terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

UCRÂNIA


 IMPORTANTE É IDENTIFICAR O INIMIGO


Estava longe, muito longe, quando os últimos, e até agora mais significativos, episódios da batalha de Kiev pela conquista da Ucrânia tiveram lugar e nem sequer tive oportunidade de participar no debate que por cá se ia fazendo.

Limitei-me a acompanhar o desfile, em uníssono, das declarações que as televisões do “mundo ocidental” iam registando de Cristina Lagarde, de Durão Barroso, de John Kerry, de Obama, de Merkel, do secretário geral da NATO, do primeiro ministro polaco, dos “investidores de Wall Street, das agências de rating, enfim, da “Família”. E se por acaso não soubesse o que se passava teria ficado elucidado. Só estranhei que naquele coro de aplausos faltasse a voz do “Lampião” tanto mais que a “Maria Bonita” também andava feita tonta pelas praças de Kiev a falar de democracia…

Concluindo: a grande ameaça à democracia na Europa vem da União Europeia, ponta de lança do capital plutocrático, que não hesita em aliar-se aos herdeiros dos colaboracionistas de Hitler e a bandidos de profissão para integrar no domínio plutocrático dos seus mandantes mais uns milhares de quilómetros quadrados.


Por isso, hoje, perante a fragilidade das forças de esquerda, incapazes de se recompor da derrota sofrida nas últimas décadas do século passado, tudo o que se oponha ao neoliberalismo e à plutocracia do capital financeiro é estrategicamente positivo, mesmo quando protagonizado por forças de direita, pela razão muito simples de o dano causado por estas forças conservadoras aos ideais de esquerda ser incomparavelmente menos grave e muito menos duradoiro que o infligido pela forças que a União Europeia (e, obviamente, os Estados Unidos) representam, já que estas forças encerram no seu bojo a destruição por muitos, muitos anos, da ideia de democracia…como todos os dias se comprova e infelizmente se consolida apesar de esse inexorável movimento nem sempre ser compreendido pela generalidade das pessoas.

10 comentários:

  1. "...a grande ameaça à democracia na Europa vem da União Europeia, ponta de lança do capital plutocrático, que não hesita em aliar-se aos herdeiros dos colaboracionistas de Hitler e a bandidos de profissão para integrar no domínio plutocrático dos seus mandantes mais uns milhares de quilómetros quadrados."

    Isso!

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  2. "herdeiros dos colaboracionistas de Hitler"?
    Porque será que as tropas nazis quando entraram no sul da URSS foram encaradas por alguns como salvadores? O Vassili Grossman explica isso tudo e muito mais, no elogiado pelo Autor "Vida e Destino."
    O Ianukovich é de facto um grande democrata.

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  3. O Vassili Grossman não explica nada disso. Enfim, essa conversa nem adianta sequer começá-la... Quem disse que o Yanukovich era um grande democrata? O que está em jogo é muito mais complexo...

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  4. Explica sim senhor. Só um exemplo: conversa em casa da velha Khristia Tchuniak com o soldado Semianov, em que aquela lembra o paraíso que era a Ucrânia nos anos 30 (p. 560 da edição recente da Dom Quixote).
    Que nada é simples, que "o jogo é mais complexo" com certeza!
    Não me parece é que se possa resumir o que se passou a actos de bandidos e herdeiros dos colaboracionsitas dos nazis.

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  5. Insisto que a questão não pode ser posta assim nem um texto provocatório e proclamatório (sem fundamentação, apenas com afirmações) pode ser lido desse modo.
    Se tiver tempo, amanhã escreverei sobre o assunto num outro estilo, embora mantendo todas as afirmações do dito texto provocatório.
    Quanto a Vassili Grossman insisto que em parte alguma ele justifica o colaboracionismo de um pequeno e bem definido sector do povo ucraniano. Tenho noutro lado a tradução dos Guerra (que aliás não gosto) não podendo, por isso, consultar a citação feita, mas se for possível indicar o capítulo agradeço já que tenho aqui comigo outras traduções.

