A IMPUNIDADE A TODOS
PREJUDICA
Pelas vozes mais insuspeitas surge a confirmação de que os
partidos que compõem este Governo provocaram a intervenção da Troika em
Portugal como meio adequado para pôr em prática um programa de Governo que
noutro contexto não teria qualquer possibilidade de execução.
Depois de negociado o Memorando, que confirma e a estabelece
as bases de intervenção da Troika, sabe-se igualmente, sem margem para dúvidas,
que o Governo, com o pleno assentimento dos partidos que o compõem, por várias
vezes declarou que era preciso ir além da Troika. E assim o fez impondo medidas
que não constavam do Memorando e que tiveram um efeito devastador sobre o
emprego, as empresas, a economia no seu todo e sobre a vida das pessoas em
geral.
Há ainda sérias suspeitas de que algumas das medidas mais
gravosas decorrentes da última avaliação foram sugeridas pelo Governo e não
impostas pela Troika, apesar da brutalidade dos efeitos que tais medidas
necessariamente provocam.
Finalmente, há uma coincidência objectiva entre os interesses
dos credores e dos principais mandantes da Troika e o comportamento do Governo
português que na sua actuação, em dois anos de governação, jamais demonstrou,
antes pelo contrário, a menor preocupação pela defesa dos interesses dos
portugueses duramente atingidos pela crise, sistematicamente violentados por
medidas cada vez mais gravosas numa espiral agressiva que parece não ter fim.
Não interessa para este efeito averiguar se os principais responsáveis do
Governo actuam deste modo por convicção ideológica ou até por pura
perversidade, o que importa é concluir que aquela coincidência objectiva entre
os interesses de terceiros e a actuação do Governo é passível de juízo de
censura susceptível de tornar essa actuação subjectivamente culposa.
Desta actuação do Governo resultou um gravíssimo dano para a
economia portuguesa no seu conjunto, que vai precisar de muitos anos para se
recuperar da devastação de que foi alvo, dano esse traduzido em quebras brutais
da produção nacional e na consequente falência e destruição milhares de
empresas, no desemprego de quase um milhão de pessoas e na miséria de uma parte
já muito apreciável da população residente em Portugal.
Por outro lado, este Governo praticou vários actos contra o
Estado de Direito cujos princípios dolosamente viola com frequência e tem
também, juntamente com alguns dos seus mais conhecidos apoiantes, levado a cabo
uma campanha sistemática destinada à abolição desses mesmos princípios, tentando
inclusive pela chantagem e pela pressão ilícita impedir os tribunais de os
aplicar regularmente.
O Governo pôs também em prática uma política de destruição
sistemática dos direitos laborais para que os trabalhadores participem na
relação de trabalho despidos dos mais elementares direitos individuais e
colectivos de modo a torná-los presa fácil do arbítrio e da exploração
desenfreada.
Finalmente, o Governo e os seus principais apoiantes têm
levado a cabo uma acção conjugada, apoiada em manipuladoras campanhas de
opinião pública, de destruição do Estado e da administração pública em todos os
domínios. Esta acção, traduzida num violento ataque contra os funcionários públicos
e os reformados da função pública, vítimas de um tratamento arbitrário consubstanciado
numa escalada sem fim de espoliação de direitos e de expropriação de salários e
de reformas, embora aponte para os funcionários públicos como alvos
prioritários, o que verdadeiramente visa é a destruição do Estado, com particular evidência nos sectores de maior incidência social.
Esta devastadora acção governativa, sadicamente executada
nestes últimos dois anos, tem autores morais, executantes materiais, cúmplices,
“receptadores” e encobridores. Todos sem excepção têm de ser responsabilizados
e julgados pelos actos que praticaram.
As manobras de diversão, tipicamente vigaristas, que alguns
responsáveis políticos têm tentado pôr em prática exactamente nos momentos em
que há um recrudescimento dos ataques e se prepara uma nova e devastadora acção
contra a economia nacional, atingindo qualitativamente níveis ainda há bem
pouco tempo impensáveis, não podem nem devem confundir-nos, sendo antes elas
próprias um elemento importante da acção dolosa do Governo que procura, pela
sua exibição pública, desviar as atenções do essencial e refrear a rejeição popular
das medidas que se prepara para adoptar.
Também não ajuda à compreensão do que se está a passar
continuar a insistir na viabilidade de uma solução europeia diferente daquela
que realmente existe e que todos os dias é politicamente confirmadapelos "patrões" da União Europeia. Dizer que a política
de austeridade já não tem alunos nem professores é uma mistificação que a
realidade quotidinamente desmente. O que há na Europa, como ainda ontem se viu,
pelas declarações do Governador do Bundesbank, é uma reafirmação dos méritos da
política de austeridade em toda a linha, sendo inclusive de esperar que a
actual política do BCE, de relativo abaixamento da taxa de juro dos países
intervencionados, de facto ou de direito, bem como dos que se debatem com “défices
excessivos”, venha a ser alterada por uma política que deixe as taxas de juro
flutuar de acordo com a capacidade creditícia de cada país, exactamente para
evitar que se crie a falsa ilusão de que há dinheiro barato para quem já está
exageradamente endividado! E é muito mais provável que isto aconteça do que o
contrário. O contrário só poderia suceder no quadro de uma profunda ruptura
europeia que, de acordo com os dados que se conhecem, está muito longe de poder
acontecer. Ou dito ainda de outro modo: “por cima” nada de diferente acontecerá
nesta Europa neoliberal e hayekiana. Se alguma coisa de novo acontecer, isso
virá necessariamente “de baixo”. E nesse caso estarão os que confiam na Europa
dispostos a integrar essas consequências no seu futuro programa de governo?
