PORTAS LEVA FORTE PUXÃO
DE ORELHAS, MAS MANTER-SE-Á ATENTO
Como se esperava o CDS meteu o “rabinho entre as pernas” e
prontificou-se a representar o papel que o PSD lhe atribuiu. Aliás, como já foi
dito e redito, o CDS nunca esteve, nem está, contra a austeridade nem contra as
medidas que injusta e brutalmente oneram o trabalho directa ou indirectamente.
O CDS apoiou-as e continua a apoiá-las. O CDS estará, isso sim, contra os
impostos que onerem os ricos ou que onerem os ricos em função da sua riqueza. Contra
isso o CDS está de certeza (basta ouvir Pires de Lima e Lobo Xavier). Mas não
está contra o confisco das pensões dos reformados (isso são “cortes na despesa”,
diz Portas) nem contra o confisco dos salários dos trabalhadores da função pública
(que também não passam de “cortes”), nem contra outros soezes ataques aos
rendimentos de quem trabalha e ganha pouco. Contra isso o CDS não está, assim como
não está contra os milionários subsídios que os colégios privados recebem do
Estado, nem a favor do controlo da utilização desses subsídios, nada fazendo,
por exemplo, para impedir que os patrões desses colégios obriguem os professores
a assinar uma carta impedindo-os de reclamar as várias horas lectivas que estão
a prestar a mais sem remuneração. Contra isso o CDS não está, mas está, e com
ele o seu pérfido Ministro da “Solidariedade Social", contra o subsídio social
de inserção recebido pelo “cigano” ou por quem é pobre por tanto um como outro
serem aos olhos do CDS suspeitos.
Portas, apesar de estar de alma e coração no Governo – o que
iria ele fazer a seguir? -, assustou-se com a manifestação e quis ficar com um
pé em cada lado, por temer as piores consequências. Depois percebeu que, para
já, não vai acontecer nada. Percebeu também que a convocação do Conselho de
Estado faz parte da encenação e talvez acredite ainda que a manifestação de
sábado pode ser assim algo parecido com a de 12 de Março do ano passado. Mas
continuará atento, para não voltar a ser apanhado de surpresa como foi em 2005 com
a demissão de Santana Lopes. Desta vez vai querer saltar fora antes que seja
tarde. Só que pelo próprio apego ao lugar e pela natural desvalorização dos factores
adversos acabará por se enganar no timing.
E é também essa certeza que o PSD tem sobre a natureza da coligação que vai
fazer com que esta nunca mais supere a crise em que está mergulhada não obviamente
por causa das deslealdades do CDS mas por força da rejeição popular da política
do governo.
Aliás, quem esteja atento aos sinais depressa concluirá que
do lado do PSD se quebrou definitivamente o vínculo mínimo de confiança que o
unia, no governo, ao CDS, mas concluirá também que em certos sectores mais
lúcidos do partido (e mais lúcidos não quer dizer necessariamente menos
reaccionários), não completamente comprometidos com o Governo, pelo menos na
aparência, começa a haver um ténue discurso alternativo que embora não fugindo,
para já, à matriz imposta pela Troika começa, na realidade, a dela se distanciar.
A ideia de falar com a Itália, tanto quanto se fala (melhor: se escuta) com a
Alemanha, a sugestão de exigência de juros mais baixos, a preocupação de não
afundar completamente a procura interna, enfim, são pequenos, pequeníssimos
passos, todavia indiciadores de que algo muito brevemente vai mudar.
O mais importante é saber quem vai protagonizar essa mudança.
Só que não se pode responder a esta pergunta sem primeiramente se perceber o
que é que o PS de Seguro quer…
Por vezes no wrestling há um ou outro golpe fora do combinado e um dos contendores sai magoado... mas depois passa...
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