O mesmo se diga dos outros três cuja acção, por mais recente, é de todos conhecida e dispensa comentários adicionais.
Insisto, deixo essa defesa aos “neo-democratas” que defendem a burka e outras liberdades do género e que, bem no fundo, estão para a democracia como os neo-liberais estão para a economia.
3 comentários:
O Presidente da República recebe as informações directamente do Espírito Santo ... e Este recebe-as indirectamente, via banco com o Seu nome, do Primeiro Ministro.
Será isto cooperação institucional ou a Santíssima Trindade a que temos direito?
V
Perfeito poste, no tom, na forma, na substância.
Grande CP.
Entre amigos, é justificável a chamada de atenção para convergências, sem que isto seja abuso publicitário.
Creio que já deves ter lido o que escrevi no meu moleskine.
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