A VITÓRIA ESPERADA
Como se esperava, Cavaco Silva venceu as presidenciais do passado domingo. Menos de um quarto dos eleitores incritos deu-lhe o seu voto, concedendo-lhe nos votos expressos uma maioria de cerca de 53%.
A eleição de Cavaco Silva não constituiu qualquer surpresa, pelo menos desde há cerca de um ano para cá. Também não constituiu surpresa o voto relativamente pouco expressivo que o elegeu, tanto em números absolutos, como relativamente ao número de eleitores inscritos.
Com uma percentagem ligeiramente superior à obtida na primeira eleição, a menor de todas as reeleições presidenciais após o 25 de Abril, com cerca de menos meio milhão de votos do que há cinco anos, Cavaco Silva era, pela sua personalidade política, um candidato batível no quadro de uma estratégia completamente diferente daquela que acabou por ser adoptada para o defrontar.
Cavaco Silva não alargou a sua base de apoio de 2006 até hoje. Pelo contrário, diminuiu-a. Cavaco foi para uma parte significativa do eleitorado que o elegeu, nomeadamente o mais ligado aos partidos que o apoiaram, uma espécie de mal menor e inevitável. Não sendo um candidato do agrado da maior parte dos eleitores do CDS, nem de largos estratos do PSD, a começar pelas correntes hoje dominantes, Cavaco Silva acabou por ser eleito por se ter “imposto” àqueles partidos como uma inevitabilidade incontornável.
Menos do que a ideologia subjacente à candidatura de Cavaco Silva – ele é, de facto, um homem de direita -, o que verdadeiramente contou para esta falta de entusiasmo dos partidos que o apoiaram foi, por um lado, da parte dos sectores mais extremistas, a ausência de coragem política do candidato-Presidente para se opor a certas medidas aprovadas pela esquerda no Parlamento (de que são exemplo todos os diplomas legislativos relacionados com os chamados “costumes”); e, por outro, por parte dos dirigentes e dos militantes de direita, a profunda convicção de que Cavaco é um político que age no quadro de um grupo restrito que hegemoniza, perfilhando esse mesmo entendimento relativamente a todos os que a ele se juntam. Cavaco não é homem para concertar estratégias com os seus apoiantes; Cavaco exige dos seus apoiantes a adesão incondicional às estratégias que ele próprio elege. É mais um homem que se serve e que tem uma visão instrumental dos partidos, do que um homem de partido. Por todas estas razões, Cavaco Silva não seria nesta fase da vida política portuguesa um candidato apetecível para os partidos que o apoiaram, tendo havido, por isso, todas as condições para ser batido.
Hoje é fácil explicar por que razão Cavaco foi eleito e a esquerda derrotada. Mais difícil teria sido há mais de um ano dar corpo a uma estratégia vencedora que poderia inclusive ter levado à não apresentação de Cavaco Silva como candidato. Modéstia à parte, talvez valha a pena ler agora o que aqui se escreveu em 23/09/09; 01/10/09.
É lamentável que tenha havido uma errada interpretação dos resultados eleitorais de há cinco anos, tanto no plano individual como colectivo, e tenha havido quem jogando na possibilidade de colocar o PS entre a “espada e a parede” e de “obrigar” o PCP a apoiar um candidato que não escolheu, tenha deitado tudo a perder em mais uma triste manifestação de uma “doença infantil” que quando ataca os “homens maduros” deixa muitas dúvidas quanto à sua própria maturidade política.
Como se esperava, Cavaco Silva venceu as presidenciais do passado domingo. Menos de um quarto dos eleitores incritos deu-lhe o seu voto, concedendo-lhe nos votos expressos uma maioria de cerca de 53%.
A eleição de Cavaco Silva não constituiu qualquer surpresa, pelo menos desde há cerca de um ano para cá. Também não constituiu surpresa o voto relativamente pouco expressivo que o elegeu, tanto em números absolutos, como relativamente ao número de eleitores inscritos.
Com uma percentagem ligeiramente superior à obtida na primeira eleição, a menor de todas as reeleições presidenciais após o 25 de Abril, com cerca de menos meio milhão de votos do que há cinco anos, Cavaco Silva era, pela sua personalidade política, um candidato batível no quadro de uma estratégia completamente diferente daquela que acabou por ser adoptada para o defrontar.
