A PROVA DE QUE PORTUGAL PERDEU A INDEPENDÊNCIA
A prova de que Portugal perdeu a
independência é tão óbvia, é uma prova que cai em cachoeira, como dizem os
brasileiros, que até se torna penoso evidenciá-la de tão evidente que ela é.
O PSD e o CDS, ou seja, Passos
Coelho e Paulo Portas, não põem em prática nenhuma política que eles possam
deixar de aplicar, o que não quer dizer que não estejam de acordo com as
políticas que aplicam. Estão. Mas todas lhes são ditadas pela União Europeia e
agora também pelo FMI, embora o que verdadeiramente conte sejam as imposições
da UE. A todas as questões a que não podem fugir, e incapazes de invocar argumentos
habituais de quem está fazendo as coisas por sua iniciativa, respondem dizendo
que tem de ser assim ou porque é o que está no Memorandum ou porque são essas
as obrigações decorrentes dos tratados aprovados ou dos regulamentos comunitários
ou das deliberações do Conselho Europeu.
Por outro lado, o PS não
apresenta nenhuma proposta política, absolutamente nenhuma, cuja exequibilidade
dependa da vontade do próprio partido. Todas as propostas apresentadas por
Seguro, Assis ou pelos que se empenham na busca de novos caminhos nos “Novos
rumos” dependem da União Europeia. Da sua aceitação ou aprovação pela União
Europeia.
Ora, um estado cujo governo não
dispõe politicamente de meios para pôr em prática as políticas que quer aplicar
ou que não está em condições de aplicar outras políticas senão aquelas que lhe
ditam, não é um estado independente ou, tendo-o sido, deixou de o ser!
AINDA SOBRE O MANIFESTO
Relativamente à dívida, o
establishment actua dividido e tenta pôr em prática duas tácticas diferentes.
O Governo está antes de mais
interessado em consolidar uma agenda ideológica que somente o endividamento e a
dependência externa lhe permitirão levar até ao fim. Mas o Governo sabe
perfeitamente que a dívida é insustentável. Quanto ao seu pagamento, a táctica
do Governo, embora não pareça, também é óbvia. Quer fazer tudo o que estiver ao
seu alcance para parecer credível aos olhos dos credores para numa segunda
fase, coincidente com a segunda legislatura, evidenciar a insustentabilidade,
negociando uma reestruturação ou pura e simplesmente beneficiando do precedente
entretanto aberto para a Espanha ou para a Itália ou para ambos.
Do lado dos subscritores do
Manifesto, a ideia que os guia é antes de mais impedir a consolidação da agenda
ideológica do Governo e romper com o unanimismo existente à volta da sua política. Subsequentemente tentar abrir uma clareira no seio da União
Europeia por onde possa abrir-se caminho à renegociação da dívida, embora
saibam que as propostas que apresentaram são insuficientes. São insuficientes,
mas são importantes como começo. O resto virá depois.
Neste contexto quem fica francamente
mal colocado é o PS oficial e os seus apoiantes oficiais e oficiosos. Porque ou
não dizem nada ou quando abriram a boca foi para dizer que o timing escolhido
para debater este assunto era inapropriado.
"Do lado dos subscritores do Manifesto, a ideia que os guia é antes de mais impedir a consolidação da agenda ideológica do Governo e romper com o unanimismo existente à volta da sua política. Subsequentemente tentar abrir uma clareira no seio da União Europeia por onde possa abrir-se caminho à renegociação da dívida, embora saibam que as propostas que apresentaram são insuficientes. São insuficientes, mas são importantes como começo. O resto virá depois."
ResponderEliminarEsse mérito, é o único, do manifesto. Para quem tem tanta fome, chega esse pouco!
BOA MALHA!