UM GRANDE RADIALISTA
A partir de meados dos anos cinquenta e, principalmente, na década de sessenta do século passado, a voz do desporto na rádio portuguesa era a voz de Artur Agostinho. Sucedendo a nomes que fizeram fama antes dele, como Pedro Moutinho e Alfredo Quadro Raposo, Artur Agostinho deles se distanciou pela isenção com que fazia os relatos de futebol ou narrava as etapas da volta a Portugal, enquanto os ouvintes, ansiosos, aguardavam o relato em directo das chegadas à meta.
Esta atitude de Agostinho perante o desporto, no qual era à época, em escala diferente, acompanhado por Nuno Brás e também por Amadeu José de Freitas, granjeou-lhe uma enorme simpatia entre todos os desportistas e amantes do desporto, qualquer que fosse a sua cor clubista.
Ainda hoje é memória de um Artur Agostinho imparcial no relato e no comentário do acontecimento desportivo que torna tão penosa a convivência com o clima de parcialidade agressiva que se instalou no comentário desportivo português de há trinta anos para cá.
Agostinho era ainda seguido com entusiasmo nos relatos das selecções tanto de futebol como de hóquei patins, a ele se devendo a emoção com que eram escutados os relatos dos torneios de Montreux, por ocasião da Páscoa, e dos campeonatos do Mundo e da Europa. Mais tarde, quando a televisão passou a transmitir em directo os jogos de hóquei patins, breve se percebeu que era a voz de Artur Agostinho que emprestava à modalidade uma emoção que na realidade ela não tinha para a maior parte dos telespectadores.
Na memória de todos os que assistiram aos primeiros grandes feitos do futebol português ficarão para sempre os relatos dos jogos do Benfica na Taça dos Campeões Europeus e da selecção na fase final do Mundial de 66 em Inglaterra.
Artur Agostinho não foi apenas relator e comentador desportivo, ele foi também o repórter de muitos eventos importantes do “Estado Novo”, além de, pouco depois de criada a televisão em Portugal, ele ser também uma presença permanente no pequeno ecrã, no teatro, em concursos, em programas de variedades, além obviamente dos desportivos.
Além desta presença nos media oficiais, Artur Agostinho fez cinema, publicidade e jornalismo desportivo.
Assuntos desportivos à parte, no clima da época notava-se e sublinhava-se a completa ausência de sentido crítico de Artur Agostinho relativamente à “Situação”. Se não era apologético, e às vezes tê-lo-á sido em algumas reportagens que o emocionaram, nomeadamente as dos primeiros anos da Guerra Colonial, de maneira alguma ele era crítico nas limitadas circunstâncias em que se poderia ser ou mesmo quando, com o apodrecimento da situação política, já muitos ousavam ciciar algumas críticas que antes silenciavam.
De certa maneira Artur Agostinho era a uma das vozes e uma das imagens do Regime. E isso pesou, como não poderia deixar de ser, na avaliação que o 25 de Abril dele fez como homem político.
O novo regime tinha de ter outras vozes e outras imagens. E Artur Agostinho não tinha nenhuma hipótese de manter o protagonismo que antes o evidenciava. E foi isto o que se passou. O 25 de Abril numa qualquer comparação histórica com outras Revoluções que puseram termo a ditaduras de décadas ou até de menor longevidade foi muito generoso com todos aqueles que com ele se não identificavam e muito pouco severo com os que, por diversos meios, e em épocas diferentes, se lhe opuseram.
Artur Agostinho para além das decepções pessoais que possa ter sofrido – e que merecem todo o respeito – optou por se exilar certamente por entender que o Portugal saído do 25 Abril estava gradualmente a afastar-se do país em que ele sempre tinha vivido e em que se habituara a viver.
Alguns anos passados, no outro lado do Atlântico, em exílio voluntário por que optou, fizeram-lhe compreender, inteligente como era, que, afinal, o Portugal que estava a estabilizar-se era perfeitamente compatível com os seus anseios e objectivos. E por isso regressou. Foi bem recebido em todo o lado e, como sempre, teve a inteligência de se não vitimizar, deixando que outros, da sua área política, o fizessem amplamente e o transformassem numa espécie de herói, em cuja veste ele, muito inteligentemente, nunca se deixou envolver, deixando assim ficar na mente das pessoas uma imagem de “herói involuntário” muito mais poderosa e atractiva do que qualquer outra.
A partir de meados dos anos cinquenta e, principalmente, na década de sessenta do século passado, a voz do desporto na rádio portuguesa era a voz de Artur Agostinho. Sucedendo a nomes que fizeram fama antes dele, como Pedro Moutinho e Alfredo Quadro Raposo, Artur Agostinho deles se distanciou pela isenção com que fazia os relatos de futebol ou narrava as etapas da volta a Portugal, enquanto os ouvintes, ansiosos, aguardavam o relato em directo das chegadas à meta.
Esta atitude de Agostinho perante o desporto, no qual era à época, em escala diferente, acompanhado por Nuno Brás e também por Amadeu José de Freitas, granjeou-lhe uma enorme simpatia entre todos os desportistas e amantes do desporto, qualquer que fosse a sua cor clubista.
Ainda hoje é memória de um Artur Agostinho imparcial no relato e no comentário do acontecimento desportivo que torna tão penosa a convivência com o clima de parcialidade agressiva que se instalou no comentário desportivo português de há trinta anos para cá.
