quinta-feira, 25 de março de 2010

GRÉCIA: DERROTA DA EUROPA EM BRUXELAS




EUROZONA CHAMA FMI

A Grécia quer o dinheiro de qualquer jeito. Com a corda na garganta e os juros a subirem todos os dias, tudo o que para ela seja dinheiro ou promessa de o obter é bom. Ou tem que dizer que é, para uso interno.
Sócrates também se congratulou com a “ajuda” à Grécia. Parece que ficou mais tranquilo. Em caso de incêndio já sabe onde ir buscar os primeiros socorros.
Mas é óbvio que a solução hoje acordada em Bruxelas é apenas o começo de um processo de decomposição: falta saber se da zona euro, se da União Europeia, se das duas.
Admitir a participação bilateral dos Estados (de alguns Estados), apenas em último recurso, e fazer intervir o FMI, com dinheiro e com chicote (na linguagem neoliberal sinónimo de disciplina) na zona euro, é o mesmo que diagnosticar-lhe uma doença grave de desfecho fatal, mais tarde ou mais cedo.
Além de o FMI ser das instituições mais desacreditadas mundialmente pelos inúmeros erros técnicos que tem cometido, sempre por obsessão ideológica, a sua presença é também a confirmação de que a Europa não passa de um espaço de comércio livre, onde o capital financeiro adquiriu uma hegemonia sem contestação, que todos aceitam, quaisquer que sejam as consequências das suas acções sobre da vida das pessoas.
Desde há pelo menos dois séculos e meio que nunca se tinha assistido a um mundo tão resignado à sua sorte, como nestes últimos vinte anos. Será que isto vai continuar assim? Terá o capitalismo moderno anestesiado de tal modo as pessoas que as tornou absolutamente incapazes de lutar contra o que se está a passar?

3 comentários:

Anónimo disse...

Para todos se tornará evidente que o Conselho se limitou a parar antes do abismo. Para mim torna-se também claro que daqui em diante e até à refundação constitucional (o que incluirá necessariamente normas programáticas de política económica e social) a UE será um grande camião rolando declive abaixo em ponto morto.
Acredito que o único combustível capaz de repor o veículo sob controlo é a coesão.
Sem ela, para que serve a UE?

jlsc

Anónimo disse...

Tudo o que se está a passar foi previsto por economistas e outros que avisaram. O voluntarismo e a convicção de que ninguém entre os que contam deixaria que o processo descambasse impuseram-se. Não será muito correcto assacar todas as culpas à Alemanha. Ainda ontem, num painel de uma televisão Francesa, um comentador francês reconhecia que do outro lado do Reno estava a ficar difícil não reagir ao "direito natural" dos franceses de levar à prática os Tratados segundo os interesses do momento incluindo os eleitorais. Quando das últimas eleições autárquicas em Portugal discutia-se numa vilória alentejana a capacidade financeira da autarquia para executar obras obras bizantinas e de uma dimensão verdadeiramente faraónica. Aos avisos dos que achavam que os encargos eram incomportáveis respondiam uns velhotes: Olha que porra, depois da obra feita o que é que podem fazer, levar a Câmara à falência? A Câmara neste momento anda a pedinchar as fornecedores de artigos de limpeza e outros que permitam abrir as portas e as obras estão paradas. Este episódio, real, parece-me uma metáfora do país, e nem sou dos que pensam que o "TGV" devia ser abandonado. O problema foi a gestão corrente, a "gaspillage", a corrupção sob a múltiplas facetas. Isto conjugado com as assimetrias de desenvolvimento económico e, sobretudo, cultural, não podia ter um desfecho feliz, para mim sempre foi uma questão de tempo.

Anónimo disse...

Sobre esta problemática e para os menos entendidos (não é o caso do auto do Blog) que por aqui passem. sugiro ver: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16452

lg