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  6. O episódio que refere vem no capítulo 51 , II parte (segundo manuscrito) ou no capítulo 50 (I manuscrito). Como disse não tenho aqui a tradução da D. Quixote, mas tenho a espanhola, a francesa e a da Inquérito. E a menos que os Guerra tenham encontrado um novo manuscrito, que desconheço, com que base se pode afirmar que os alemães foram recebidos ou tidos, por alguns, como salvadores? Pelo contrário, a crítica aos alemães é violenta: “Para eles nós não somos pessoas”. É claro que um grande escritor não pode ser por definição maniqueísta. Por isso, é perfeitamente natural que Grossman ponha também a velha a dizer que conheceu dois alemães que até não eram más pessoas. Mas os outros (a “espécie”) eram uns selvagens.
    De qualquer modo, a questão de fundo desse capítulo é a fome e tudo o que pode ela fazer. Como ela transforma quimicamente as pessoas, como as adultera humanamente. E como é óbvio não poderia sobre esse tema deixar de aludir-se à colectivização da Ucrânia e à grande fome que essa colectivização provocou. Mas mesmo aqui, Grossman, mais uma vez, faz o contraponto. “Os Kolkozes, diz a velha, os Kolkozes”, evidenciando como era a agricultura antes da colectivização. Mas logo o velho interveio lembrando que as pessoas contavam que os alemães acabassem com os kolkozes. Mas eles não o fizeram porque logo perceberam que os Kolkozes lhes eram muito úteis, tanto assim que até mantiveram ou criaram uma “burocracia” semelhante à que havia antes da invasão.
    O quadro em Grossman se move é sempre o do anti-totalitarismo. Não há nacionalismos, nem colaboracionismos que de perto ou de longe o entusiasmem. Essa não era a sua luta, nem minimamente acreditava nela.
    Há uma frase que, além de ser a chave de todo o capítulo, quase se poderia dizer que é a chave de todo o romance e quem não a tiver percebido não percebeu nada do que leu. Diz Grossman: “Nesse dia não foram as forças impiedosas de Estados poderosos que decidiram a vida e o destino de Semianov, mas um ser humano, a velha Krysta Tchuniak”.

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  7. O Vida e Destino é um livro,não encontro melhor palavra,avassalador.
    É claro que o livro é uma homenagem ao povo russo, vítima da agressão nazi. Mas é também e talvez sobretudo, uma denúncia de todos os totalitarismos, da omnipotência do partido, de que são exemplo as cenas com os físicos, Strum e os colegas do Instituto onde trabalha.
    Por tudo isto, bem se compreende a posição do ideológo do partido Suslov, ao explicar a VG por que é o livro não podia ser publicado: talvez daqui a 20, 30 anos, terá dito.
    Fico-me com uma das frases mais impressionantes, atribuída a Ikonikov, prisioneiro russo no campo de concentração alemão e adepto de Tolstoi: "vi o grande sofrimento do campesinato, embora a colectivizaçao fosse feita em nome do bem. Não acredito no bem, acredito na bondade."
    Sou um leitor habitual deste blog, admiro a sua escrita e clareza de pensamento embora nem sempre concorde com as suas posições. Cumprimentos.

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  8. para nem publicar , please
    esmeralda da luz

    À hora a que escrevo este comentário, ainda não estava lá a última edição do programa.

    Pode ser que, entretanto, a edição apareça.

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  9. gosto da sua escrita :é la tribune de lart...com
    o corazon a brafar, brafar , brafa ainda hoje como doze de azucar ...
    admirador de sevilha ,
    paco luz telas

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  10. Essa gentalha do Svoboda säo MESMO os "herdeiros dos colaboracionistas de Hitler" do UPA de bandeira, que limparam etnicamente os polacos da agora Ucrânia ocidental (Volínia e Galícia). Várias bandeiras do criminoso UPA de Bandera (vermelha e preta) vê-se bem atrás na foto).

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