Agostinho era ainda seguido com entusiasmo nos relatos das selecções tanto de futebol como de hóquei patins, a ele se devendo a emoção com que eram escutados os relatos dos torneios de Montreux, por ocasião da Páscoa, e dos campeonatos do Mundo e da Europa. Mais tarde, quando a televisão passou a transmitir em directo os jogos de hóquei patins, breve se percebeu que era a voz de Artur Agostinho que emprestava à modalidade uma emoção que na realidade ela não tinha para a maior parte dos telespectadores.
Na memória de todos os que assistiram aos primeiros grandes feitos do futebol português ficarão para sempre os relatos dos jogos do Benfica na Taça dos Campeões Europeus e da selecção na fase final do Mundial de 66 em Inglaterra.
Artur Agostinho não foi apenas relator e comentador desportivo, ele foi também o repórter de muitos eventos importantes do “Estado Novo”, além de, pouco depois de criada a televisão em Portugal, ele ser também uma presença permanente no pequeno ecrã, no teatro, em concursos, em programas de variedades, além obviamente dos desportivos.
Além desta presença nos media oficiais, Artur Agostinho fez cinema, publicidade e jornalismo desportivo.
Assuntos desportivos à parte, no clima da época notava-se e sublinhava-se a completa ausência de sentido crítico de Artur Agostinho relativamente à “Situação”. Se não era apologético, e às vezes tê-lo-á sido em algumas reportagens que o emocionaram, nomeadamente as dos primeiros anos da Guerra Colonial, de maneira alguma ele era crítico nas limitadas circunstâncias em que se poderia ser ou mesmo quando, com o apodrecimento da situação política, já muitos ousavam ciciar algumas críticas que antes silenciavam.
De certa maneira Artur Agostinho era a uma das vozes e uma das imagens do Regime. E isso pesou, como não poderia deixar de ser, na avaliação que o 25 de Abril dele fez como homem político.
O novo regime tinha de ter outras vozes e outras imagens. E Artur Agostinho não tinha nenhuma hipótese de manter o protagonismo que antes o evidenciava. E foi isto o que se passou. O 25 de Abril numa qualquer comparação histórica com outras Revoluções que puseram termo a ditaduras de décadas ou até de menor longevidade foi muito generoso com todos aqueles que com ele se não identificavam e muito pouco severo com os que, por diversos meios, e em épocas diferentes, se lhe opuseram.
Artur Agostinho para além das decepções pessoais que possa ter sofrido – e que merecem todo o respeito – optou por se exilar certamente por entender que o Portugal saído do 25 Abril estava gradualmente a afastar-se do país em que ele sempre tinha vivido e em que se habituara a viver.
Alguns anos passados, no outro lado do Atlântico, em exílio voluntário por que optou, fizeram-lhe compreender, inteligente como era, que, afinal, o Portugal que estava a estabilizar-se era perfeitamente compatível com os seus anseios e objectivos. E por isso regressou. Foi bem recebido em todo o lado e, como sempre, teve a inteligência de se não vitimizar, deixando que outros, da sua área política, o fizessem amplamente e o transformassem numa espécie de herói, em cuja veste ele, muito inteligentemente, nunca se deixou envolver, deixando assim ficar na mente das pessoas uma imagem de “herói involuntário” muito mais poderosa e atractiva do que qualquer outra.
13 comentários:
Um Post que gostei de ler. Tal como gostava do "velho" e simpático A.Agostinho. De que terei saudades.
P.Rufino
Teve um passado merecedor de prisao, nao haja duvida. Relatava (com alma) futebol e hoquei em patins... Portugal ganhava... Prisa com ele!
O post até é exageradamente simpático para A.A. É preciso não esquecer que ele era um colaborador do regime fascista. O autor do comentário anterior tem ideia do que aconteceu na França, na Itália e por essa Europa fora, depois da guerra, aos colaboraram com o nazismo e o fascismo?
O 25 de Abril está a pagar muito caro a sua benevolência...
As eleições presidenciais portuguesas de 1958 realizaram-se no período denominado Estado Novo, o regime liderado pelo primeiro-ministro António de Oliveira Salazar.
O então Presidente Francisco Craveiro Lopes entrou em conflito com Salazar e não procurou obter um segundo mandato. O candidato do regime de Salazar e da União Nacional, o partido único, foi o ministro dos assuntos navais, almirante Américo Tomás. A oposição democrática apoiou o general Humberto Delgado, que concorreu como candidato independente numa tentativa de mudar o regime.
O escrutínio oficial deu 76,4% a Tomás e cerca de 23% a Delgado. A polícia secreta do regime, a PIDE, assediou os apoiantes de Humberto Delgado, e houve muitos relatos de fraude eleitoral.[1][2]. Delgado contestou os resultados e houve pequenas correcções, que depois de analisadas pelos tribunais retiraram cerca de 6000 votos a Américo Tomás[1].
No entanto, fosse qual fosse o resultado, o clima de medo, inevitável num país onde a policia política continuava a actuar abertamente, inevitavelmente condicionou as eleições de 1958. Os resultados chocaram a classe dirigente da ditadura, e em 1959 a responsabilidade da eleição dos presidentes passou a ser uma competência da Assembleia Nacional.
___________________________________
Jamais esquecerei aquela tarde de 8de Junho de 1958 (tinha eu 13 anos de idade) quando o radialista Artur Agostinho, na então Emissora Nacional, rejubilava com os resultados eleitorais (uma farsa), favoráveis ao candidato salazarista (corta fitas): Américo Tomás. Apesar das condecorações e homenagens de que foi alvo, em vida e depois da sua morte, o que me fica memória é o seu colaboracionismo com o regime fascista de Salazar. Disse
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Lamento alguns comentários.São injustos e denotam ignorância e parcialidade
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