sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O CDS ESTÁ NERVOSO




PAULO PORTAS MUITO ANSIOSO

O CDS está enredado num liame do qual não se consegue desprender. Por um lado, sabe que os 21 deputados que alcançou numa votação histórica e irrepetível lhe servem de bem pouco numa Assembleia com a actual composição e, por outro, aspira o mais rapidamente possível a ser governo, objectivo que só pode alcançar submetendo-se a uma nova votação.
Os deputados que actualmente tem não lhe servem para “nada”, porque mesmo que tentasse empurrar o PSD, fora do timing deste, para actos que conduzissem a eleições antecipadas, a já anunciada abstenção do Bloco e do PC nunca lhe permitiria alcançar a maioria necessária (maioria absoluta dos deputados em exercício de funções) para derrubar o Governo e, muito menos, para o substituir, facto que, mesmo em circunstâncias plausíveis, nunca aconteceu em Portugal.
Por outro lado, sabe que o PSD, depois da “sofreguidão” inicial demonstrada pela nova liderança, optou agora por um estilo diferente, aparentemente mais tranquilo, destinado a criar na opinião pública a ideia de que se as coisas não correrem bem, a culpa é exclusivamente da responsabilidade do Governo.
Ora, o CDS não desconhece que esta estratégia, que terá o seu zénite na aprovação do próximo orçamento, só poderá ser coroada de êxito se a execução orçamental do Governo for um fracasso e se os ataques especulativos à dívida e ao euro mantiverem um crescendo de intensidade que torne inevitável o recurso ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira, vulgo FMI. São muitos “ses”. E pior do que os “ses”, é a certeza de que tal estratégia em nada o beneficiará, não apenas por a votação de 2009 ser irrepetível nos seus efeitos (a “entrada” de cinco deputados nos últimos votos contados em outros tantos distritos), como por o próprio corpo eleitoral do CDS (cerca de 16 deputados) só ser viável com o PSD em crise.
Portanto, sentindo-se a reboque de uma estratégia que não comanda, e sendo incapaz de impor uma outra que lhe minore os prejuízos, Paulo Portas, instável e ansioso, “desata” numa série de iniciativas, umas demagógicas, outras ridículas, que apenas servem para demonstrar as limitações de uma ambição muito acima das possibilidades de quem a tem.
Todos ficámos muito “comovidos” com a recente iniciativa do CDS contra os ordenados e vencimentos do sector público - a que logo a SIC N deu pleno acolhimento, sem outro critério nem outro enquadramento que não fossem o de por via do “escândalo” subir as audiências (seja com as demagogias do Portas ou com peripécias do processo "Casa Pia") – e esquecidos do zelo com que importantes “dossiers” do Estado foram tratados por Portas e pelo CDS, como o dos “helicópteros”, o dos “submarinos”, o dos “sobreiros”, enfim, o zelo infinito com que o pobre do Telmo, auto-apodado “o Breve”, se dedicou a cuidar dos assuntos do Estado nos últimos dias do seu mandato, depois de uma breve “clandestinidade” a que Abel Pinheiro soube pôr cobro com diligências “ao mais alto nível”!
E da demagogia ao ridículo vai um pequeno passo que a ansiedade ajuda a transpor: a de ouvir da “boca” do PSD: “Tem lá calma que a nossa estratégia não é essa, nem tu és para aqui chamado nesta fase do processo

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