OS MILITARES PEDEM MAIS TROPAS
Aumentam nos Estados Unidos as pressões do Pentágono para que, em nome de uma nova estratégia, sejam enviadas mais tropas para o Afeganistão. A conversa é a mesma de sempre: se não forem enviadas mais tropas a guerra perder-se-á e a responsabilidade, obviamente, será de quem não satisfaz as pretensões dos militares.
Simultaneamente cresce no seio do Partido Democrático e na população em geral um sentimento de rejeição de uma guerra que já dura há quase nove anos. Obama, aparentemente escudado nos sectores mais progressistas do partido e na opinião das pessoas em geral, vai retardando a resposta, lembrando que é preciso analisar a questão de várias perspectivas para não repetir erros passados. Enfim, vai dizendo exactamente aquilo que os militares não querem ouvir já que não estão nada dispostos a que se discuta na praça pública a nova estratégia que propõem para “vencer a guerra”.
Contrariamente ao que se poderia supor, constitui uma vantagem para Obama ter à frente da defesa uma personalidade vinda da anterior administração e, por isso, sem a força que poderia ter um nome saído do Partido Democrático. Não será a propósito exagerado recordar o nefasto papel desempenhado por McNamara na administração Johnson relativamente à guerra do Vietname. Aureolado de uma fama que o seu desempenho político não confirmou, McNamara enterrou os Estados Unidos na guerra do Vietname de forma irreversível, sem que Johnson tivesse tido qualquer margem de manobra para se lhe opor. Agora não se passa o mesmo com Robert Gates, não apenas pelo circunstancialismo que rodeou a sua chegada à Secretaria de Estado, depois da desastrada e criminosa política de Rumsfeld, mas também por vir da administração anterior, como já se disse, e se ter mantido relativamente discreto quanto ao pedido dos generais.
Pode acontecer que Obama não consiga resistir, tantas as frentes em que está empenhado, mas, resista ou não, o destino do Afeganistão está traçado: a NATO e os americanos vão ter de sair de lá mais depressa do que supunham e deixar Karzai com as suas batotas eleitorais e com a sua corrupção, esperando que, mais tarde ou mais cedo, as tribos afegãs acabem por se entender.
Aumentam nos Estados Unidos as pressões do Pentágono para que, em nome de uma nova estratégia, sejam enviadas mais tropas para o Afeganistão. A conversa é a mesma de sempre: se não forem enviadas mais tropas a guerra perder-se-á e a responsabilidade, obviamente, será de quem não satisfaz as pretensões dos militares.
Simultaneamente cresce no seio do Partido Democrático e na população em geral um sentimento de rejeição de uma guerra que já dura há quase nove anos. Obama, aparentemente escudado nos sectores mais progressistas do partido e na opinião das pessoas em geral, vai retardando a resposta, lembrando que é preciso analisar a questão de várias perspectivas para não repetir erros passados. Enfim, vai dizendo exactamente aquilo que os militares não querem ouvir já que não estão nada dispostos a que se discuta na praça pública a nova estratégia que propõem para “vencer a guerra”.
Contrariamente ao que se poderia supor, constitui uma vantagem para Obama ter à frente da defesa uma personalidade vinda da anterior administração e, por isso, sem a força que poderia ter um nome saído do Partido Democrático. Não será a propósito exagerado recordar o nefasto papel desempenhado por McNamara na administração Johnson relativamente à guerra do Vietname. Aureolado de uma fama que o seu desempenho político não confirmou, McNamara enterrou os Estados Unidos na guerra do Vietname de forma irreversível, sem que Johnson tivesse tido qualquer margem de manobra para se lhe opor. Agora não se passa o mesmo com Robert Gates, não apenas pelo circunstancialismo que rodeou a sua chegada à Secretaria de Estado, depois da desastrada e criminosa política de Rumsfeld, mas também por vir da administração anterior, como já se disse, e se ter mantido relativamente discreto quanto ao pedido dos generais.
Pode acontecer que Obama não consiga resistir, tantas as frentes em que está empenhado, mas, resista ou não, o destino do Afeganistão está traçado: a NATO e os americanos vão ter de sair de lá mais depressa do que supunham e deixar Karzai com as suas batotas eleitorais e com a sua corrupção, esperando que, mais tarde ou mais cedo, as tribos afegãs acabem por se entender.
5 comentários:
Meu caro Correia Pinto:
Aqui aparece de novo a sua tendência para assimilar a guerra do Afeganistão à do Vietnam. A diferença óbvia está em que no Afeganistão (e no Paquistão) assentou arraiais a força mais obscurantista do nosso tempo, à qual é necessário resistir(como , nos anos trinta, ao nazismo).Decerto, uma perspectiva puramente militar está condenada ao fracasso. Mas qualquer outra terá de ter em conta a necessidade de derrotar a Al-Qaeda, sob pena de irresponsabilidade. Também em 1939 muitos, do lado comunista, eram contra a guerra, por ser feita pelas nações "imperialistas". Só acordaram em 1941.Não queira assumir a mesma posição.
Há muito tempo que me contenho em não perguntar a um velho amigo meu, bloguista muito conhecido, qual a razão de um seu tique característico de escrita: porque não tecla um espaço a seguir ao ponto de fim de período.
Traiu-se agora neste comentário de anónimo, um anónimo afinal com muito interesse intelectual e profissional nestas coisas de História.
E não digo mais, deixo esta brincadeira a dois bons amigos meus, o JMCP e este anónimo bichado (já estou a ajudar...)
Meu Caro AMIGO (ANÓNIMO)
Não partilho a sua posição, apesar de a continuação da guerra poder levar a uma situação próxima da que refere. A chegada dos talibãs ao poder deveu-se á conjugação de dois factores, ambos muito negativos: a intervenção soviética e o apoio americano ao que havia de mais fanático no Afeganistão, como garantia de que somente com esse fanatismo os soviéticos seriam combatidos com êxito.
A presença militar americana e a tentativa de fazer do Afeganistão um Estado igual aos nossos está a agravar a cada dia que passa a situação. Tradicionalmente, o Afeganistão é constituído por um conjunto de tribos, com alguma supremacia de umas sobre outras, mas com algum equilíbrio de conjunto. Continuar a guerra, matando civis a torto e a direito, ou manter as tropas para “proteger as populações” (onde é que a gente já ouviu isto?), vai dar seguramente mau resultado. Fazer um acordo o mais rapidamente possível e deixá-los entender-se é o mais sensato, apesar de agora já tudo estar consideravelmente prejudicado.
Não confundo a guerra do Vietname com a do Afeganistão politicamente. A analogia que fiz é puramente militar.
CP
Caro JVC:
Enganou-se redondamente na identificação. Não sou bloguista.
No meu entendimento, muito simplista admito, não prevejo qualquer entendimento que não seja o regresso do regime dos "seminaristas". Os Ocidentais estão, de facto, num grande dilema: Por um lado, não podem continuar a guerra porque não conseguem convencer as suas opiniões públicas dos custos, sobretudo em vidas, e, por outro, o cenário pós-retirada também lhes causa calafrios. Provavelmente, irão adoptar uma posição tipo Zapatero - enquanto o pau vai e vem folgam as costas-
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