quarta-feira, 30 de setembro de 2009

CAVACO TEM CONDIÇÕES PARA CONTINUAR?


POLITICAMENTE ESTÁ MUITO VULNERÁVEL

A questão de fundo está detectada há muito, muito, tempo e tem sido aqui abordada múltiplas vezes sob diversos prismas a propósito de vários assuntos.
Cavaco não está emocionalmente preparado para actuar em democracia, ainda para cúmulo num sistema político como o nosso. É claro que na política, na política com oito letras, há traições, há golpes baixos, há perfídia, há mentira, enfim há muita coisa que desde tempos imemoriais a acompanha para além daquilo para que ela deveria ser e servir. Se alguém quer participar na vida política e não está preparado para nada disto, ou pior, não aceita nada disso quando é feito pelos outros e encontra sempre grandes justificações morais para coisas semelhantes feitas por si ou pelos seus, seguramente esse alguém está deslocado.
Em pouco mais de um ano Cavaco já pôs por duas vezes o país de prevenção para tratar de assuntos menores, assuntos a que atribuiu uma importância exagerada por, no seu entender, lhe dizerem pessoalmente respeito. Ora, o Presidente não está no desempenho de funções presidenciais para se desagravar de assuntos políticos que, segundo a sua pessoalíssima avaliação, o atingem. Essa é uma possível maneira de estar na vida privada, mas não na vida pública, ainda por cima ao mais alto nível.
E, como pode o Presidente temer que adversários políticos o manipulem? Que Presidente é este que tem de vir publicamente apresentar queixa contra deputados que em campanha eleitoral levantam a suspeita, falsa ou verdadeira, de que gente da sua Casa Civil colabora com o PSD? E que importância política é que isso tem? Se ele próprio acha isso natural ou acha que outros, no passado, acharam isso natural, como justificar a sua alocução de hoje a partir de uma declaração dessa natureza?
Cavaco, além do mais, altera propositadamente a ordem natural dos factos. Quem lançou desconfianças sobre o papel do governo na alegada vigilância da presidência foi um assessor do presidente que foi, clandestinamente, entregar ao Público um dossier sobre o assunto, inclusive com recomendações técnicas sobre como proceder jornalísticamente. E é também sabido que a gente do Público – que Cavaco abandonou completamente à sua sorte – diz que esse assessor vinha a mando de Cavaco. Cavaco pode negar, como negou, que tivesse dado essa ordem, mas não pode negar que o início desta “história” tenha começado em Belém. Como não pode negar aquilo que dizem todos os jornalistas que conhecem Fernando Lima: que ele não é homem para invocar o nome do Presidente em vão!
Portanto, Cavaco agravou irresponsavelmente o clima com São Bento com base numa questão menor e criou, agora com toda a propriedade, um clima de suspeição sobre o futuro relacionamento do Presidente com o Governo. Quem acredita agora, depois desta declaração, que o PR vai agir com imparcialidade? Quem acredita agora que o Presidente não fará sobrepor as suas querelas pessoais com o governo ao interesse nacional?
Finalmente, Cavaco, tendo suspeitas ou dúvidas, sobre a vulnerabilidade do sistema informático da Presidência da República não agiu responsavelmente ao estar tanto tempo sem cuidar de resolver o assunto e menos ainda agiu quando deixa essa suspeita a pairar na opinião pública. De facto, há vulnerabilidades incontornáveis, seja em Belém, na NASA, no Pentágono ou na Casa Branca e há vulnerabilidades evitáveis. Sem esclarecer a que vulnerabilidades se refere e deixando no ar a possibilidade de poder estar a ser vigiado ou de não estar a coberto dessa possibilidade, Cavaco é mais uma vez o agente de instabilidade que o país não necessita.
A doze meses do fim do mandato, Cavaco está vulnerável e tem poucas ou nenhumas condições para arbitrar a vida política nacional. Por isso, a eleição presidencial está, como não pode deixar de ser, na ordem do dia.

4 comentários:

Anónimo disse...

Enervam o homem... depois asnia. É muito chato. "Até abro uma excepção" - dizia ele. Mas qual excepção? A parvoice foi igual. Se não fosse perigoso até podia alternar com os Gatos.
Tamos fod*d++ co gajo.
Hoje fica anónimo para ver se adivinhas.
Abraço.

Anónimo disse...

O homem não está emocionalmente preparado para actuar em democracia? Estás muito benevolente. Nem está emocionalmente, nem culturalmente, nem intelectualmente, nem NADA!
Abraço.

João Manuel Vicente disse...

O Dr. Jaime Gama lá terá de fazer mais cedo ou mais tarde o favor de interinamente assumir a PR...até às novas presidenciais antecipadas.

Anónimo disse...

Subscrevo inteiramente.
Apesar de Cavaco já nos ter habituado a estas faltas de jeito para lidar com o exercício da função de PR, mesmo com as coisas menores que dele resultam, fiquei atónito ao ouvi-lo ontem. Mais parecia uma análise política de um líder partidário do “fundo da tabela”. Como é possível “abrir excepção” para dizer o que disse?
A das vulnerabilidades da rede informática foi patética! Como o ZM diz e muito bem, haverá alguma rede que o não seja? Se até na NASA já entraram…! Só não entrarão na do PR, mesmo depois das seguranças que vai introduzir, se não quiserem ou, então, por temerem que o que lá iriam encontrar seria muito enfadonho e sem interesse nenhum.
Depois deste facto superveniente, que veio alterar substancialmente as circunstâncias, ponho a hipótese de repensar a minha opinião, há tempos aqui expressa, quanto à sua reeleição. Por enquanto, ainda é cedo.

JR