E lembrarmo-nos nós que este povo que elege esta gente é
feito da mesma massa daqueles que há umas décadas gritavam enfurecidos:
"Portugal é do povo não é de Moscovo!".
O que obviamente levanta quer se queira quer não o problema
dos limites da democracia como forma de governo. Hoje sacralizada e
dogmatizada, a democracia deixou de estar sujeita ao ciclo corrector das
degeneradas formas de governo. No passado a democracia degenerava-se e degradava-se
pela demagogia. Hoje, é pelo dinheiro, pelo mercado e o seu entorno. No fundo,
bem no fundo, as causas de degenerescência da democracia como forma de governo
tem a ver com o seu contexto. Com o modo como esse contexto condiciona e limita
gravemente as pessoas. Por isso remédio não estará, como alguns
dizem, em mais democracia, mas na alteração radical do contexto em que ela se
manifesta e actua. E para mudar o contexto vai ser necessário abrir um novo
ciclo.
Que, como sempre aconteceu, entregará o governo aos melhores. Sem isto queira dizer que o novo
ciclo não encerre igualmente perigos, desde logo o de os "melhores"
deixarem de atender ao interesse geral para atender ao interesse do grupo. Mesmo
assim é preferível abrir um novo ciclo quando a forma de governo vigente se
degenera gravemente. É que da regeneração da ruptura sempre fica algo bem mais
positivo do que a generalizada degenerescência que antes existia.
Este "espírito de Natal" é uma consequência (quase) directa do "som do silêncio", penso.
ResponderEliminarA esse nascimento chamaria eu segundo renascimento e sobre ele diria que urge.
ResponderEliminarMesmo que muitos sejam capazes de o ver com a mesma cegueira com que recusam garantias a quem odeiam, mesmo que fiquem nus.
Rogério...
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