Cavaco Silva não alargou a sua base de apoio de 2006 até hoje. Pelo contrário, diminuiu-a. Cavaco foi para uma parte significativa do eleitorado que o elegeu, nomeadamente o mais ligado aos partidos que o apoiaram, uma espécie de mal menor e inevitável. Não sendo um candidato do agrado da maior parte dos eleitores do CDS, nem de largos estratos do PSD, a começar pelas correntes hoje dominantes, Cavaco Silva acabou por ser eleito por se ter “imposto” àqueles partidos como uma inevitabilidade incontornável.
Menos do que a ideologia subjacente à candidatura de Cavaco Silva – ele é, de facto, um homem de direita -, o que verdadeiramente contou para esta falta de entusiasmo dos partidos que o apoiaram foi, por um lado, da parte dos sectores mais extremistas, a ausência de coragem política do candidato-Presidente para se opor a certas medidas aprovadas pela esquerda no Parlamento (de que são exemplo todos os diplomas legislativos relacionados com os chamados “costumes”); e, por outro, por parte dos dirigentes e dos militantes de direita, a profunda convicção de que Cavaco é um político que age no quadro de um grupo restrito que hegemoniza, perfilhando esse mesmo entendimento relativamente a todos os que a ele se juntam. Cavaco não é homem para concertar estratégias com os seus apoiantes; Cavaco exige dos seus apoiantes a adesão incondicional às estratégias que ele próprio elege. É mais um homem que se serve e que tem uma visão instrumental dos partidos, do que um homem de partido. Por todas estas razões, Cavaco Silva não seria nesta fase da vida política portuguesa um candidato apetecível para os partidos que o apoiaram, tendo havido, por isso, todas as condições para ser batido.
Hoje é fácil explicar por que razão Cavaco foi eleito e a esquerda derrotada. Mais difícil teria sido há mais de um ano dar corpo a uma estratégia vencedora que poderia inclusive ter levado à não apresentação de Cavaco Silva como candidato. Modéstia à parte, talvez valha a pena ler agora o que aqui se escreveu em 23/09/09; 01/10/09.
É lamentável que tenha havido uma errada interpretação dos resultados eleitorais de há cinco anos, tanto no plano individual como colectivo, e tenha havido quem jogando na possibilidade de colocar o PS entre a “espada e a parede” e de “obrigar” o PCP a apoiar um candidato que não escolheu, tenha deitado tudo a perder em mais uma triste manifestação de uma “doença infantil” que quando ataca os “homens maduros” deixa muitas dúvidas quanto à sua própria maturidade política.
2 comentários:
Não seria interessante olhar para a seguinte contabilidade eleitoral também? É bem objectiva. Não permite divagações ao sabor de algum subjectivismo mais distraído.
Vamos, então, a contas:
- em 2006, com 61,6% de votantes, Cavaco teve 2.757.731 votos.
- em 2011, com 46,62 % de votantes, Cavaco teve 2.230.362.
Conclusão: se eu não erro, porque a matemática não se engana, faça a conta que fizer, o homem sobe. Aliás, a percentagem, que nestes casos é decisiva, não deixa dúvidas.
A não ser que, pelas suas contas, todos os que não votaram eram eleitores Cavaco!
Ser-me-á legítimo concluir que se tivessem votado apenas 100 eleitores – e, por este andar, chegaremos lá -, o seu título seria: “Cavaco eleito com uns ridículos 53 votos!”??
O que eu ouvi, antes da eleição, foi que a abstenção ia penalizar o Cavaco. Com o que eu não concordo. Mas… e se foi assim?
JR
Meu Caro JR
Lamento não ter sido compreendido. Como verá pelo que vou escrever noutro post,a votação em Cavaco é indiferente do ponto de vista da sua legitimidade. E, eu, como não sou seu apoiante, não estou nada interessado em discutir esse assunto.
A única coisa que sublinho no texto é que Cavaco, com outra estragégiada esquerda, teria sido facilmente batido, como se comprova pela votação que obteve.
Somente nesta perspectiva me interessou a sua votação.
Entendidos?
Abraço
CP
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