Há muito que se tornava claro, mesmo sem estar no segredo dos Deuses, neste caso dos Diabos, o que agora está a ser assumido. Também era evidente que o Governo "encomendava" estudos e pacotes de medidas lançando o ónus para cima dos "nossos credores". Era, aparentemente,por exemplo, intrigante como a Troica esquecera a reforma autárquica constante do famigerado memorando!
ResponderEliminarTambém parece claro que os do Norte querem correr com o "magrebinos"; as declarações sobre a possibilidade, assumida e defendida sem rodeios, de uma replicação da solução do Chipre em Portugal e noutros parece ter como objectivo empurrá-los definitivamente para o precipício.
Como parece que o problema se está também a agudizar na França
e como os Alemães parecem ter uma especial atração pelo abismo (o que não quer dizer que não tenham as suas legítimas razões para as quais alertaram em devido tempo!!!) a solução da saída da Alemanha parece a "saída" mais fácil. Também me parecem lunáticos oos que pensam que seria possível manter-se o Euro para os restantes, agora com uma moeda à sua medida, da sua fraqueza e indisciplina. Isso seria pensar que os franceses são melhores que os alemães e os italianos melhores que os franceses etc, não, seria ou será a desagregação e a instalação duma atmosfera de ressentimento e ódios reavivados. Isto não mexerá, ou mexeria, apenas com os do Euro, por isso falta ver até onde os americanos vão tolerar que vá autonomia/desobediência alemã.
lg
É uma evidência, o plano maquiavélico posto em prática por este governo, comandado por mandantes da finança.
ResponderEliminarOutra vertente deste plano é a usurpação final de tudo o que é empresa pública, que faz serviço público, particularmente aquelas que são francamente rentáveis. Os CTT, as Águas, estão na calha…Só então (tarde demais!), o governo poderá abandonar o palco. A não ser que haja uma inversão, o que só será possível, nas condições que o caro JMC Pinto apresenta. O resto é ilusão!
A preparação do ano eleitoral não se faz de um dia para o outro. Tinha que começar cedo, caso contrário não haveria hipótese de dar, nesse ano, as célebres e costumeiras papas e bolos.
ResponderEliminarJR
Isso de pretender que sejam condenados pelos tribunais é lirismo (desculpe). Só se fosse um tribunal militar ou revolucionário, daqueles em que não há recurso.
ResponderEliminarNão gaste energias por aí! Sugiro DENUNCIE explicando o que é isso da nova LEI DAS SEMENTES já aprovada pela CE e que os parlamentares europeus estarão em vias de aprovar. Será verdade que, depois, se quisermos ter sementes, teremos de as comprar às multinacionais? Também patenteiam as sementes? Outra causa: a privatização da água: O DIREITO À ÁGUA não pode cair no terreiro do lucro. Poderemos não ter luz eléctrica, mas tendo sol, água e sementes sobreviveremos. O sol quando nasce, nasce para todos e a água e as sementes não podem ser aprisionadas pela lógica do lucro.
FJ
E os outros, Senhor Dr. José Manuel? E os outros que V. Exa., muito veladamente, acaba por branquear , por omissão, não devem ser julgados e condenados também? Os crimes contra o País só começaram há dois anos a esta parte? Com o devido respeito, tudo leva a crer que o Senhor Dr. tem o preconceito de siglas, isto é, só as CDS e PSD, representam agremiações com gente para julgar pelas malfeitorias e crimes que se vêm praticando no País, depois dos governos liderados pelo general Vasco Gongalves. As outras agremiações políticas, desde que sejam representadas por outras siglas, já só têm gente boa! Assim, para V. Exa. quem deve ser julgado e condenado por eventuais crimes cometidos não são os indivíduos, mas somente alguns, os que estão filiados em partidos que nos aparecem representados por determinadas siglas. Ficamos decepcionados, pois sabemos ser o Senhor Dr. um brilhante Professor de Direito Esse sectarismo que vem manifestando, há já alguns anos, em muitos dos seus artigos de opinião, desilude-nos, pois, por que não dizê-lo, se o viamos, como pertencendo às já raras reservas morais da Nação, se calhar, também não podemos contar consigo.
ResponderEliminarAceite os meus mais respeitosos cumprimentos.
Ora aí estão os arautos da direita, como este anónimo cavalheiro, que acha certamente muito bem a reposição da "verdade" tão violentamente destruída pelo general Vasco!
ResponderEliminarÉ isso que lhes faz cócegas na alma!
Pelos vistos, esta canalha é de compreensão lenta!
Eles sabem
ResponderEliminarmas não sonham
ou nem sabem nem sonham
Estive para não perder tempo com o mal educado e, sobretudo, ignorante e sectário do tal de j.cosme,pois se não fosse analfabeto tinha compreendido que o que lá está escrito é precisamente o contrário do que diz que afirmo, isto é, este indivíduo não compreendeu que o que está escrito é que o descalabro não começou , nem disso é culpado o general Vasco Gonçalves, mas com os senhores que a seguir vieram e se vai prolongando no tempo.
ResponderEliminarEstamos infestados de Cosmes
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