terça-feira, 2 de março de 2010

"SINAIS DE FOGO" - II



A “”ENTREVISTA” DE GONÇALO AMARAL

Já se percebeu que o autor do programa “Sinai de Fogo” não escolhe os seus convidados para uma entrevista, mas para um debate, em que cada uma das partes expõe as suas teses e apresenta os respectivos argumentos em sua defesa.
Em princípio nada a opor. Assim, é tudo mais claro. Em vez de uma entrevista aparentemente neutral (hipocritamente justificada pelo interesse dos telespectadores, mas que na realidade nunca é, servindo a falsa neutralidade apenas para veicular as opiniões dos entrevistadores), o autor do programa assume claramente que está ali na defesa de uma tese que quer ver confrontada com a do seu convidado. Porém, tudo depende do estatuto do convidado. Haverá certos convidados relativamente aos quais o A. do programa não tem estatuto que o legitime para o debate. Refiro-me a todos aqueles que, estando legitimados pelo voto popular, vão ao programa para falar sobre assuntos relacionados com o exercício da sua função ou de questões ocorridas por ocasião do exercício delas.
Não era esse o caso hoje. O convidado era Gonçalo Amaral, o homem da Judiciária, hoje reformado, que dirigiu no Algarve dois casos de desaparecimento de crianças.
Se dúvidas houvesse sobre a responsabilidade da Judiciária no insucesso das respectivas investigações, elas teriam ficado definitivamente dissipadas no programa de hoje. Gonçalo Amaral, que já tinha demonstrado a sua inaptidão para investigações daquela natureza, nunca deveria ter sido escolhido pelo Judiciária para dirigir a investigação policial num caso idêntico.
Ficou a nu, no referido debate, que o dito polícia partiu para a investigação com uma tese preconcebida e que essa tese foi extraordinariamente amplificada nos meios de comunicação social por elementos ligados à polícia e por jornalistas desonestos ou estúpidos que acriticamente a veicularam durante meses a fio.
Nada ou quase nada do que Amaral disse tem consistência e, por isso, não admira que a investigação tivesse sido um desastre.
Será que as diversas entidades de investigação criminal apenas sabem investigar com base na confissão, começando a legitimar-se a ideia de que todos os meios são bons para a obter?

4 comentários:

Jorge Almeida disse...

Quanto à escolha de Gonçalo Amaral para dirigir a investigação policial nos 2 casos, será que a Judiciária, no Algarve, tinha, disponível, alguém mais competente que ele?

Será que se consegue arranjar alguém mais competente que ele para fazer o trabalho nas condições remuneratórias, de trabalho em geral, e de meios de investigação, que a Judiciária actualmente oferece?

Porque é que o autor do programa não chama o Director Nacional da Judiciária e o Ministro das Finanças (o homem da massa) para debater a situação dos meios humanos e materiais da Judiciária? Não seria um debate mais interessante?

Em termos do debate em particular, no pouco que vi, vi um apresentador mais concentrado em cortar a palavra do convidado a meio que interessado em que o convidado se defendesse. Terei tido azar, e ter visto a parte pior do programa? Quando é que o pessoal da TV entende que as respostas demoram o seu tempo a serem dadas?

Tenho a confessar uma coisa: Pessoas que têm opinião sobre tudo e todos, como é o caso de Miguel Sousa Tavares, "não me caem no goto". Trata-se, sem duvida, duma pessoa culta, mas que se desgasta muito rapidamente ao emitir opinião sobre tudo e sobre todos. Muitas vezes, emite opiniões sem saber do que está a falar, e com aquele ar doutoral que põe em tudo o que diz e escreve.

jvcosta disse...

"Ar doutoral"? Apesar de eu ser doutoral, admito esse qualificativo de MST, mas no quadro mais fundo de menino bem mal educado, arrogante, birrento, vaidoso. Na única vez que falei com ele pessoalmente, lembro-me bem de ter ficado com vontade de lhe dar o tabefe que lhe deve ter faltado (isto é figura de estilo, porque nunca bati nos meus filhos).
E um homem que faz guerra para invocar como direito universal o seu vício do cigarro devia ter vergonha.

Anónimo disse...

A moeda tem sempre duas faces :
numa , a delinquência investigatória; noutra , a Anestesia Social com consequente Obesidade Mental !!!

http://www.asmeninasquevieramdasestrelas.com/index.html/

Anónimo disse...

O programa deveria ter um título qualquer coisa como "MST frente a frente com ...."